Estamos a viver um tempo de muita tensão e agressividade no Mundo.

As guerras estão muito próximas do nosso dia a dia, seja por se encontrarem geograficamente mais perto de nós, seja porque assistimos quase in loco, a tudo o que se passa no seu desenrolar.

Vemos os ataques diários, o sofrimento das populações e mesmo a morte quase em direto, e isso é também um fator que aumenta a nossa tensão e agressividade sobre todos aqueles que estão ao nosso lado.

A discussões, políticas e sociais, assumem a forma de guerras intensas em que nos digladiamos para obter uma vitória sobre o outro, sem sequer considerar se o resultado obtido seria melhor ou pior, mas apenas pela realização imediata que nos dá essa vitória.

As opiniões diferentes tornam-se bandeiras absolutas e intolerantes que não se aceitam nem se escutam, apenas se contradizem de forma a obter uma vitória sobre o seu oponente e, com isso, esperamos conseguir uma sensação de ganho que nos permita ultrapassar a frustração que experimentamos de não sermos felizes.

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É estranho que um Mundo que tem milénios de existência, que vem crescendo em saber e em conhecimento, que foi capaz de criar modos de vida cada vez melhores, que afirma valores de verdade justiça e liberdade, ainda não tenha compreendido que aquilo que é mesmo fundamental é a felicidade, e que esta apenas é possível quando dedicamos ao outro a nossa capacidade de dar e de ajudar a crescer.

A frustração leva-nos à tensão e à agressividade, reforça em nós o medo de aceitar a opinião dos outros, leva-nos a lutar e a odiar quem não concorda connosco, mas nada disto nos poderá dar a felicidade.

Pelo contrário a reação oposta, de se dedicar a cuidar do outro, de respeitar as outras opiniões e de aceitar e tolerar as ideias diferentes, é aquilo que nos leva à verdade à liberdade e à justiça.

É esta a essência da democracia e é esta a razão por que vale a pena lutar por ela.

O debate político não pode continuar a ser feito com base nos defeitos e qualidades de cada interveniente.

Não pode ser mais importante do que a ideia, a forma como ela é apresentada ou a pessoa que a apresenta.

Temos de parar e recuperar o caminho que nos fez chegar aqui.

A criação das democracias ocidentais, que nos permitiram atingir a qualidade de vida que quase todo o resto do Mundo ambiciona, ainda que tenha muitas deficiências, é uma enorme mais-valia que não podemos perder.

É fundamental voltar a reconhecer o mérito da criação da riqueza, que foi conseguida com as soluções criadas nestas sociedades, mas é também fundamental compreender que é focando-se na sua distribuição que vamos ser capazes de continuar a fazer o caminho de desenvolvimento, essencial ao desenvolvimento de cada cidadão e de cada país.

É também fundamental não permitir que se fuja à verdade.

Não é fingindo que as coisas não acontecem que nos livramos delas.

Não enfrentar a realidade e inventar novas realidades que não existem nunca poderá ser o caminho.

Não será nunca a discórdia, nem o extremar de posições que nos levará a conseguir avançar.

Não é a intolerância, seja por razões de esquerda ou de direita que nos voltará a colocar nesse bom caminho.

Nunca é partindo que se cresce, é sempre juntando que se faz melhor.