João L. Monteiro,

O cupping, ou ventosaterapia, é uma técnica de cura milenar que consiste na aplicação de copos (vidro, acrílico ou madeira) com a finalidade de fazer uma sucção na pele através do vácuo. Aquecendo o interior de um copo, o ar expande-se e, quando isso acontece, inverte-se o copo que é colocado numa área localizada do corpo. O ar ao arrefecer vai ocupar um volume menor, gerando vácuo. O copo funciona, assim, como uma ventosa. Como alternativa pode-se chegar ao mesmo resultado com o auxílio de uma bomba de vácuo. O resultado são as conhecidas manchas arredondadas vermelhas ou negras, semelhantes a chupões.

Apesar dos praticantes de Medicina Tradicional Chinesa alegarem que esta técnica permite limpar o sangue de toxinas acumuladas no organismo, ou retirar “estagnações de sangue” do corpo, de ser usado para o alívio de dores musculares e melhorar a circulação sanguínea, tensão arterial e outras inúmeras patologias, a verdade é que não existem evidências científicas e médicas que comprovem estas afirmações. Segundo os proponentes destas práticas, o objetivo é reequilibrar a “energia vital” do organismo – o vitalismo é um conceito abandonado pela ciência por falta de sustentação empírica. Como consequências para os utentes, pode causar dores ou queimaduras, noutros casos pode afastá-los da medicina convencional.

Contudo esta prática tem ganho popularidade por ser utilizada por personalidades mediáticas como a atriz Gwyneth Paltrow ou, mais recentemente, alguns atletas dos Jogos Olímpicos. Isto lembra-me o uso das pulseiras do equilíbrio, há uns anos, também por famosos e jogadores de futebol, que acabaram por tornar-se moda e que, inclusivamente, eram vendidas nas farmácias. Depois de várias queixas, foram retiradas do mercado e a empresa detentora das pulseiras teve de pagar multa por publicidade enganosa.

Atendendo à prática desportiva, é de valorizar o recurso aos mais recentes conhecimentos da ciência e da medicina, assim como a novas tecnologias. No entanto, os técnicos responsáveis devem ter atenção para separar o que é conhecimento validado empiricamente, do que são alegações não comprovadas experimentalmente com resultados estatisticamente significativos.

Membro do COMCEPT – Comunidade Céptica Portuguesa

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