Enquadramento. No pressuposto de que a maior parte da população portuguesa habita num prédio e tem o  Condomínio constituído (e Assembleia de Condóminos), existem obrigações e direitos dos  condóminos (contribuintes). Por parte dos condóminos existe entre outras obrigações, o  pagamento das quotas (pagar os impostos). Por lado e pelo facto de pagar as quotas têm o  direito a ter uma Administração de Condomínio (Governo) com uma capacidade de gestão de  intervenção rápida, proativa, zelosa pelo estado de conservação do imóvel e respetivas  reparações e melhoramentos (Saúde, Educação, Segurança Social, Habitação, Investimento,  Recurso a empréstimos – Diminuição do Endividamento Nacional, etc.) bem como a uma  administração séria, isenta e cautelosa do dinheiro do Condomínio (dinheiro dos  contribuintes). Em princípio, é da competência da Administração do Condomínio propor  reparações e melhoramentos (Economia e Investimento) num contexto de rigor orçamental.  Anualmente, a Assembleia de Condóminos (Parlamento, Tribunal de Contas) aprova ou  sanciona os atos da Administração do Condomínio: se prossegue com um novo mandato ou  não, e se há motivo para ações judiciais (responsabilidade política e eventualmente criminal:  corrupção) e se é necessária uma nova Administração (eleições). E normalmente, existe  sempre um ou dois condóminos (representados pelos partidos políticos) que só trazem  problemas para as Assembleias, mas nunca soluções e o (ou os) problema(s) ficam sempre  agendados para a Assembleia do ano seguinte, e passam anos sem resolução. Por vezes, uma  má Administração do Condomínio é cúmplice na derrogação dos problemas e que conduz a  uma presença de um número cada vez menor de condóminos na Assembleia (abstenção), o  que abre espaço para deliberações danosas (Governo em “roda livre”) para as contas do  condomínio (erário público)

Ora, parece-me que o enquadramento acima exposto é exatamente o que se tem passado com  a localização do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) e estando em causa o nosso dinheiro, é  preciso maior participação do povo português. Presentemente, estamos à beira de ser  anunciado o resultado do relatório do NAL. (O que não implica a sua construção). Este filme  parece ser uma “reprise” do que sucedeu com a proposta de localização perto do campo de  tiro de Alcochete, como alternativa à OTA, (solução que felizmente foi abandonada) e, por  conseguinte, foi pedido um estudo para uma nova localização. Reunidos os sábios e avaliados  os custos, estimou-se na altura que para Alcochete (2007) teria de se considerar um custo de 2  mil milhões de euros para um aeroporto com uma pista e três mil milhões de euros para um  aeroporto com duas pistas. Presentemente a estimativa de custo tem que ser revista face ao  enquadramento atual (privatização da ANA que, entretanto, ocorreu, e outros fatores). Mas  oito mil milhões?! Porém, pela importância do impacto na economia e desenvolvimento de  Portugal, e por o assunto estar de novo ativo (com perspetivas de concretização?), parece-me natural e inevitável que, quer os meios de comunicação, quer o próprio povo  português, estejam sequiosos de informação. Uns procuram e divulgam informação e os outros  procuram ser informados, o que é natural. Por este motivo, as sucessivas notícias são bem vindas, desde que correspondam a um trabalho jornalístico profissional, sério, objetivo e  isento. Parece-me também que falta uma maior participação do povo português, e ser  averiguada com precisão a pertinência desta despesa (aliás, como se faz nos países onde os  gastos do dinheiro público são antecipadamente escrutinados pela respetiva população).

