O Euro-2020 já começou e as casas de apostas têm tudo estudado. Qualidade do plantel, títulos internacionais e resultados recentes parecem servir de suporte à análise. Procurando trazer alguns dados mais qualitativos e intangíveis, parece adequado propor uma sistematização com base (i) nos outsiders que correm por fora à conquista do título, (ii) nos candidatos que podem vencer caso tenham alguma felicidade no sorteio e construam dinâmicas de confiança positiva no decorrer da prova, e (iii) no favorito que se encontra mais destacado que todos os demais para vencer o Euro-2020.

No lote dos outsiders, parece que a Itália, Países Baixos e Espanha vivem momentos semelhantes das suas vidas. Outrora campeãs em titulo, vivem hoje períodos de regeneração das suas equipas, onde os mais velhos dão lugar aos mais novos. E este período de ajustamento requer tempo para os jogadores acumularem experiência internacional de competição em grandes palcos de selecções. Concretamente, a Itália, que esteve ausente do Mundial-2018 depois de 60 anos, tem hoje um plantel avaliado em 751 M€. Em processo ofensivo, transforma o seu 4:3:3 num 3:5:2 com a sua maior estrela do momento, o jovem Nicolò Barella do Inter de Milão, avaliado em 65 M€, a aparecer na posição 10 disposto a criar situações de golo para Insigne e Immobile. A Itália será, no mínimo, um outsider nem que seja pelos quatro campeonatos do Mundo e um da Europa já conquistados.

Muito semelhante é o percurso dos Paises Baixos que já ganharam um campeonato da Europa (1988). Não tendo garantido o apuramento para o Euro-2016, aparecem com uma equipa avaliada em 607 M€. O seu ataque em 3:5:2 previliga a intensidade e mobilidade do corredor central. A sua estrela, Frenkie de Jong, avaliado em 90 M€, surge acompanhado de De Roon e Wijnaldum, com o objetivo de servir na frente Depay e Weghorst.

Outro outsider é a Espanha que tem um dos planteis mais valiosos da prova (915 M€) e um currículo recente absolutamente fantástico: nos últimos 13 anos ganhou dois campeonatos da Europa e um do Mundo. Contudo, uma reestruturação acelerada do seu plantel e alguns casos recentes de COVID-19 podem provocar a instabilidade decisiva para impossibilitar o sucesso desejado.

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No lote dos candidatos aparece a Bélgica. Tem uma geração absolutamente fantástica que se encontra de saída, pelo que verá nesta a última ocasião para entrar na história de um país que nunca ganhou uma competição de selecções. Com um plantel avaliado em 669 M€, ocupa o 1º lugar do ranking da FIFA e tem como principal estrela Kevin de Bruyne avaliado em 100 M€. No seu sistema de 5:2:3 aparece surpreendentemente Tielemans no meio-campo como o motor de toda a aceleração de jogo da Bélgica.

A Inglaterra também é um candidato à conquista da prova, nem que seja por ter atingido as meias-finais do último Mundial-2018. Tem o plantel mais valioso da competição (1.270 M€) e possui como grande estrela o melhor marcador da fase de apuramento para o Euro-2020: Harry Kane, com 12 golos e avaliado em 120 M€, é o jogador mais valioso da equipa. Contudo, pesa na Inglaterra o histórico sucessivo de eliminações inexplicáveis e ausências de títulos de competições de selecções.

A última equipa deste lote é a Alemanha. Apesar de performances recentes instáveis, é uma equipa absolutamente focada no sucesso, como comprova os quatro títulos de campeã do Mundo e três da Europa. Tem um plantel incrível avaliado em 937 M€, e uma frente de ataque veloz com Gnabry, Kai Havertz, Leroy Sane ou Timo Werner.

A grande candidata é mesmo a França. Depois de ter sido finalista vencida no Euro-2016, e ter vencido o Mundial-2018, aparece com um plantel absolutamente estrelado e maduro, avaliado em 1.030 M€. Mbappé é hoje identificado por muitos como o melhor jogador do mundo, avaliado em 160 M€, mas o talento de Kanté não parece ficar atrás. Mais do que avaliar as probabilidades de sucesso com base no seu 2º lugar no ranking FIFA, basta considerar os nomes que ficaram de fora dos 26 convocados: Mendy (Manchester City), Upamecano (Leipzig), Theo Hernández (Milan), Ndombélé (Tottenham), Martial (Manchester United) e Lacazette (Arsenal).

Então e Portugal? Colocaria-o no lote dos candidatos. Sendo o detentor do título, beneficia da maturidade que isso lhe traz e possui o 5º plantel mais valioso da competição (873 M€). Parece ter hoje um grupo de jogadores mais fresco, criativo e equilibrado do que o de 2016. A segurança de Rúben Dias, a velocidade de Diogo Jota, a tomada de decisão de Bruno Fernandes, a criatividade de Bernardo Silva e a finalização de Cristiano Ronaldo são argumentos para que, num dia sim, levem de vencidoqualquer adversário que encontrem pela frente neste Euro-2021.

Pró-Reitor da Universidade Europeia