Um diagnóstico preciso e um tratamento adequado feito por um médico anatomopatologista podem influenciar o prognóstico de um doente com cancro. Mas o que fazem estes especialistas? Esta é a questão que mais impera, já que trabalham em segundo plano e os doentes não costumam ter contacto direto.
Apesar de estes especialistas serem os que realizam o diagnóstico e definem o tratamento do doente com cancro, é o oncologista ou clínico geral que transmite esta informação, pelo que os anatomopatologistas tornam-se invisíveis para o doente e para a população. Neste sentido, importa aumentar a literacia em saúde e sensibilizar a população para esta especialidade, tão importante para o diagnóstico e tratamento do cancro. E sensibilizar também os profissionais de saúde. É que, atualmente, existem 347 anatomopatologistas a nível nacional, e o número está a diminuir exponencialmente, com cerca de 50% acima dos 60 anos. Não há especialistas de Anatomia Patológica suficientes para a nossa população, pelo que se tornou cada vez mais complicado a subespecialização e diferenciação em alguma área.
Pode não parecer uma especialidade muito apelativa, já que não existe um contacto direto com os doentes, no entanto, falamos de um papel muito importante e cada vez mais interessante com a evolução das novas tecnologias. A patologia tornou-se digital, o que significa que o anatomopatologista pode estar a ver um exame de um hospital do Porto e estar sediado em Lisboa ou noutra localidade do país. Ou seja, o patologista já não é o profissional que está apenas fechado no laboratório.
Atualmente, há maior liberdade, graças a estas evoluções. Por exemplo, com a lâmina digitalizada, podemos aplicar algoritmos sobre essa imagem que nos permitem de forma muito mais rápida e precisa chegar ao diagnóstico. Além da generalização da patologia digital e da aplicação dos algoritmos, a inteligência artificial vai melhorar a determinação dos biomarcadores, com uma caracterização molecular e morfológica mais precisa e eficaz. É aqui que começamos a falar de Medicina Personalizada e de um diagnóstico e tratamento individuais adaptado às características de cada doente.
Os patologistas são quem faz o diagnóstico, ou seja, são eles que definem as doenças. Trata-se de um papel fulcral e que importa ser cada vez mais valorizado. Para que todos possamos contribuir para uma melhor saúde.