Antecedentes recentes. Como ponto de partida não me parece que esteja a correr bem: longe de mim colocar em  causa a competência técnica da Comissão Técnica Independente, mas a recente contratação  pela CTI de uma empresa de estudos de investigação e consultoria (TIS) (notícia publicada no  Jornal de Negócios em 1 de novembro recente) da qual uma vogal da CTI é acionista, parece  em nada contribuir para a isenção, ética e profissionalismo de alguns vogais da CTI,  prejudicando-a como um todo, ainda que a Presidente da CTI tenha vindo defender que “a  empresa contratada tem “vasto currículo” e que “tudo decorreu no mais escrupuloso  cumprimento de todos os procedimentos legais exigíveis em vigor”. Justificações que para o  cidadão comum me parecem desprovidas de conteúdo esclarecedor muito devido à sua  repetição nestes casos e que por vezes terminam nos tribunais para se confirmar se “tudo  decorreu no mais escrupuloso cumprimento de todos os procedimentos legais exigíveis em  vigor” e em nada credibilizam a CTI. Qual é o “vasto currículo” que justifica esta contratação? E  afinal de contas, se é necessário contratar uma empresa de estudos de investigação e  consultoria, ainda por cima no enquadramento acima referido, então poderia inferir-se que a  CTI não está segura da sua competência e nesse caso deveria ter apresentado a sua demissão e  ser contratada uma empresa de investigação consultoria especializada em aeroportos,  preferencialmente por concurso público, por questões de transparência. Pela minha parte esta  contratação não parece justificável pois tenho mais confiança e respeito nos experientes técnicos da CTI (com exceção de quem é sócio de empresas a quem foi adjudicado trabalho  intempestivamente. E ainda temos presente em memória que o Governo Português anterior  contratou uma empresa especializada na contratação de gestores de topo – no caso em apreço,  para a TAP -, certamente “tudo no mais escrupuloso cumprimento de todos os procedimentos  legais exigíveis em vigor” (afinal quanto pagámos por essa contratação?) e depois foi o que se  viu. A tal gestora de nacionalidade francesa que foi proposta, acabou por parecer não  transmitir para os cidadãos a eficácia que justificou a sua contratação (e respetiva  remuneração) e julgo que ainda por cima foi exonerada do cargo com um avultada  indemnização. Não se vislumbra o motivo pelo qual uma gestora bem paga em comparação  com as remunerações nacionais exonerada por parecer não apresentar resultados palpáveis na  TAP, ainda por cima receba uma indemnização. Não tivessem os contribuintes portugueses  socorrido a TAP (a contragosto) e talvez os resultados de 2022 não fossem os plasmados no  Relatório De Contas de 2022. Defende-se que agora a TAP está a dar lucro. Mas julgo ser  pertinente perguntar: é o resultado do exercício de 2023 e considera ou não resultados  negativos transitados de anos anteriores?

E não é de esquecer que temos bons gestores em Portugal (a “prata da casa” na qual devemos  ter a maior confiança e respeito). Mas isto é história (mas da má).

Um ou dois aeroportos? Onde e a que custo? Julgo que na sua grande maioria, o povo português sente-se profundamente desagradado com  estes acontecimentos e desconhecendo os meandros complexos desta problemática que os  técnicos da CTI com certeza sabem avaliar, necessita que lhe seja prestada sobre este assunto  informação simples e objetiva: “quanto custa”, “quem paga”, “quais os Fundos Europeus  disponíveis”, “quais as vantagens da nova localização e impacto na economia e finanças”.  Depois desta informação estar compilada num relatório isento e tecnicamente fundamentado  o Governo Português tem a responsabilidade de informar e esclarecer cabalmente o povo  português de maneira objetiva e clara.

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A par com os trabalhos da CTI, decorreram trabalhos de investidores que apresentaram as suas  propostas para uma solução Não Dual, ou seja, um só Aeroporto em vez de Portela + 1 (ou +2  ou +3, …). Para estes trabalhos foram determinados pela CTI, 21 critérios de avaliação, entre os  quais

Segurança aeronáutica;

Acessibilidade e território;

Saúde humana e viabilidade ambiental;

Conectividade e desenvolvimento económico;

Investimento público e modelo de financiamento.

