Para promover uma educação familiar mais eficaz é preciso melhorar as relações familiares, devendo ter-se em atenção a forma como se comunica, porque a qualidade da relação entre pais e filhos contribui para a construção da confiança recíproca e para que os filhos se sintam afetiva e intelectualmente mais confiantes.

A comunicação constrói -se no dia a dia, pelo que todas as situações da vida são boas oportunidades para o fazer corretamente.

Compete aos pais escolher o momento mais propício para as conversas, aproveitando momentos de descontração e evitando os tons formais com “ordem de trabalhos” anunciada. Contudo os pais devem conhecer, aceitar e respeitar as idiossincrasias dos filhos. Os filhos disponibilizam-se para comunicar nos momentos em que julgam oportuno, quando sentem que estão em condições de o fazer e não quando os pais decidem que assim tem de ser.

Na comunicação com os filhos, os pais devem expressar-se com confiança e franqueza sobre as mais diversas questões e utilizar mensagens claras e inequívocas, evitando ambiguidades, mal-entendidos e confusões, utilizando uma linguagem fundamentada, racional e convincente, construtiva e útil, adequada à idade dos filhos, procurando  a compreensão dos motivos para os seus comportamentos e encontrar decisões acerca das quais possam chegar a acordo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para educar participativamente, os pais devem encontrar tempo para falar com os seus filhos. A qualidade desse tempo é muito importante. Os pais devem rejeitar modelos demasiado rígidos de relação e encorajar os filhos a exprimirem as suas opiniões e ideias, demonstrando empatia, interesse e respeito pelas suas opiniões e sentimentos. Em caso de discordância, devem propor alternativas às perspetivas dos filhos, tornando mais fácil que eles compreendam e reflitam sobre o que os pais lhes querem transmitir e, construindo um ambiente acolhedor e aberto ao diálogo. Desta forma, os pais também preparam os filhos para interagir com os outros, de forma mais saudável, ao longo de toda a sua vida.

A boa comunicação entre os pais e os filhos beneficia toda a família.  É importante que os pais incentivem o diálogo, proporcionem momentos e espaços para partilha de dúvidas, experiências, ideias e sentimentos, estimulando a discussão e comunhão de pontos de vista, expressando a sua perspetiva de adulto e reconhecendo a da criança ou do adolescente, e procurando a construção de decisões em conjunto com eles. Se os filhos se sentirem escutados e participarem na tomada de decisões, verão que são respeitados e mostrar-se-ão igualmente respeitadores para com os pais.

A falta de tempo para conversar é um desafio dos dias de hoje. Uma forma de lidar com a correria da rotina é definir momentos específicos de convivência de qualidade para o diálogo em família. Podem ser, por exemplo, por ocasião das refeições, à hora do almoço ou do jantar, criando um ritual familiar que pode ser adquirido e perpetuado na rotina diária familiar, tal como assegurar que toda a família se reúne à mesa, acordando entre si que, durante que este momento, se conversa, nomeadamente sobre o dia, em que cada um fala sobre uma coisa que correu bem no seu dia e uma coisa que correu mal. Durante este período, não existem distrações como, por exemplo, televisões ligadas, observação de telemóveis. A ideia é utilizar o momento escolhido para se reunir a família e conversar sobre qualquer assunto, tornando a relação e a convivência em família em momentos que se tornam mais serenos, agradáveis e enriquecedores, promovendo o bem-estar de todos.

Tudo o que os pais dizem ou não se dizem, tudo o que os pais fazem ou não se fazem, tem um propósito comunicacional. Muitas vezes, os pais, através da expressão dos seus olhos, dos seus gestos e das suas posturas dizem mais do que por palavras, comunicando sem precisar de falar. Por vezes, os gestos agitados dos pais, as suas posturas impositivas, o tom de voz elevado, o ritmo rápido da conversa, a sua expressão facial crispada, a sua respiração ofegante, entram em contradição com as palavras que proferem e, sem se aperceberem, os pais não transmitem de forma segura aquilo que pretendem deixando, muitas vezes, os filhos confusos e inseguros.

A expressão comunicacional afetiva entre pais e filhos é determinante para o desenvolvimento das crianças e adolescentes e para o bem-estar de toda a família.