A nossa Constituição, como consequência de ter sido elaborada no período pós-revolucionário, em que tentava sobreviver ao domínio de uma ideologia (já na época) obsoleta, a comunista, mas sem se atrever a confrontá-la em demasia, tem ainda hoje uma expressão muitas vezes referenciada, que diz “…rumo ao Socialismo”. O que, tendo em conta os últimos anos, poderíamos dizer que não nos tem conduzido ao sucesso. Não o digo por convicção política, digo por ser factual. Ora vejamos:
Há um Portugal pós 25 de Abril onde, nos primeiros 10 anos, com Sá Carneiro, Soares, Ramalho Eanes, Freitas, Amaro da Costa e com mais ou menos sobressaltos, se faz uma transição de regime que consolida a democracia.
Nos 10 anos seguintes, e sempre com o mesmo primeiro-ministro, Cavaco Silva, faz-se a entrada na CEE, consolidando Portugal numa Europa como espaço económico comum, e a partir daí, através de fundos e apoios, criam-se e consolidam-se serviços e infraestruturas bases do país.
Após 95, e com o fim do governo de Cavaco Silva, passamos a ter o predomínio governativo do PS, ou seja, entramos decididamente no “rumo ao socialismo” preconizado pelo preâmbulo da nossa pós-revolucionária Constituição. E aí começa efetivamente o nosso infortúnio. 29 anos depois passamos a ter um país vergonhosamente na cauda da Europa, com quatro milhões de pessoas (40% da população!) pobres ou no limiar da pobreza; uma classe média cada vez mais residual e totalmente afogada na maior carga fiscal de sempre; e com áreas essenciais como a saúde, a educação, a justiça e a segurança, em gravíssima crise, impossibilitadas de prestar um serviço digno ao cidadão.
Em cima disto tudo, temos também um problema de corrupção que parece endémico ao próprio regime; uma economia menos competitiva, em grande parte dependente do turismo e das remessas de fundos europeus; diluímos setores de atividade; e temos salários, e consequentemente um poder de compra, bem abaixo da média europeia. Ou seja, de dia para dia, a vida dos portugueses não está melhor – bem pelo contrário. Nem no presente, nem nas perspetivas para o futuro, o que, sobretudo nos últimos dez anos, tem provocado a maior fuga para o estrangeiro de jovens quadros qualificados em toda a nossa história.
Ora esta situação tem vários responsáveis: toda uma geração que governou Portugal ao longo das últimas décadas. Mas há, claramente, um culpado principal, o partido socialista.
Nos últimos 29 anos, o PS governou 21 . Foram 3 governos onde os portugueses foram iludidos.
Iludidos por Guterres que, com más decisões, delapidou os cofres do estado, vendo-se obrigado a sair, deixando o país num “pântano”. Iludidos por Sócrates, que conduziu o país à falência, a um resgate financeiro e à entrada da Troika. E Iludidos por Costa, que, tendo perdido as eleições para Passos Coelho, forma governo através de um expediente, aproveitando-se do estado de necessidade de sobrevivência absoluta do PCP e do Bloco, governou Portugal com políticas socialistas que muito nos custam no dia a dia, mas mais nos custarão no futuro.
Mas hoje não há Guterres, Sócrates ou Costa. Hoje temos o que nunca tivemos desde que vivemos num regime democrático consolidado: o risco real de voltarmos a ser governados por comunistas.
Naturalmente não o digo por achar que o PCP vai ganhar eleições (até pelo contrário, o seu objetivo é continuar a ter representatividade parlamentar). Digo-o porque Pedro Nuno Santos não é um socialista, é bem mais à esquerda que isso, que, precisando ou não, nunca hesitará em governar com os que lhe são ideologicamente mais próximos, Bloco e PCP.
Já não nos chegava o “rumo ao socialismo”, que ao longo das últimas décadas nos trouxe a este abismo, temos agora o risco de ir mais longe, deixando o Socialismo para trás e regredindo, para ser governados por comunistas e neocomunistas.
E, portanto, para mim as coisas são bem claras. A linha vermelha de todos aqueles que não querem entregar o país a um regime bacoco que nos levará à pobreza económica e moral, deve ser traçada a este PS de Pedro Nuno Santos e a todos os partidos comunistas do nosso regime.
Não nos deixemos iludir por palavras mansas, não deixemos que o lobo mau desta história, mascarado de capuchinho vermelho, nos distraia.
A linha vermelha é só uma, e não é por acaso que a cor na expressão é essa.
É preciso foco, maturidade e sentido de Estado. É preciso ouvir os portugueses, e, se a maioria entender que não quer correr o risco de ser governado pela esquerda, é imperativo criar uma solução governativa à direita, sem medos nem cerimónias.
Portugal precisa!