Soluções Não Duais com mais destaque

As melhores soluções Não Duais que mereceram mais destaque foram: Vendas Novas,  Alcochete e Santarém

Em qualquer destas soluções tratar-se-á de um aeroporto novo para todas as servidões.  Acontece que qualquer destas soluções se considera numa primeira fase, a construção inicial  de uma pista e um terminal seguido pelo crescimento faseado do NAL. Ora uma pista e um  Terminal já nós temos no Aeroporto Humberto Delgado (e por sinal até duas pistas e dois  terminais se pensarmos no Terminal das companhias Low Cost) (e com possibilidade de  expansão do Terminal principal e eventualmente do Terminal Low Cost). Além disso não se  percebe que não haja possibilidade de desvio de tráfego para outros aeroportos (devidamente  preparados) na proximidade de Lisboa: Sintra, Tires, Montijo, Alverca, desde que devidamente  preparados.

A solução Não Dual coloca-se porque se prevê para 2045: 60 milhões de passageiros/ano. Mas  se a solução Não Dual for mesmo a que irá ser concretizada, de momento parece-me que se  existirem Fundos Comunitários para investimento e Capitais Próprios do Estado suficientes,  uma construção Não Dual deveria ser desde já dimensionada para pelo menos a capacidade prevista para 2045: 60 milhões de passageiros/ano (atualmente parece que estão  contabilizados 30 milhões de passageiros/ano no Aeroporto Humberto Delgado). Isto para não  aparecerem “reprises” do mesmo filme a que estamos habituados: o dinheiro gasta-se e em  vez do NAL iremos passar mais umas dezenas de anos a perguntar “quando é que se faz a  expansão do Aeroporto Humberto Delgado?”. Ou se for construído um novo Aeroporto, coloca se a questão: “quando é que se faz a expansão do Novo Aeroporto de Lisboa?”. É que quanto  mais tarde se fazem as expansões, mais caro fica (eventualmente ao preço – ou -superior – do Novo Aeroporto inicial). Mas a questão é sempre a mesma: “quanto custa”, “quem paga”,  “quais os Fundos Comunitários disponíveis”, “quais as vantagens da nova localização e impacto  na economia e finanças. Vamos ficar mais endividados? Foi para isto que se reduziu a dívida?”.

Vendas Novas

Proximidade de Lisboa (47 Km), proximidade de Setúbal (24 Km) e do pipeline Aveiras/Sines (6  Km) para abastecimento de combustível. Acessibilidades com recurso à A2 e à linha ferroviária  do Alentejo (muito moderna e de comboios rápidos, como se sabe). Exige a expropriação de  três herdades (coisa pouca) e inevitavelmente vai depender de uma nova travessia ferroviária  do Tejo (cuja localização ainda não foi concretizada e divulgada publicamente: Chelas/Barreiro?  Beato/Montijo?). À boa maneira política em Portugal, primeiro faz-se o Aeroporto e depois  (“Olha, é preciso fazer uma nova ponte e mais infraestruturas), e parece-me oportuno  perguntar também: Quem paga a nova ponte ferroviária? Outra vantagem muito citada é o  desenvolvimento da zona para compensar o desaparecimento das indústrias do Distrito de  Setúbal e a possibilidade de encontrar habitação mais barata que em Lisboa. Ou seja, enquanto  não existir transporte ferroviário rápido, fiável e constante, o tráfego rodoviário vai fazer-se  pela A2, Ponte Vasco da Gama e Ponte 25 de Abril. Quem utiliza estes acessos diariamente  sabe o que isso significa. O tráfego ferroviário far-se-á pela linha do Alentejo (se não houver  greve ou avarias). Isto sabendo-se que uns milhares de residentes em Vendas Novas, trabalham  em Lisboa. Fase inicial: uma pista e um Terminal. Julgo correto perguntar ao executivo da  Câmara Municipal de Vendas Novas se tem conhecimento dos custos deste aeroporto, se  obedece aos critérios da CTI e se foi quantificado o impacto ambiental, económico e financeiro  do desenvolvimento da região: Hospitais, Centros de Saúde, Médicos de Família, Escolas,  Indústrias afetas ao aeroporto e não só, ou seja, Saúde, Educação, Habitação, Apoios Sociais e  Trabalho. É que mais população obriga a mais e melhores condições de vida. Aparentemente o  executivo camarário não tem estudos financeiros sobre a localização do NAL em Vendas Novas.  Julgo também que convém perguntar ao executivo das Câmaras Municipais de Lisboa, de  Almada e de Setúbal se já fizeram esta quantificação e se já estimaram o que está em causa em  termos dos respetivos municípios. De acordo com os seus defensores, aparentemente o  aeroporto em Vendas Novas, vai retirar população da Área Metropolitana de Lisboa devido ao  suposto preço reduzido das habitações para além de outras vantagens (parece-me que o mais  provável é que o preço das habitações, aumente, dado o inevitável aumento da procura) como  proporcionar melhor acessibilidade de e para o aeroporto. E para os residentes que trabalham  em Lisboa, irá proporcionar melhor acessibilidade (por onde e em que condições?). Não se  sabe se estão respeitados os critérios da CTI nem quais os estudos financeiros disponíveis. Qual  será a opinião dos munícipes de Vendas Novas e qual será a opinião do povo português?

