Mais um passo no caminho da sustentabilidade parece estar a ser dado. Acabada de “aterrar” em Portugal, a Jornada Mundial da Juventude chega ao nosso país com desafios e preocupações particularmente interessantes. Depois de no passado ano ter sido assinada a carta-compromisso com a Sustentabilidade, a JMJ, cuja preocupação central está na fé e na pertença à igreja, este ano terá uma vertente diferente. O COL (Comité de Organização Local), em concordância com parceiros, voluntários e peregrinos decidiu eleger a sustentabilidade como uma preocupação central do evento.
Num plano de ação composto essencialmente por quatro pilares – o compromisso com sustentabilidade, formação, sensibilização e ações concretas – o intuito da iniciativa passa pela atração de jovens, uma vez que são justamente estes que têm um papel fundamental no futuro do mundo, cabendo-lhes a árdua tarefa de enfrentar as consequências oriundas das ações da nossa sociedade.
Porém, esta não é uma temática recente. Se recordarmos as declarações do Papa Francisco em 2015, o Sumo Pontífice já havia procurado estabelecer a relação entre humanidade e ambiente, consciencializando a sociedade para a necessidade de proteger a natureza e cuidar do planeta para as gerações futuras.
Isto para dizer que as preocupações da Jornada Mundial da Juventude não se resumem à palavra Fé. Introduzem temas como a sustentabilidade que originam oportunidades e aumentam a consciencialização para com o meio ambiente. Abre-se, assim, mais uma porta para que os jovens criem um maior compromisso com iniciativas sustentáveis, quer através de ações de limpeza que reduzam o impacto da sua presença, quer por campanhas de sensibilização relativamente à preservação dos recursos naturais. Não obstante, existe ainda uma maior promoção de um ambiente de partilha, onde os jovens têm a possibilidade de se conectar e conhecer outras culturas e países, conhecer novos hábitos e tradições.
No entanto, numa iniciativa que aspira a ser um grande sucesso e um dos maiores eventos que Portugal já recebeu, é também necessário que exista uma organização responsável e eficaz. Digo isto, porque muitas vezes, devido à falta de organização, grandes eventos acabam por acarretar grandes consequências que nada têm a ver com o seu propósito inicial. Ora, para que o mesmo não aconteça em terras lusitanas, é crucial que a JMJ conte com a ajuda dos parceiros de forma a garantir que o evento decorre em concordância com o que foi prometido, evitando uma catástrofe ambiental. Aqui existem diversas vertentes a ter em conta. Falamos de ações de formação na área da sustentabilidade (como regras de separação de embalagens) ou ações de campo nas várias dioceses nacionais (através da distribuição de sacos de recolha de embalagens) que provam que a sustentabilidade se tem constituído cada vez mais uma urgência, inclusive na Fé. Basta olharmos para o desafio da plantação mundial de árvores, lançado pela JMJ Lisboa, que já deu origem a mais de 8.000 árvores plantadas, ou para a criação do primeiro calculador de pegada carbónica da história das Jornadas (incluído na app JMJ Lisboa 2023).
Fé numa nova oportunidade: dotar os jovens de ferramentas para mudar o mundo. O meio ambiente está mais uma vez em foco e, enquanto sociedade, temos mais uma possibilidade de transmitir a importância e a urgência da proteção do planeta para aqueles que terão de lidar com as consequências das nossas ações, os mais jovens.