O 25 de Abril consagrou a liberdade de expressão, a igualdade de oportunidades e a participação democrática.

A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprovou e decretou  a  Constituição da República Portuguesa. Na alínea c) do Artigo 9º , da Constituição da República Portuguesa, pode-se ler: “Defender a democracia política, assegurar e incentivar a participação democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais”.

No artigo 37.º da constituição Portuguesa, “Liberdade de expressão e informação”: 1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações. 2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura. 3. As infrações cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respetivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei. 4. A todas as pessoas, singulares ou coletivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de retificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos.

Não pretendo dar uma lição de direito, mas defendo a participação democrática em associações, sindicatos e partidos políticos. Ora, 50 anos do 25 de abril, não me parece que a democracia esteja em risco, mas existem muitas pessoas coletivas que, nos seus órgãos não apresentam posturas democráticas: a saber, não cumprem os estatutos e regulamentos que criaram, e quando são questionadas sobre este facto, reagem de uma forma pouco democrática levando os leigos a pensar que a democracia é a verdade absoluta só de alguns. Por vezes inclusive alegam ataque pessoal, e não percebem ou não querem perceber que estão em situações de incumprimento porque não querem ser escrutinados, e em muitas situações prolongam os seus mandatos sendo estanques  à renovação e implementação de novas estratégias de acordo com o desenvolvimento da sociedade, e dos seus problemas.

Algumas pessoas coletivas, que representam os trabalhadores, são resistentes à entrada de novos representantes de trabalhadores. Mais uma vez não existe renovação geracional, nem abertura para a entrada das novas profissões que entretanto surgem nestas estruturas. Assim, este procedimento permite o aparecimento de novas estruturas que são rejeitadas pelos atores do sistema, abrindo assim um fosso social, uns são os instalados,  os outros representam as novas gerações,que para se afirmarem têm mais dificuldade de aceitação.

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Se passar por uma manifestação dos trabalhadores, pode perceber que na sua maioria aparentam ter mais de 60 anos, e muitos já estão reformados. Este facto faz com que os jovens se divorciem desta forma de luta porque não são cidadãos de 70 e 80 anos que vão lutar pelos seus direitos, os trabalhadores de 30 ou 40 anos.

Será que as lideranças de 60 anos conhecem os desafios da conciliação da vida familiar e profissional das novas gerações? Será que as lideranças com 60 ou mais anos conhecem os desafios dos trabalhadores de 20 anos?

A minha resposta é taxativa: Não.

Fazer Abril, também é dar lugar às gerações mais novas, dar oportunidade às gerações que têm 30 e 40 anos para decidirem o seu futuro. Também estas são as causas dos jovens saírem do seu país, as gerações mais velhas querem continuar no poder, não fazendo a transição, não deixam que os mais novos participem, que tenham uma voz e participem na construção do seu futuro.

Mas existem sinais de mudanças, nos partidos políticos, estamos assistir, lentamente a uma renovação geracional, mas em outras estruturas da sociedade ainda é necessário fazer um longo  caminho.