Napolitana, Romana, ala palla, in teglia, al peso… Variações não faltam quando o assunto é pizza. Há de todos os tamanhos, para todos os gostos, com ingredientes regionais, mais tradicionais, mas sempre (para os italianos e para mim) sem ananás.

A pizza nasce no século XVII, em Nápoles, e passa a alimentar a comunidade mais pobre. Não era mais do que pão com tomate e alho – a famosa Marinara –, ingredientes que abundavam no sul de Itália. Mais tarde, com a visita da Rainha Marguerita de Savoia a Nápoles, em 1889, o pizzaiolo Rafaelle Esposito decide homenagear a monarca com uma pizza onde estavam contempladas as cores da bandeira italiana: o vermelho do tomate, o branco da mozzarella e o verde do manjericão. Assim nasce não só o conceito que hoje conhecemos como pizza, mas também a representação mais famosa de todas as pizzas ao redor do mundo: Margherita.

Só quem nunca foi a Nápoles não perceberá a importância que a pizza tem para aquele povo. Tudo naquela cidade é Maradona e pizza, quase como se de religiões se tratassem. Aquando das minhas viagens à Campânia na busca de aprender e trazer para Lisboa o que de melhor se faz por lá é que me apercebo da seriedade, da importância e da influência que a pizza tem para aquelas gentes. Aprendi que é o resultado da genialidade do povo humilde, acolhedor e, acima de tudo, orgulhoso por ter criado o único alimento que se come em todo o mundo.

Por cá, começa a aparecer nos finais do século XX, com a versão Romana (crocante, sem borda), não tendo tido de imediato uma aceitação por parte dos portugueses – na época, as pizzarias eram frequentadas maioritariamente por turistas. Com o passar dos anos, começa a ganhar algum consenso, não só por cá, como por todo o mundo. A pizza Napolitana começa assim a ganhar expressão em Portugal por volta de 2010, com a abertura de pizzarias que anunciavam fazer pizza genuinamente como no sul de Itália.

Eu, como um dos pioneiros da pizza Napolitana em Portugal, assumi a tarefa de “educar” os portugueses sobre a mesma. Massa fofa, elástica, sem ser crocante e de bordas altas – a versão original. Não foi um trabalho fácil, pois predominava a pizza de massa fina e crocante. Com o passar dos anos, acaba por tornar-se o fenómeno que é hoje: o tipo de pizza preferido de muitos lusitanos.

A pizza Napolitana não é um produto, mas sim o reflexo da genialidade de um povo a quem devemos um agradecimento.

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