Esta semana tem lugar em Leiria a final four da Taça da Liga que nomeará o  “Campeão de Inverno” da atual temporada futebolística. Nos primórdios da  competição, que foi lançada na temporada 2007/08, o timing da realização da  final não coincidia com a viragem da primeira para a segunda volta. Antecedia  a pausa pascal. Este é um pequeno detalhe que atesta bem a maturidade e  cuidado da organização em fazer evoluir o conceito. O rótulo de “campeão de  inverno” – até pode valer o que vale, porque é apenas “semântico” – só pode  ser atribuído com algum critério. Que atualmente existe.

No fecho da sua 17ª edição, a Taça da Liga caminha a passos largos para a  maioridade. Como qualquer projeto novo num contexto sedimentado como é o  futebol português, esta caminhada teve um início árduo. O facto da primeira  edição ter sido arrecadada pelo Vitória de Setúbal – um emblema histórico,  mas sem o poder de atrair multidões como só os “grandes” têm – e a  subsequente conquista hegemónica do troféu por parte do Benfica (sete taças  no palmarés conquistadas nas oito edições que decorreram entre 2009 e 2016)  contribuíram para uma divisão no prestígio da prova. Atualmente, já todos os  grandes têm, pelo menos, uma réplica nas suas vitrines.

E para isso, certamente, muito terão contribuído as alterações ao formato que  foram sendo implementadas pela Liga Portuguesa de Futebol. Além da  alteração do calendário, o formato transformou-se, a partir de 2016, com os  quatro primeiros classificados da época transata a “entrarem em cena” apenas  na terceira fase e em grupos distintos, aumentando a probabilidade de haver  confrontos de gigantes na já desejada final-four.

Quem chega a Leiria nesta fase tão intensa da temporada só leva na mente  uma ideia: levantar o caneco. E o troféu da Taça da Liga já mudou de figurino  por cinco ocasiões, à boleia do naming da própria prova. De “Taça Carlsberg” (2007-10) e “Taça Bwin” (2010-11), a Taça CTT (2015-18). Desde 2018,  assume uma nomenclatura mais pomposa – Allianz Cup – a pensar,  provavelmente, em novos públicos. Já se fala em internacionalizar a final four  para as arábias, como já fazem as edições homólogas de Espanha, Itália e  França. Este é o vínculo mais longo que a prova conheceu até então ao nível  do patrocinador principal. Só entre 2011 e 2015, a Taça da Liga esteve órfã de  patrocinador principal, um facto ímpar nestes 17 anos e que atesta bem o clima  de dificuldade que a prova vivia por aqueles tempos.

Se no terreno de jogo prevalece a emoção, fora dele a gestão da Taça da Liga  tem sido feita à imagem de uma boa organização made in Portugal: começa  com veia empreendedora. Tenta fazer diferente. Enfrenta os “ventos” da  adversidade do mercado. Traz novos conceitos a estruturas até então vistas  como institucionais como o sponsoring, relações de media partner e o  experience marketing para stakeholders. Nos sempre cinzentos meses de  janeiro, a Final Four da Taça da Liga assume-se como um momento icónico  para lá do calendário desportivo. A um ano de completar a sua maioridade, hoje a prova é um ativo seguro e, pelas apostas seguras que foi fazendo, a prova de  que nem sempre o “seguro morre de velho”.

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