Um sistema de saúde eficiente e globalmente acedível, garantindo a toda a população o direito a uma assistência médica apropriada, é um dos princípios fundamentais de uma sociedade justa.

Nesta esfera assume particular relevo uma aposta inequívoca na promoção de saúde e na literacia em saúde. Nas últimas décadas o foco tem sido o tratamento. É crucial transformar o paradigma de tratamento da doença para uma visão de promoção de saúde e prevenção da doença.

Impõe-se, também, que desencadeemos debates acerca do acesso a cuidados de saúde, da qualidade assistencial, da regulação e regime de financiamento (subsistemas públicos, sociais, mutualistas, seguros de saúde) e da política do medicamento, nomeadamente a sua distribuição e preço.

É importante, igualmente, debater as temáticas elementares de saúde pública, incluindo a promoção da saúde mental, as ações a desencadear e a adotar para a prevenção e para a gestão das doenças crónicas, o plano para aperfeiçoar o acesso aos cuidados de saúde, a função das tecnologias recentes no progresso e aumento de qualidade assistencial e no seguimento dos doentes. É fulcral o desenvolvimento de campanhas dinamizadoras de literacia em saúde e bem-estar, assim como a promoção de condutas e procedimentos que favoreçam um envelhecimento ativo e saudável.

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O envelhecimento da população e a presença de múltiplas doenças, juntamente com as crescentes expectativas dos cidadãos e as limitações orçamentais num contexto de crescimento económico lento, bem como a transição para uma sociedade tecnológica, apresentam desafios substanciais.

A crise atual de profissionais da área de saúde é um desafio crucial que não pode ser subestimado. Um dos aspetos mais alarmantes é a crescente dificuldade de atrair e manter estes trabalhadores altamente diferenciados. Essa escassez tem um impacto direto na qualidade dos serviços de saúde.

A sustentabilidade financeira assume um particular relevo num sector em processo acelerado de diferenciação e desenvolvimento tecnológico. A atualização tecnológica permitirá alcançar mais qualidade e saúde, sendo necessário uma gestão organizacional mais eficaz e eficiente, melhorando os ganhos em saúde e reduzindo o desperdício, para libertar recursos para esta atualização e dessa forma melhorar a qualidade de cuidados aos cidadãos. A medicina de precisão e a genómica são outros pontos que serão fulcrais no futuro. É importante também saber aproveitar as potencialidades do big data, não esquecendo as questões éticas. É, portanto, necessária uma reformulação do sistema de forma a torná-lo mais equilibrado e justo, incrementando a sua qualidade, tornando-o mais eficaz e centrando-o no doente.

A relevância da liderança na área da saúde é de suma importância, sobretudo quando enfrentamos desafios como o aumento da demanda por serviços de saúde, recursos finitos e a crescente complexidade dos doentes.

A liderança deve ser capaz de inspirar a motivação do grupo de trabalho, estimulando o desenvolvimento profissional, promovendo o espírito de equipa e incrementando o trabalho em conjunto, favorecendo a tomada de decisões compartilhadas e concedendo autonomia. É fundamental dar especial atenção à inteligência emocional, à comunicação e dirigir pelo exemplo.

A liderança em saúde deve garantir que a visão principal esteja sempre presente. Esta estratégia de focalização obriga a uma mutação e à criação de partilha de valores, remetendo para um tipo de liderança transformacional. As profissões do âmbito da saúde são direcionadas para as pessoas, com um alto foco no humanismo. O que faz uma organização são as pessoas. Um dos pontos determinantes para o sucesso em saúde é a qualificação e desenvolvimento técnico-científico dos seus profissionais.

É fundamental o topo de liderança ter uma visão estratégica forte, apostar de forma estruturada em lideranças intermédias dando-lhes condições, confiança, apoio e autonomia para uma governação mais eficaz e eficiente.

Aos Médicos exige-se liderar e levar à transmutação dos serviços de saúde. É fundamental apostar na capacitação das lideranças. Os Médicos possuem características multifacetadas únicas para gestão em saúde, nomeadamente a capacidade técnico-científica, humanismo, liderança e foco no doente.

Em conclusão é fundamental um novo paradigma de gestão, centrado no cidadão, na promoção da saúde e na prevenção da doença, nos resultados obtidos e não no volume, na sustentabilidade, em cuidados integrados de proximidade, na atualização tecnológica e na inovação, na medicina personalizada, não esquecendo a inteligência artificial.

A saúde é um investimento e não um custo.

Melhor Gestão, Mais Saúde.