Conclusão: Parece-me que a solução Vendas Novas depende fortemente de uma nova travessia  ferroviária do Tejo, modernização da linha ferroviária do Alentejo bem como de uma estrutura  rodoviária eficaz, que faz pressupor que a nova travessia do Tejo não será apenas ferroviária.  Carece de todos os estudos. No fim, se uma espécie animal ou vegetal nidificar na zona,  ficamos mais 50 anos a estudar o assunto. E os sobreiros? Alguém pensou nos sobreiros?

Santarém

Aeroporto de Santarém… salvo seja, porque esta cidade ainda fica a uns bons quilómetros da  nova localização do aeroporto, antes mais perto de Torres Novas (mas apelidado assim, porque  pelo nome este projeto aparenta ficar mais perto de Lisboa, o que dá jeito para em minha  opinião, aumentar ilusoriamente a sua credibilidade). Os seus defensores são um grupo de investimento privado: Magellan 500, que apelidam este projeto de “amigo do contribuinte” por  ter um custo 0 €, investimento totalmente financiado pela Magellan 500. E defendem que  promove a coesão territorial (em termos não explicitados), e anunciam o apoio de várias Câmaras Municipais (com efeito, em princípio todas os executivos camarários estão de acordo  em captarem o NAL para o seu território mas parece que se esqueceram de auscultar os seus  munícipes e a resto da população, sobre o interesse nacional da local do NAL).

De acordo com  a Magellan 500 vai tratar-se de um aeroporto “regional” com impacto nacional e internacional  e de elevado potencial de expansão e encaixe de tráfego aéreo e de passageiros (também  financiados pela Magellan 500?). Sublinham também as acessibilidade fluvial, rodoviária e  ferroviária: Linha do Norte (quando não houver greve, obras ou avarias) e quatro autoestradas  das quais destacam como primeira opção a A1 (fracamente utilizada como se sabe, embora a  autoestrada A1 até ao Carregado já se sinta como uma espécie de extensão da 2.ª circular em  Lisboa). Para além desta, peço desculpa, mas só consigo descortinar mais a A23 para Castelo  Branco. Como vantagem a não esquecer ficará próximo de Fátima, que qualificam de local de  forte atração turística (visão enviesada de um local de “forte culto religioso”).

De Hospitais, Centros de Saúde, Médicos de Família, Escolas, Indústrias afetas ao aeroporto e  não só, etc. nem uma palavra. No fim de contas, o essencial para a população: Saúde,  Educação, Apoios Sociais e Trabalho.

