“Vou levar o cão à rua, venho já”. Esta é uma frase que se tornou um hábito ouvir em muitas famílias a seguir ao jantar. Mães, pais ou filhos, dia após dia, cumprem esta rotina tão importante para o cão, mas também tão importante para os próprios.

O tipo de pequenos prazeres que ninguém valoriza, porque sempre os demos como adquiridos, mas que só quando somos privados deles sentimos falta.

Mas quem é que está privado disto ? Parece absurdo alguém não o poder fazer.

E não só parece, como é absurdo. Mas infelizmente é também verdade.

Hoje, na cidade do Porto, em zonas residências onde o preço m2 atinge preços recorde, temos muitas famílias que são “prisioneiras” dentro de casa. Temos muitos Portuenses que vivem condicionados, e não podem sair durante a noite para levar o cão, esticar as pernas ou simplesmente ir deitar o lixo.

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A criminalidade tem vindo a aumentar para níveis nunca vistos. Os níveis de insegurança, tal como as estatísticas dos últimos dias demonstram, têm sido crescentes e, com isto, a qualidade de vida dos Portuenses tem diminuído, e muito.

E o que tem feito a autarquia e o estado central para combater isto ? Pouco, ou nada.

Mais uma vez, tal como em setores como a saúde e a educação, vemos os cidadãos a terem que se organizar, contratando, por exemplo, guardas e vigilantes noturnos particulares, para garantir serviços mínimos  que a excessiva carga de impostos não deveria deixar de garantir.

Pagamos a mais e recebemos a menos. Temos menos esquadras, temos menos polícias na rua.

Dizem que não há orçamento para manter esquadras abertas ou contratar mais polícias. Os poucos polícias que temos não são valorizados, e não lhes são dadas condições de trabalho, remunerações e reconhecimento, justas.

Portanto, para os que nos mantêm seguros, não temos nada. Mas então como é que temos tanto para os que não querem trabalhar ? Garantindo rendimentos mínimos, subsídios e apoios para os que vivem, acima da média, da economia paralela gerada pela criminalidade e tráfico de droga ?

Como é que podemos querer investir numa verdadeira política de inclusão quando sujeitamos gente (a larga maioria), que vive de forma digna e trabalhadora nos bairros sociais, a uma proximidade com a insegurança e criminalidade?

Não podemos.

É preciso coragem, é preciso vontade política. É urgente que os decisores se deixem do politicamente correcto para passar a fazer o que é correcto na política: justiça e a defesa dos interesses dos cidadãos.

É preciso, de uma vez por todas, pôr o Porto em primeiro.