A rápida evolução digital tem trazido uma infinidade de benefícios para a sociedade, revolucionando a forma como trabalhamos, comunicamos e interagimos. O setor tecnológico tem sido um motor impulsionador da inovação e transformação, porém, cresce como uma área muito jovem e que revela uma elevada falta de diversidade geracional nas suas empresas. Segundo um estudo da Eurostat, Portugal está mesmo acima da média europeia no que respeita à diferença etária neste ramo, com as pessoas com menos de 34 anos a ocuparem 77,9% dos cargos.

Mas esta diferença tem nome. O idadismo é um tipo de discriminação baseada na idade, onde as pessoas são alvo de estereótipos e excluídas ou tratadas de forma injusta. Este preconceito manifesta-se de várias maneiras, por exemplo, através da ideia de que são menos capazes ou produtivas, dificultando a sua contratação e promoção. No caso do setor das TI, existe mesmo a crença de que a tecnologia é dominada apenas pelos jovens e que os profissionais mais experientes não têm as competências necessárias para ingressar neste ramo e neste desafio.

Esta é claro uma ideia errada, mas que surge até quando estes profissionais decidem mudar de emprego ou procurar oportunidades de crescimento dentro deste mesmo setor, como se já não fossem a tempo de progredir. Por outro lado, pode acontecer que este talento encontre dificuldades em coexistir com cargos de chefia mais jovens se a sua experiência for vista erradamente como concorrente em vez de valorizada.

É esta a visão que prejudica a inclusão e retenção de talento valioso nas equipas tecnológicas, que desperdiça o potencial de indivíduos que apresentam uma vasta experiência e que impede que a diversidade geracional seja vista como um elemento-chave para a tomada de decisões eficazes e para a criação de um ambiente de trabalho dinâmico e equilibrado. Mas como pode ser alterada?

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É preciso que as empresas, nomeadamente as tecnológicas, percebam que a mistura de visões e perceções provenientes de diferentes faixas etárias são fontes valiosíssimas de inovação e resolução de problemas. É ao terem uma força de trabalho que abrange diferentes faixas etárias que estas organizações conseguirão aproveitar e aliar uma riqueza de conhecimentos e experiências. Será através da combinação dessas visões que chegarão a resultados mais abrangentes e relevantes, com os profissionais mais velhos a poderem trazer uma compreensão aprofundada dos desafios do mundo real, enquanto os mais jovens oferecerão uma mentalidade ágil e conhecimento atualizado das últimas tendências tecnológicas.

Surge a urgência das empresas tecnológicas promoverem a diversidade geracional, sendo para isso fundamental implementarem políticas internas eficazes. Primeiramente, devem estabelecer diretrizes claras que proíbam a discriminação com base na idade e que incentivem a contratação e a retenção de profissionais de todas as faixas etárias. Além disso, é importante fomentarem a aprendizagem contínua e a atualização de competências tecnológicas de todos os colaboradores, independentemente da idade, garantindo que toda a estrutura tem acesso às mesmas oportunidades de desenvolvimento.

Cada indivíduo possui um conjunto único de competências, experiências e perspetivas, que contribuem para o crescimento e sucesso de uma organização tecnológica. A inovação neste setor deve sim ser um catalisador para uma sociedade inclusiva, onde o idadismo é combatido e a diversidade geracional valorizada, através da criação de ambientes de trabalho dinâmicos, equilibrados e verdadeiramente igualitários.