Os EUA mostraram-se disponíveis para negociar uma amnistia política para o executivo venezuelano e os seus principais dirigentes, em troca da desistência do cargo presidencial, até ao final do seu mandato.

No passado dia 28 de julho, Nicolás Maduro renovou o seu mandato presidencial num processo algo controverso e altamente questionável a nível internacional. Segundo os resultados apurados pela Comissão Nacional de Eleições, Maduro saiu vitorioso com 51,2% das intenções de voto. Não obstante, este resultado não foi bem aceite por todos os países e gerou discórdias. Entre os países que exigiram o reconhecimento de Edmundo Gonzalez como vencedor das eleições encontram-se os EUA e Argentina. O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou ter «provas esmagadoras» de que Gonzalez havia sido o verdadeiro vencedor.

Contudo, Blinken rapidamente alterou a sua abordagem após declarações de Maduro, ameaçando que a Venezuela deixaria de vender petróleo aos EUA e passaria apenas a abastecer os seus aliados dos BRICS.

No entretanto, o Wall Street Jornal avançou esta segunda-feira que, na perspectiva de garantir a vontade popular e assegurar uma alternativa segura e pacífica para a Venezuela, os EUA mostraram-se disponíveis para negociar uma amnistia política para o executivo venezuelano e os seus principais dirigentes, em troca da desistência do cargo presidencial, até ao final do seu mandato, em janeiro de 2025. Com o mesmo fim, desde 2020 que existe uma recompensa de 15 milhões de dólares para quem fornecer informações que levem à prisão de Maduro, no seguimento de uma alegada conspiração com os seus aliados para “inundar os EUA de cocaína”.

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Os militares têm-se mostrado fiéis e prestado apoio incondicional a Maduro, prendendo milhares de dissidentes e opositores do regime, nas últimas semanas.

A este ponto, parece inegável que a única via para por termo ao regime autoritário de Maduro, responsável por pobreza extrema e um grande isolamento diplomático, seja a ação internacional. Até mesmo o Brasil, Colômbia e México têm mostrado menos tolerância para com o governo, exigindo a apresentação das atas eleitorais que corroborem o resultado alegado pelo atual presidente, favorável à sua manutenção no poder. Os EUA acreditam que a pressão vinda destes países, com líderes mais ou menos simpatizantes de Maduro, possa levar o líder venezuelano a ceder.

Restam apenas cinco meses até ao início do novo mandato, mas pesam também as eleições norte-americanas, cujo resultado pode influenciar e causar embargos a estas negociações. O governo de Biden tem tentado negociar com Nicolás Maduro por via do diálogo. Trump, porém, mostrou menos tolerância durante a sua estadia na Casa Branca, sem grande impasse para recorrer à força armada e à imposição de sanções.