No início da década passada, no coração da cidade de Lisboa assistiu-se à mais profunda transformação no Ensino Superior em Portugal desde a concretização do processo de Bolonha. A concretização de um sonho de há muitos anos pelas grandes mentes académicas do nosso país.

Após anos de negociações entre a Universidade Técnica de Lisboa e a então Universidade de Lisboa (trivialmente conhecida como Universidade Clássica de Lisboa) nascia em 2013, com sede na Freguesia de Alvalade, a maior Universidade do país. A Universidade de Lisboa.

As negociações que visaram a construção desta nova universidade foram complexas e exigentes. Necessitaram da interpelação de uma grande diversidade de atores. A estes processos não foram alheios os esforços protagonizados pela comunidade estudantil que, através das Associações de Estudantes das várias Escolas e da própria Universidade, estiveram na linha da frente na construção de uma instituição feita com os alunos e para os alunos.

Volvidos quase 10 anos desde a fusão, a Universidade de Lisboa existe como um sonho tornado realidade. Uma das grandes casas da sapiência e do conhecimento em Portugal e na Europa. Os nossos investigadores lideram a agenda científica com constantes descobertas e inovações na área das engenharias, da medicina, das ciências sociais e do próprio direito. As nossas escolas formaram (e continuam a formar) profissionais e quadros de elevada competência e qualidade. Muitos dos nossos alumni assumem hoje altas funções em diversos órgãos e instituições de renome nacionais e internacionais. Os nossos estudantes destacam-se anualmente em diversas competições de desporto universitário e algumas das nossas escolas estão no topo dos rankings mundiais dentro das suas respetivas áreas do saber.

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Hoje a nossa Universidade é constituída por 18 Escolas, 8 campus universitários, 430 cursos, 92 licenciaturas, 209 mestrados, 122 doutoramentos. Esta grande casa está eternamente comprometida com a cidade de Lisboa, numa relação simbiótica de cooperação e interajuda. Da Alameda à Cidade Universitária. Do Tagus Park ao Jamor. Do Campus da Ajuda até à Freguesia da Estrela.

Apesar das grandes vitórias alcançadas nestes anos transatos considero que ainda existem diversos problemas estruturais por resolver. A necessidade da construção de um verdadeiro espírito identitário universitário. A reflexão sobre a sobrecarga académica em determinadas Unidades Orgânicas. A carência de meios de combate aos problemas de saúde mental identificados na comunidade universitária. O envelhecimento do corpo docente, com a dificuldade acrescida de novos (e mais jovens) quadros ingressarem na carreira académica. As dificuldades enfrentadas por muitos estudantes ao ingressar no mercado de trabalho após a conclusão dos seus cursos. A falta de apoios e incentivos à prática de desporto universitário. A insuficiência quantitativa e qualitativa das nossas residências de estudantes.

A necessidade de uma visão estratégica e ambiciosa para o futuro da Universidade de Lisboa que vise a sua continua afirmação não só como a melhor Universidade portuguesa, mas como uma das melhores da Europa e do mundo.

O momento presente não representa um ponto final. Celebremos 2023 e o 10º aniversário da melhor e maior Universidade portuguesa apenas com a certeza de que ainda há muito por fazer. É preciso cumprir a Universidade de Lisboa, é preciso continuar a Avançar a Academia.