E se de repente no metro, no meio da confusão um homem ao sair do metro chocasse com uma mulher lindíssima, de sardas na face, com um cabelo louro escuro, solto, ligeiramente com um jeito ao lado, cobrindo um tronco fino, estreito e tão ao mesmo tempo esbelto e se apaixonasse de imediato?
Trocavam números, redes sociais, começassem a sair, ter dates, partilhar experiências e cada vez mais ele achava-a mais perfeita, mais inteligente e mais ligado. Afinal o verdadeiro amor é possível. O verdadeiro amor teria um nome e seria palpável. Seria até, eventualmente, tudo o que sempre desejou ou mesmo melhor.
A história desenrola-se e chega o dia em que ao falar de filhos ela diz que tem um segredo. O homem pensa o pior, todos somos capazes de o pensar também, nem é necessário enumerar, no entanto, sentada num banco de jardim ela diz:
“O que tenho para te dizer talvez te vá transtornar, mas quero que te lembres que continuo a mesma, aquela por quem te apaixonaste, aquela que sai contigo à mais de 1 ano e aquela que sempre que sempre que come pizza tira o ananás…” ele intrigado, aguarda em silêncio na expectativa.
“Eu não sou feita de carne e osso, eu sou um robot”.
Ele não acredita e qualquer leitor também não acreditaria. Deve pensar que este escritor está doido, é e demasiado distópico e longe da realidade. Mas quão longe estaremos realmente desta realidade?
Atualmente já existe várias influencers digitais que não são pessoas, apenas redes de inteligência artificial que simulam textos, histórias, imagens, num conjunto tão real de publicações, tão reais quanto a minha ou a sua página do Instagram. Inclusive, Portugal apresenta-se na linha da frente num concurso de Miss com uma influenciadora digital com umas belas sardas que existe, mas que quiçá será mais interessante que muitas pessoas que conheço. Não será difícil levar uma pessoa na a apaixonar-se por uma pessoa assim.
E se acharem ridículo, relembro que existem pessoas que mesmo sabendo ser uma ferramenta digital se apaixonam por perfis digitais criados pelo Chat GPT. Agora imaginem se não soubessem… Imaginem que o Robot que Elon Musk pretende comercializar vai na 3.a ou 4.a edição e já tem cabelo, pele, rosto e personalidade própria aleatória e o seu próprio trabalho, que veio simplificar a nossa vida segundo dizem. Afinal a atual IA já vai começar a aprender com as nossas fotos, porque os textos esses já não são suficientes.
Pergunto seria assim tão difícil amar um ser quase ou mesmo perfeito? Seria amor verdadeiro? O amor partiria de nós ou de uma mulher ou homem incrível, físico, palpável, mas não humano? Se nos debruçarmos seriamente compreendemos o enorme número de questões que levanta. A personalidade deste caso contemplaria gostos próprios, religião ou defeitos, como todos ou, tão apenas, simplesmente, será que não os teria? Virão a existir seres perfeitos? Talvez, mas não será certamente um ser humano.
Distópico? Sim, certamente, em 2020 seria inimaginável, mas estamos em 2024. Talvez em 2050 estejamos a reservar por encomenda o homem ou a mulher perfeita. Se assim for, espero que ao menos se possa escolher quando desligar, é que se a IA aprender demasiado bem, também pode aprender os defeitos de alguns seres humanos, sejam homens ou melhores e aí, não há quem resista!