Nesta quadra natalícia quase tudo gira à volta dos encontros, dos almoços e dos jantares. É uma altura em que muito se pergunta como podemos passar pela época em ‘dietas’, em mesas de Natal ‘saudáveis’.  Acontece o mesmo quando se aproxima o Verão e o biquíni, também, mas por outras razões… ou seja, outra época do ano em que sobem as preocupações em escrever sobre ‘alimentação saudável’, sobre ‘dietas de verão’.

Diria que quase parece que o tema da alimentação e saúde (confundido às vezes com estética descolada da saúde) é sazonal. Felizmente que cada vez é menos verdade. Cada vez mais estamos todos preocupados com a alimentação como um dos principais fatores modificáveis, que mais influencia a saúde. Mas o ano todo – e não apenas em épocas específicas.

Ainda assim não deixa de ser pertinente tocar no tema para esta quadra festiva. O que devemos afinal comer? Como devemos preparar uma Ceia de Natal? Resposta: Não se descaracterize o Natal! Ainda assim, podemos encontrar no Programa Nacional de Promoção de Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral de Saúde recomendações para um Natal com menos excessos.

Penso que é sem dúvida uma altura do ano muito, muito especial. Acima de tudo é uma enorme oportunidade de reforçar a importância do tema junto da sociedade. Uma enorme oportunidade para reflectir em conjunto sobre o que tem sido o nosso percurso de vida, o nosso estilo de vida. Num momento em que muitos conseguem parar e partilhar estes dias, num espírito de convivialidade que é tão característico no padrão mediterrânico.

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Devemos perceber a diferença entre rotinas e exceções, os dias festivos.

A Ceia de Natal deve ter todos os ingredientes típicos, desde a couve portuguesa a acompanhar o bacalhau, às leguminosas como o grão ou feijão branco, regados de bom azeite e, de sobremesa sim, o doce. Com muita canela!

Tenha sempre como opção para iniciar a Ceia de Natal uma entrada rica em leguminosas, sopa com muitas hortícolas – será sempre importante para estar mais saciado e não investir nos excessos alimentares como os doces. Deve ter sempre opções de fruta para sobremesa. Deve comer de tudo um pouco, de certeza com gosto. Comer com gosto, e em partilha, será um benefício até mesmo digestivo.

Termine com uma saída a pé, em família ou amigos, pode por exemplo ser para a missa do Galo, ou outro convívio, ou, no caso de as condições climáticas não permitirem, foque o convívio em atividades ou jogos – e menos em estar sentado. Importa que se mexa!

No dia de Natal, acorde mais cedo e vá caminhar. Com calçado apropriado e roupa adequada! Será certamente uma oportunidade para reiniciar rotinas de atividade física.

Se não conseguir, sem culpas, mas com a convicção que vai ter de encontrar rotinas para cuidar de si, física e mentalmente, no novo ano!

Repare-se num “pormaior”, a referência ao longo do artigo é sempre de ‘Ceia de Natal’. Não falamos em jantar de Natal. A verdade é que talvez, para a maioria, a hora da ‘Ceia’ não seja tão mais tarde do que já é habitual o ‘jantar’ dos outros dias do ano.

A verdade é que o correto é mesmo que a hora a que nos sentamos para a Ceia seja mesmo tarde e que esta seja a exceção. Mas não será! Sim, já não jantamos no final do dia, jantamos no final do ‘dia de trabalho’ que é muito diferente. Não respeitamos os ritmos circadianos, não respeitamos a cronobiologia e fazemos o ano todo refeições desajustadas para as rotinas, ‘fora de horas’. Um dos grandes problemas de muitos para a gestão do peso, além de inatividade física, é a distribuição das refeições sobretudo na segunda metade do dia e noite. Este tem sido um grande problema e, veja-se, a Ceia de Natal tem de ser a exceção e não a regra.

Por último, recomendo para leitura de Natal a obra ‘Saúde e Estilos de Vida’ da Fundação Amélia de Mello. Aproveite o Natal e ofereça livros, leia, caminhe e conviva com família e amigos, sempre com o desejo e motivação para de facto o novo ano ser um ano de concretizações. Certamente dependerá mais de si do que dos outros!  Procure um profissional de saúde que o ajude nos meios para atingir os fins. Invista mais na sua saúde e, sempre que possível, na prevenção da doença.

Espero que na lista de prendas tenham colocado o equipamento para o treino e para boas leituras. Mudança de vida para mais saúde.

Se me é perguntado o que desejo para 2023, posso partilhar que tenho esperança de que seja um ano de viragem do paradigma. Que a sociedade priorize a valorização dos estudantes e profissionais de saúde. Que exista um maior investimento na prevenção.

Que, finalmente, seja mais exigente relativamente à sua saúde, não apenas na procura de tratamento, mas também para cuidar da saúde prevenindo a doença! São estes os meus desejos para 2023!