O sismo de proporções catastróficas que abalou partes da Turquia e Síria deixou estes locais num estado deplorável, resultando em milhares de vidas humanas perdidas.

No entanto, nem todos os afetados por este evento cataclísmico perderam a vida, ficando muitos deles soterrados nos escombros dos edifícios que desabaram, aguardando num sofrimento atroz por serem resgatados.

De forma imediata e espontânea, a população mobilizou-se para, em conjunto, conseguirem encontrar e salvar muitas vidas que ainda estavam (e continuam) em risco.

Com a ampla divulgação do sucedido por todo o mundo, rapidamente vários países enviaram equipas especiais de resgate e salvamento como apoio às equipas locais. Algumas destas incorporavam membros muito especiais e que se têm revelado determinantes para salvar vidas: os cães pisteiros ou farejadores.

Como o próprio nome indica, estes cães exercem a sua função através da utilização de um dos seus principais sentidos: o olfato. Algo que é, aliás, transversal a todos os cães, donos e senhores de um sentido de olfato extremamente apurado – cerca de 10 a 100 000 vezes mais sensível que o dos humanos – e que, na sua rotina diária, representa um potente estimulante.

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Não constitui, por isso, surpresa que as equipas destacadas para este tipo de missões humanitárias se tenham feito acompanhar destes animais. Quando os cães se encontram no terreno, todo o treino que receberam ao longo da sua vida, tem, na esmagadora maioria dos casos, resultados positivos e imediatos. Colocando em ação a sua capacidade olfativa, conseguem identificar, de forma inequívoca, os odores emitidos pelas pessoas, facilitando e acelerando a deteção das mesmas através de uma sinalização – habitualmente pelo ladrar – previamente determinada durante o extenso treino a que são sujeitos.

Algo fascinante, e representativo da inteligência desta espécie, é a metodologia organizacional empregada por estes animais quando se deparam com obstáculos no processo de deteção. Um dos métodos que utilizam é a eliminação ou exclusão de odores. Para se focarem devidamente na missão que têm pela frente, estes cães procuram ativamente farejar pessoas que se encontrem perto de si, e são capazes de, mentalmente, ir descartando esses odores daqueles que devem continuar a procurar.

No processo de identificação, a lógica é diferente, mas igualmente admirável. Para detetarem o odor das pessoas soterradas nos escombros, o olfato volta a desempenhar um papel fulcral. Estando em espaços mais confinados, em que a ventilação é consideravelmente menor, os odores humanos emitidos tornam-se mais acentuados, facilitando a tarefa das equipas a circunscrever a área de busca, dando posteriormente início ao resgate.

A preponderância da utilização de cães pisteiros no rescaldo destas calamidades é já amplamente reconhecida e vista, pelas equipas de resgate e salvamento de diferentes países, como imprescindível. Fica, uma vez mais, patente a extraordinária capacidade de sacrifício destes animais em prol dos humanos e de toda a humanidade, não hesitando entre arriscar a sua própria vida a salvar a de um humano.