Quando analisamos a proporção de representação política na Europa, observamos que países como a Alemanha e a França têm muito menos políticos por habitante e por média do PIB do que Portugal. Em França, há um deputado para cada 73 mil habitantes e por cada três mil milhões de euros do seu PIB. Já na Alemanha, a proporção ainda é menor, com um deputado para cada 120.000 habitantes e por seis mil milhões de euros do respetivo PIB. Obviamente que a qualidade do político e a sua produtividade não se reduzem apenas à quantidade de pessoas que alegadamente representa ou ao PIB do seu país, mas isso dá que pensar, e por isso fui fazer as contas.
Em termos de proporção, Portugal tem muito mais políticos tanto por habitante como pela média do seu PIB, um para cada 45.000 habitantes e por cada mil e cem milhões de euros. Será que precisamos de tantos? Quem conhece a atividade parlamentar diz-me que não. Mas então, por que insistimos em aumentar o número de políticos?
Em 2013, Portugal alcançou um feito inédito ao agregar mais de 1000 freguesias, o que resultou numa redução significativa do número de presidentes de Junta, eliminando entre 3 a 7 mil membros dos respetivos executivos e mais de 20 mil membros das assembleias de freguesia. Tudo isto veio acompanhado da correspondente diminuição de custos associados a ordenados, das senhas de presença e despesas de representação.
Perguntei-me se esta redução prejudicou a nossa vida, a nossa comunidade, a geração de empregos, ou a produtividade das empresas. A resposta foi sempre a mesma: não. Aposto que a esmagadora maioria dos portugueses nem notou a diferença. Provavelmente até houve uma melhoria nos serviços, devido à reestruturação. Então, quem sentiu essa diferença ao ponto de terem revertido a lei em 2023 e estarem a considerar aumentar novamente o número de freguesias? A resposta é simples de tão obvia: Apenas e exclusivamente os partidos políticos.
Para melhorar a produtividade política em Portugal, não precisamos de mais políticos, mas sim de pagar-lhes melhor e responsabilizá-los. Se olharmos para o resto da Europa e para os bons exemplos de produtividade económica, percebemos que mais importante do que a quantidade é a qualidade. Precisamos de instituições que funcionem bem, mesmo que sejam menos; de menos políticos, mas que dediquem mais do seu tempo ao país e às suas funções, em vez de se perderem tanto tempo nos partidos que efetivamente representam.
Além disso, é importante adotar melhores práticas de gestão e adaptarmo-nos à transição digital para reduzir a burocracia, permitindo assim que os políticos se concentrem no desenvolvimento de políticas públicas que promovam o crescimento económico e a qualidade de vida dos portugueses.
A nossa produtividade e o nosso sucesso como país dependem da qualidade dos nossos políticos e das políticas que implementam, e não da sua quantidade. Então a estratégia provavelmente deveria ser outra: menos políticos, mas mais bem pagos, que vivem com valores e ética e colocam os interesses do seu país acima da sua política partidária. Então sim, Portugal tem um futuro melhor.