As obras do metro da Linha Circular, que desde o passado dia 2 cortaram as ligações da Estação do Campo Grande a Telheiras (linha verde) e à Cidade Universitária (linha amarela), estão a infernizar a vida dos residentes de Telheiras, do Lumiar e da população a norte de Lisboa, que vão passar a ficar privados do acesso direto (sem transbordo) ao centro da cidade.
A decisão foi unilateral do Governo de António Costa, com aval do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, à época Fernando Medina e do Presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, à época Pedro Delgado Alves. Tudo foi feito sem consulta prévia da população. Sim, porque esta é a democracia cultivada pelo Governo PS, a da autocracia.
Hoje o Governo dirá, em defesa da sua honra conspurcada, que todas as obras têm inconvenientes, mas que depois chegam os benefícios associados ao funcionamento da nova infraestrutura. Mas, no caso da Linha Circular não, não é isso que vai acontecer. Antes pelo contrário, o caos vai mesmo continuar após as obras e a Linha Circular entrar em funcionamento porque: i) vamos assistir a uma sobrelotação dos cais do Metro e das escadas na Estação do Campo Grande, uma vez que quase todos os passageiros da Linha Amarela farão transbordo para a Linha Circular, para aceder ao centro de Lisboa; e, ii) o “grande benefício das obras infraestruturais”, que custaram milhões ao erário público, é perder-se a ligação direta ao centro de Lisboa de que dispuseram até agora. Portanto os utentes de Telheiras, Lumiar e zonas a norte de Lisboa só perderam com esta obra, que os obriga a trocar de Metro na Estação de Campo Grande para virem para o centro de Lisboa. Retrocesso inqualificável.
E podíamos dizer que o erro da má opção da Linha Circular, bem como das novas expansões do Metro, tinham consequências negativas apenas para as populações mais diretamente afetadas, mas não. As consequências desta má opção refletem-se em toda a Área Metropolitana de Lisboa.
Uma consulta ao mapa da futura rede do Metropolitano de Lisboa com as novas expansões da Linha Vermelha a Alcântara e Metro ligeiro de superfície de Loures e do lado ocidental (LIOS) demonstra, de forma inequívoca, a má política de gestão do transporte público! Quem pensou isto vai ser aquele que o utiliza? Que raio!! Então para ir de Loures a Algés é preciso viajar em cinco comboios diferentes, ou seja, são quatro transbordos: em Odivelas, para aceder à Linha Amarela, no Campo Grande, para aceder à Linha Circular, no Saldanha para aceder à linha Vermelha, e em Alcântara para aceder ao LIOS. E o mesmo acontece para ir de Loures à Gare do Oriente: vai ser preciso apanhar quatro comboios diferentes. E se o destino for um futuro aeroporto na margem sul, o passageiro, carregado de bagagem, ainda precisaria de apanhar um quinto comboio a partir da Gare do oriente, ou seja, seriam quatro transbordos.
Ora, não é preciso ter um curso superior para perceber que este sistema é extremamente ineficiente, estimulará o uso do transporte individual na área metropolitana de Lisboa, entupindo Lisboa de automóveis e estimulando pessoas e empresas a saírem da cidade de Lisboa. Por isso, e nesta conjuntura, os transtornos das atuais obras da Linha Circular no Campo Grande são apenas a ponta do icebergue.
A infernalidade da incompetência vai ser repercutida na vida de todos. Defenda-se a cidade de Lisboa, em particular a população do Lumiar, maior freguesia de Lisboa, e as populações a norte do Lumiar! E mude-se de uma vez por todas para a Linha em Laço, minimizando o principal inconveniente da Linha Circular, voltando a ligar o centro de Lisboa à freguesia do Lumiar e zonas a norte.
Ai Portugal, as más opções do Governo de António Costa tem um preço alto que não podemos continuar a pagar. Então de que estamos à espera?
Com a colaboração de Mário Lopes, Professor do Instituto Superior Técnico