Portugal encerrou, em 31 de maio, uma presença de duas décadas no Afeganistão ao serviço da NATO, onde cerca de 4500 militares portugueses, dos três Ramos das Forças Armadas, cumpriram, com brio e relevância, a sua missão, contribuindo para a paz e segurança internacionais.
O contributo militar nacional para a International Security Assistance Force (ISAF), em 2002, integrou uma coligação de países formada para apoiar a manutenção da segurança na região de Cabul, de modo a permitir a atuação das organizações governamentais e não-governamentais empenhadas em tarefas de reconstrução e de apoio humanitário. Nesse ano foi empenhada uma equipa sanitária, composta por elementos da Marinha, do Exército e da Força Aérea, e uma aeronave C-130.
Já sob comando da NATO e com a missão da ISAF alargada a todo o território do Afeganistão, Portugal retomou a sua participação em 2004, após um interregno de mais de um ano. Desde então, as Forças Armadas Portuguesas empenharam um leque diversificado de capacidades, onde se incluíram equipas de controladores de tráfego aéreo e de controladores aéreos táticos, equipas de bombeiros e de meteorologistas, quatro destacamentos de aeronaves C-130, sete forças de reação rápida, constituídas por companhias de Comandos ou Paraquedistas, 14 equipas de mentoria e ligação operacional, uma equipa médica, uma célula de informações militares, um grupo de comando e uma companhia de proteção do aeroporto de Cabul. A estas unidades somaram-se vários módulos de apoio e elementos de segurança e de proteção da força, militares destacados nos quartéis-generais, equipas de formadores e instrutores militares, e um piloto de F-16, colocado no destacamento belga.
A partir de 2015, já na Resolute Support Mission (RSM), missão que substituiu a ISAF, as Forças Armadas Portuguesas mantiveram militares destacados em vários quartéis-generais e equipas de formadores e instrutores militares na Escola de Artilharia e em unidades de operações especiais. A partir de 2018, Portugal voltou a empenhar forças de reação rápida, constituídas, uma vez mais, por companhias do Exército, agora integradas na força multinacional de segurança do aeroporto de Cabul, infraestrutura de importância vital para o Afeganistão e para as forças da NATO aí estacionadas.
Com exemplar profissionalismo e grande dedicação, os militares portugueses deram um extraordinário contributo para a estabilização do Afeganistão e para a segurança das suas populações, o que os tornou alvo dos mais rasgados elogios internacionais, de que são exemplo as declarações do General David Richards, comandante da ISAF, que os considerou “verdadeiros heróis, tropa excelente, corajosa e destemida”.
Neste momento, em que a missão terminou, não podemos deixar de recordar, com profundo respeito e saudade, os dois militares que perderam a vida no Afeganistão, o primeiro-sargento de Infantaria Comando João Roma Pereira e o soldado Paraquedista Sérgio Pedrosa, assim como os que ficaram feridos no cumprimento do dever.
A eles, e a todos os que serviram neste exigente teatro de operações, se deve o relevante desempenho das Forças Armadas Portuguesas no cumprimento desta missão e a imagem de excelência que projetaram no estrangeiro, contribuindo para a afirmação de Portugal no seio da Aliança Atlântica, como ator relevante na área da defesa e como coprodutor de segurança internacional.