O Dia Mundial do Sânscrito, também chamado de Vishva Sãoskruta Dinam, foi criado no ano de 1969 para preservar e reavivar esta língua. Realiza-se anualmente por ocasião do Shrávana Purnima, que é a lua cheia do quinto mês do calendário hindu e que, antigamente, era o dia em começavam os estudos no sistema mestre-discípulo. Este ano recai sobre o dia 12 de agosto em que na Índia se realizam diversas palestras, workshops, programas culturais e onde os alunos tentam impressionar os seus professores oferecendo citações e pensamentos escritos em Sânscrito.
O Sânscrito, esta língua antiquíssima nascida na Índia, é a porta de entrada para a vasta cultura deste subcontinente composta pelo yoga, ayurveda, literatura, música, história, filosofia, religião, entre outras áreas. A sua aprendizagem permite desvendar de forma mais profunda todo o conhecimento relacionado, bem como permitir a comunicação no seu quotidiano. Aliás, é na sociedade moderna indiana que o Sânscrito começou a ser reavivado devido a um esforço do governo em torná-lo uma língua viva através da abertura de muitos cursos e outras iniciativas (recentemente, o aeroporto de Varanasi, a cidade sagrada indiana que possui mais de 110 escolas, começou a fazer os seus anúncios sobre a covid-19 nesta língua). A rádio e a televisão a transmitirem diariamente nesta língua, as revistas, os filmes, os prémios, as conferências, as publicações, as apps de smartphones, os dicionários online, os rituais religiosos, as 7 aldeias que o falam diariamente, os mais de 3 milhões que o indicaram como 1ª, 2ª ou 3ª língua (censos de 2011) … enfim, são muitas as manifestações do Sânscrito no mundo actual. E não nos podemos esquecer do mundo académico com as suas licenciaturas, mestrados e doutoramentos bem como os seus artigos científicos.
Mas não é só na Índia que o interesse no Sânscrito tem aumentado. Na Europa abrem-se cursos em universidades (veja-se, por exemplo, a de Londres) e em escolas de Yoga e Ayurveda e vão surgindo algumas conferências e publicações de artigos e livros. Portugal não é, de todo, alheio ao Sânscrito. Já no século XIX, mais propriamente no ano de 1869, Vasconcelos Abreu, professor desta língua na Faculdade de Letras, traduziu o primeiro texto directamente do Sânscrito intitulado Om! – Adoração a Ganeça, um episódio do poema épico da Índia, o Rámáyana. Também Rodolfo Dalgado, que o sucedeu na leccionação, traduziu o primeiro texto completo denominado Hitopadexa ou Instrucção Util, composto por fábulas que, segundo se diz, influenciaram as de La Fontaine. E mesmo no nosso dia-a-dia encontramos palavras que tiveram origem nesta língua tão distante mas também próxima: madura, sopa, avatar, ioga, etc. Inúmeras pessoas ligadas ao yoga e ayurveda têm tido um contacto regular com a língua, quer como estudantes das escolas que a facultam nos seus planos de estudos, quer como praticantes que a utilizam diariamente no exercício da sua profissão. Ao nível académico, já existe uma Universidade que faculta o 3º ano de aprendizagem desta língua em que a poesia, o teatro e os textos originais ganham forma e colorido. Em Sânscrito. Claro.