Se se perguntar a alguém o que significa ESG (além do óbvio: Environment, Social e Governance), a resposta varia desde “sinónimo de Sustentabilidade” até “uma quantidade infindável de métricas”, desde “como fazer Profit, Planet and People viverem em perfeita harmonia” até “labirinto jurídico de Diretivas da UE”. Tudo isto é verdade… exceto nos EUA.

Nos EUA, o conceito foi agora convertido numa batalha política entre democratas e republicanos, com a indústria petrolífera na vanguarda da atividade de lobbying nesta matéria.

Recentemente, dois episódios deixaram toda essa discussão mais clara:

– O Conselho Estadual de Educação do Texas anunciou o fim de um investimento com a BlackRock, retirando US$ 8,5 mil milhões em fundos, com um comunicado do presidente do conselho, Aaron Kinsey, a citar a “liderança dominante e persistente da BlackRock no movimento ESG”. A BlackRock, como a maior empresa global de gestão de ativos e uma voz líder sobre temas de investimento relacionados com a transição climática e energética, viu-se no centro de um movimento anti-ESG de políticos republicanos nos EUA, que acusam a empresa de seguir uma agenda ambiental para prejudicar as empresas de energia. Numa publicação nas redes sociais após o anúncio do Conselho de Educação, o senador Bryan Hughes chegou a dizer: “A BlackRock e as empresas de Wall Street têm usado o dinheiro dos texanos para impulsionar uma agenda de esquerda”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

– O Tribunal de Recursos dos EUA suspendeu a nova regra de divulgação ambiental da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, marcando o mais recente de uma série de desafios à implementação da nova diretriz que exige que as empresas informem sobre riscos relacionados com o clima e emissões de gases de efeito estufa. A decisão do tribunal aparece no contexto de uma petição apresentada pela empresa de serviços petrolíferos Liberty Energy e pela empresa de frac sand Nomad Proppant, que argumentaram que a regra é “arbitrária”, e carece de evidências de que melhorará de facto o valor para os acionistas.

A política americana no seu pior.

Felizmente, a maior parte da América corporativa não se distrai com a política, tem muito claro o que o mercado, investidores, consumidores e cidadãos esperam deles – agir cada vez mais responsavelmente como Empresas, colocando a Sustentabilidade no centro de suas estratégias.

Um bom exemplo é precisamente a BlackRock. Para “navegar este contexto” estão a deixar cair a expressão “investimento ESG”, apelidando-a de “investimento de transição”. Significa isto que se estão a afastar do ESG? Claro que não. Estão apenas a colocar uma maior ênfase no ambiente. Sabem que não há caminho de volta na Sustentabilidade, mas a ação que se impõe necessita de um maior foco. Larry Fink (CEO BlackRock foi muito claro na sua carta do ano passado enviada a CEOs: “Não sou ambientalista, sou capitalista, e é porque sou capitalista que me preocupo com o ambiente”. O que foi reforçado na sua carta de 2024 tornada pública na semana passada, onde descreve a transição energética, apesar de toda a resistência política de alguns setores americanos, como uma “Mega Força” de investimento.

Tudo se resume afinal ao meu mantra preferido: “No Profit…No Planet and People. Yes…but No Planet and People…No Profit”. As empresas responsáveis americanas sabem-no bem.