Em 2014, este filme do realizador Alex Garland que retratava a relação entre um jovem programador e uma robot, procurava dar uma ideia dos desafios que se colocam quando a inteligência artificial é tão credível que pode ser confundida com um ser humano e sobre os problemas éticos que se levantam na sua programação.

Passado menos de uma década, entendemos melhor que o que parecia ser um filme de ficção científica, onde se colocavam problemas filosóficos interessantes, mas distantes, é um retrato bastante fiel do que já estamos a viver.

Faz agora quase um ano que o mundo ficou surpreendido com os avanços da inteligência artificial através dos “chat box”. Esta é apenas uma faceta de uma realidade bem mais diversificada do que imaginamos, com aplicações tão diferentes como a deteção precoce de doenças, a gestão dos tribunais, ou vigilância. Apesar das óbvias vantagens das novas tecnologias, perante os desafios que elas colocam vários países começaram a mostrar uma maior preocupação sobre como regular estas novas tecnologias para assegurar a defesa dos direitos individuais e limitar os riscos para a segurança nacional.

A União Europeia deu o primeiro passo com uma proposta da Comissão para regular a inteligência artificial em 2021. Desde então foram introduzidas alterações em junho de 2023, mas nenhum texto foi ainda oficialmente aprovado.

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No Reino Unido, numa reunião organizada pelo Primeiro-Ministro Britânico Rishi Sunak esta semana para provar que o Reino unido ainda tem alguma influência apesar do Brexit, vários países reuniram-se na cimeira de Bletchley Park para lançar um dos primeiros debates transnacionais sobre a segurança destas novas tecnologias. O resultado mais positivo desta conferência foi ter conseguido reunir membros de vários Governos, incluindo uma delegação chinesa, abrindo as portas para um diálogo regular no futuro.

Também esta semana, o Presidente Biden assinou uma ordem executiva que regula a Inteligência Artificial, especialmente no que diz respeito aos riscos para a segurança nacional.

Esta corrida pela regulação da Inteligência Artificial parece ser um detalhe no meio das transformações tecnológicas titânicas a que assistimos e as suas implicações éticas. No entanto sabemos que a vantagem de ser o primeiro país a regular é que isso implica também criar as regras para o resto do mundo. Com esta ordem executiva, o Presidente Biden parece ter colocado os Estados Unidos na linha da frente da corrida pela regulação, ultrapassando a Europa.