A União Europeia, através da organização de um sistema pseudo-federal e  dos Estados-membros, tem procurado responder às grandes potências mundiais, mas sem grande sucesso. A potência europeia está estagnada. Esta  estagnação deve-se a uma patologia crónica que enfrenta toda a construção  da sociedade.

A Organização Mundial de Saúde define patologia crónica como uma  “doença de lento desenvolvimento e longa duração” necessitando de  tratamentos “longos e complexos”. A patologia crónica da Europa é a  inexistência de um modelo consensual da instituição familiar.

Denotar que há inúmeros problemas que a União Europeia tem de resolver  desde o plano organizacional ao financeiro, mas não serão alvos de  investigação neste artigo.

Costuma-se dizer que a família precede o Estado. Este entendimento é  correto porque o ser humano é, por natureza, pessoa-em-relação. Como tal,  desde o seu nascimento que procura se relacionar com outros entes da vida  social. O Estado tem como função regular as relações de modo que a  sociedade não se regule pela “Lei do Mais Forte”.

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É, portanto, assumidamente importante o papel daquilo que é a instituição  familiar. As grandes sociedades e os mais fortes impérios começam na  família e acabam no Estado, como um todo.

Ora, a União Europeia vive, atualmente, na época da “individualização do  indivíduo”. Perdeu-se a cultura familiar. É correto afirmar que há países onde  a raiz da família está mais presente do que em outros Estados-membros, mas  ainda assim não são consensuais entre si.

Não sendo a família uma preocupação da União Europeia, essa  despreocupação resultará numa Europa menos forte e credível aos níveis  educacionais, económicos, sociais, etc. Hoje, as famílias lutam sozinhas pelo  que acreditam, com uma União Europeia lhes virou costas criando poucas e  (quase) irrelevantes medidas de apoio – e se foram criadas, não se ouviu  falar.

A solução que a Europa tem encontrado para a estagnação passa por ignorar  a família e premiar o cidadão. Contudo, há um erro lógico-dedutivo neste  pensamento. Veja-se que se o cidadão é criado no seio familiar, a

preocupação do Estado deveria ser ajudar o núcleo original de onde o  cidadão é educado.

Só haverá consenso naquilo que é o cidadão europeu quando há  entendimento daquilo que é a família europeia. Não o contrário.

Esta patologia levou à estagnação europeia no mundo da política externa e  das relações internacionais. Não havendo consenso na família e cidadão  europeu, não há, certamente, no líder europeu.

Angela Merkel foi a que melhor vestiu o papel daquilo que é um verdadeiro  líder europeu, capaz de enfrentar os outros sujeitos do mundo internacional.  Através da crença e respeito pela família, a ex-líder da União Democrata Cristã foi a figura que o povo europeu mais respeitou e acreditou.

Infelizmente, hoje, após o crescente movimento individualista, a Europa não  tem figuras de referência consensuais entre os Estados-membros e o povo  europeu. Emmanuel Macron tentou suceder a Merkel, mas a desorganização  imposta no país que governa não transmite confiança às instituições  europeias.

A patologia será tratada através da restruturação dos valores e prioridades europeias. Só assim a Europa é capaz de encarar as grandes potências  mundiais.