Vivemos tempos estranhos!
Habituados a uma lengalenga de quase 50 anos, onde a esquerda se apresenta como a defensora da liberdade e a direita a ser mostrada sempre de mãos dadas com todos os autoritarismos, vemos agora a esquerda a defender o regresso da censura (de forma mais ou menos encapotada), ou a defesa da ditadura do politicamente correcto, em suma, a defesa de o estado tudo regular na limitação da liberdade individual. Por outro lado, surge a direita a segurar a bandeira do livre pensamento e da limitação do papel do estado na busca da felicidade pelo indivíduo.
É aqui que nos encontramos. Numa guerra cultural onde se digladiam a liberdade e o autoritarismo.
Nas próximas eleições de março vamos ser chamados a decidir também sobre essa guerra. Melhor, essa guerra estará presente, de forma consciente ou inconsciente, no momento da nossa decisão e deverá ser a sua primeira premissa!
De um lado teremos socialistas, marxistas, neo-marxistas, trotskistas, maoistas e alguns oportunistas a acenar a bandeira do papão do fascismo que chegará, indubitavelmente, qual cavaleiro do apocalipse, com uma grande votação no Chega e com a vitória da “direita”, como teria chegado com a vitória da AD nos finais dos anos 70, ou com a vitória de Cavaco Silva, de Durão Barroso ou de Pedro Passos Coelho (e que NUNCA chegou). Esse fascismo que, para a esquerda, foi sinónimo de PSD e de CDS e que agora é também sinónimo de Chega e outros! Sempre foi a sua forma de ataque, o Alfa e o Ómega da sua luta. O “fascismo” como princípio e fim das intenções dos seus adversários. (Um exemplo ilustrativo de como esse pensamento, o ovo da serpente, se encontra insidiosamente plantado nos mais insuspeitos locais, refira-se que na convenção de um partido com a designação de liberal, alguns oradores, membros de uma lista crítica à direção, foram vaiados e brindados com o epíteto de “fascista”. A mesma técnica, públicos diferentes!). Como alguém apelidou, na “técnica do salame”, vai-se cortando o que está à direita até que só sobra a esquerda.
É deles, da esquerda, a autoria da armadilha das linhas vermelhas, ou da cerca sanitária, que alguma direita, ansiosa por ser aceite por essa esquerda, toma como boa e aplica-a, não percebendo que será ela, mais tarde ou mais cedo, a vítima dessas linhas vermelhas. Mas vivemos tempos estranhos!
Celebrou-se há poucos dias o 25 de novembro. Comemorou-se a grande vitória da democracia liberal, pluripartidária, sobre o totalitarismo. Vitória do regime que não pode aceitar que haja filhos e enteados, onde uns se considerem seus donos e os restantes terem que merecer a sua aprovação. Uma democracia onde não existem partidos que possam ser considerados párias, ou os seus eleitores considerados deploráveis. Com o 25 de Novembro, a voz foi devolvida ao povo, sendo a sua vontade soberana, agrade ou não agrade. E o povo já percebeu que são os actos e não as palavras que definem os nomeados.
Fazendo fé nas tendências que se podem retirar das sondagens, o Chega é o partido que mais sobe e a direita pode vir a ter um resultado superior a 15% de diferença em relação à esquerda. Já não há papões! Já ninguém tem medo da ameaça requentada do fascismo e a maioria já percebeu de que lado está a Liberdade.
Assim, a 10 de março, nesta luta cultural entre o autoritarismo e a liberdade, entre a esquerda e a direita, na solidão da cabine eleitoral, sem pressão de opinadores, sem medo, cada indivíduo (de onde o poder emana) não poderá ter dúvidas e optará, certamente, pela Liberdade!
É nossa, de cada um de nós, a decisão!
Pela Liberdade, sempre!