Será já no próximo fim de semana que o CDS/PP terá que escolher o seu caminho, o seu Presidente e a sua direcção para os próximos dois anos. É isto – que é muito – mas, também, é apenas isto que se decidirá no próximo congresso. Donde, sem prejuízo de se poder fazer um congresso com os olhos no retrovisor – que até poderá lavar a alma a alguns -, a prudência manda que não se perca noção da muita estrada que nos falta percorrer para repor a confiança dos eleitores, crescer e, consequentemente, construir uma maioria não socialista.

Para esse efeito, julgo que o pior que o CDS/PP poderá fazer é fechar-se sobre si mesmo, envolto, apenas, em temas morais, sem abertura à modernidade ou a novas causas. Se é verdade que o CDS/PP, sobretudo no último ano e meio, errou muito, dando sinais contraditórios ao eleitorado, como é exemplo claro o caso dos Professores – e, por isso mesmo, foi penalizado –, o pior que lhe poderia acontecer agora seria passar do 8 para o 80 e retroceder 20 anos nos temas, no registo ou, até, nas preocupações. Continuaríamos de olhos no retrovisor e eu quero um partido focado no futuro de Portugal.

Ainda sobre o caminho, é essencial que o CDS/PP mantenha a sua essência fundadora: o CDS/PP foi e deverá continuar a ser a grande casa da direita, com espaço para Francisco Lucas Pires, mas também para Adriano Moreira ou Morais Leitão e Adelino Amaro da Costa, pese embora as manifestas diferenças entre cada personalidade. Entre ser-se a grande casa da direita e um partido catch all vai toda uma diferença, cuja linha divisória não se poderá transgredir é certo. Porém, para não se ser um partido catch all não precisamos de ser o Partido de apenas uma parte da direita, porque o CDS/PP precisa de todos, precisa de se abrir à sociedade e, consequentemente, ser inclusivo.

Naturalmente, para percorrer este caminho impõe-se um Presidente experiente, muito preparado e capaz de, a cada momento, equilibrar as várias sensibilidades dentro do CDS/PP, fazendo a síntese das várias correntes de que é composto. Mas face à menor assertividade nos temas tradicionais do CDS/PP do passado recente, também é necessário um Presidente capaz de falar directamente às várias direitas, que o eleitorado perceba que estará sempre do seu lado e não do outro lado. O Presidente do CDS/PP tem que ser o líder da oposição ao Socialismo, o que apenas é possível integrando todos. Não tenho nenhuma dúvida que o João será o líder natural das várias direitas, porque não transige nos princípios, mas é aberto à modernidade; porque tem uma energia e entusiamo contagiante, mas, também, um conhecimento profundo dos dossiers como o demonstrou no inquérito à CGD; porque sempre foi capaz de ouvir todos, mas de decidir sozinho, assumindo as respectivas responsabilidades.

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Por último, o CDS/PP precisa de escolher a equipa que acompanhará o próximo líder e que, todos estamos de acordo, terá que ser, manifestamente, diferente das anteriores. Há um novo ciclo politico que se abrirá com este congresso e não se fazem novos ciclos com as mesmas caras. Porém, sobretudo num partido conservador, não podemos acreditar em rupturas absolutas, em revoluções ou, ainda pior, permitir qualquer caça às bruxas. Seja a nível nacional, distrital ou concelhio o CDS/PP precisa de renovação, mas não precisará de varredelas nem sequer está em situação de prescindir de alguns dos seus melhores.

Tenho ouvido recorrentemente que como o João Almeida esteve na última direcção não seria capaz de renovar o Partido. Sinceramente, só para quem não conhece o João ou a sua liberdade e coragem: quando o João discordou de Paulo Portas disse-o no Partido; quando esteve contra Ribeiro e Castro candidatou-se contra o mesmo. Quem já teve esta coragem e desapego não conseguiria agora renovar uma direcção? Não faz sentido.

Porém, mais importante que o passado, a verdade é que eu sei que assim não é porque o tenho testemunhado: tenho acompanhado o João em múltiplas deslocações e, em todo o lado, vejo os contributos de pessoas que estiveram com José Ribeiro e Castro ou contra Assunção Cristas, tal como vejo pessoas que, como eu, estavam há muito afastadas do Partido. Se há característica que o João Almeida tem é ser um grande agregador: de vontades, de pessoas e de causas. Precisamente, o que o CDS/PP neste momento precisa.