Nas últimas décadas, tem-se disseminado a ideia de que partidos de direita devem alinhar-se à agenda cultural da esquerda mais radical para manterem relevância. Este mito ignora os valores dos seus eleitores e é desmentido pelo crescente cansaço, na Europa e mais recentemente nos EUA, perante os excessos culturais promovidos por elites sem problemas de acesso à saúde ou ensino (por exemplo). Defendo que os partidos democráticos do centro devem posicionar-se como uma alternativa sólida, defendendo valores essenciais e respondendo às reais aspirações da sociedade.
Em Portugal, temas como imigração, liberdades e garantias, e a própria liberdade de expressão raramente são debatidos de forma livre, devido ao receio de acusações de “racismo” ou “fascismo”. Estes assuntos tornaram-se tabus, abrindo espaço para discursos de extremos que ganham terreno à custa da inação dos partidos moderados. O resultado é hoje termos uma sociedade polarizada, onde o diálogo se perde e os extremismos prosperam, o que per si é uma ameaça à estabilidade democrática de Portugal.
A meu ver, enfrentamos o desafio de abordar estas questões com responsabilidade e sensibilidade, sem ceder a pressões ideológicas. Movimentos de cancelamento e políticas identitárias dividem a sociedade e desviam o foco dos problemas reais, muitas vezes promovem conflitos artificiais criados pelas elites. Em vez disso, é preciso concentrar o debate em soluções concretas que respondam às dificuldades quotidianas do “país real”.
A imigração é um tema central que já molda quadros eleitorais. Na Europa e nos EUA, a ausência de um debate pragmático sobre esta questão tem levado muitos cidadãos a apoiar forças políticas radicais. Em Portugal, o silêncio em torno da imigração beneficia discursos extremistas e prejudica a democracia. É urgente abrir o espaço para uma discussão aberta e equilibrada, que reconheça os desafios e benefícios da imigração, sem preconceitos ou extremismos.
Os partidos responsáveis enfrentam o desafio de abordar estas questões com coragem e transparência, mantendo-se fiéis aos princípios democráticos. As políticas devem focar-se tanto nas necessidades económicas como nos valores culturais da sociedade portuguesa, reconhecendo as preocupações do povo e procurando soluções realistas para os problemas do dia a dia.
Em análise, reconheço ao Governo a capacidade para lidar com os problemas que afetam diretamente os portugueses. O objetivo não é adotar agendas progressistas ou conservadoras, mas sim defender uma política baseada na liberdade individual, no respeito pela diversidade de opiniões e na preservação dos valores democráticos. Rejeitar a cultura de cancelamento e promover um diálogo plural é essencial para encontrar as melhores soluções e continuar a resolver os problemas de Portugal.
É possível construir uma sociedade inclusiva que respeite a liberdade e os valores fundamentais, sem cair em radicalismos que apenas dividem e empobrecem o debate público. Um partido comprometido com o equilíbrio social e a liberdade de expressão deve assumir a responsabilidade de liderar este esforço, promovendo discussões abertas e pragmáticas sobre os temas que dividem a sociedade portuguesa. Apenas assim poderá afirmar-se como um verdadeiro representante dos portugueses e como defensor de uma democracia forte e participativa.
No final, o que está em jogo não são apenas políticas específicas, mas a essência da democracia portuguesa, onde a liberdade e o respeito pela diversidade de opiniões devem ser protegidos e valorizados. É fundamental que os partidos do arco da governação continuem a defender estes princípios, garantindo que Portugal seja mais justo e democrático para todos.