Resumindo,

Segurança aeronáutica: desconhecida (questão da especialidade dos pilotos de aviação  comercial). Ora o relevo montanhoso da Serra de Aire combinado com o nevoeiro frequente  naquela zona e o forte calor no Verão parece ser o guião para mais um trágico evento. A não  ser que a Magellan 500 seja um grupo financeiro fortemente crente de Nossa Senhora de  Fátima e que nada acontecerá e/ou se acontecer, tão perto do Santuário de Fátima, as  alminhas serão imediatamente encomendadas por Nossa Senhora de Fátima para o Descanso  Eterno. Mas enfim, não me digam que qualquer piloto que aterre no Aeroporto do Funchal,  não consegue aterrar no Aeroporto de Torres Novas …

Quanto à segurança aeronáutica penso que o assunto é um problema da especialidade dos  pilotos de aviação comercial que deveriam pronunciar-se. O relevo montanhoso adjacente é ou  não um risco? Gostávamos de saber.

E já agora também o resultado dos estudos de impacto ambiental, financeiro e económico.

Acessibilidade e território: A1, Linha ferroviária do Norte e ligações fluviais (partindo do  pressuposto que a Magellan 500 está ciente das inundações do Tejo no Inverno e da respetiva  seca no Verão na ligação fluvial para Lisboa).

Mas alguém acredita que um projeto desta envergadura seja mesmo de custo zero para o  consumidor?

Alcochete

Parece-me que Alcochete (mais precisamente o Campo de Tiro) é o parente mais sensato das  três soluções, embora presentemente não lhe seja dada a devida relevância. Desconheço os  motivos pelos quais não se manteve no debate desde 2007, mas foi agora reavivado e ainda  bem. Foi uma solução que resultou de um relatório de comparação com a OTA e por não ter  tido seguimento “só” pode ser caracterizado pelas conclusões daquele relatório. Porém,  aparentemente ainda obedece à maioria dos critérios da CTI e os técnicos que elaboraram o relatório, foram de elevada competência e até apresentaram uma estimativa de custo: um  terminal e uma pista, cerca de 2 mil milhões; 1 terminal e duas pistas, cerca de três mil milhões  (a preços de 2007). A estimativa de custo tem que ser revista face ao enquadramento atual  (privatização da ANA que, entretanto, ocorreu, e outros fatores). Eventualmente carece de  atualização de novo estudo de impacto ambiental, económico e financeiro. É uma alternativa  que, pelos estudos já efetuados, merece uma atenção mais cuidada. Em minha opinião  dependerá também fortemente da nossa travessia ferroviária do Tejo (3.ª ponte) e não se sabe  se considerou as componentes de Saúde (Hospitais e Centros de Saúde), Educação e Apoios  Sociais a par com o problema da Habitação, Indústrias afetas ao aeroporto e não só, etc.

A jeito de conclusão, Vendas Novas e Alcochete estão fortemente dependentes de uma nova 3.ª  travessia do Tejo, ferroviária e eventualmente rodoviária, ponte que ninguém sabe onde vai  ficar nem quanto vai custar.

Assim, para Alcochete parece-me que se pode inferir o seguinte:

Segurança aeronáutica: estudo realizado

Acessibilidade e território: A33, A2, Ponte 25 de abril e Ponte Vasco da Gama, Linha Ferroviária  do Alentejo. Melhor se saberão pronunciar os utentes destas vias de transporte.

Saúde humana e viabilidade ambiental: estudo realizado (carece de atualização).

Conectividade e desenvolvimento económico e financeiro: estudo realizado (carece de  atualização.

Investimento público e modelo de financiamento: 2 a 3 mil milhões de euros conforme a opção  1 ou 2 pistas respetivamente (a preços de 2007)

Será uma prioridade? E finalmente não estou de acordo porque …

Toda a polémica sobre o Novo Aeroporto de Lisboa envolve uma despesa elevada. E face a esta  despesa, custa aceitar que não se resolvam os principais problemas da população: Saúde,  Educação, Segurança Social, Pensões, Habitação, Investimento, Recurso a empréstimos – Endividamento Nacional que remontam ao tempo anterior ao 25 de Abril. Já temos mais anos  de democracia que de fascismo. Gastar dinheiro com um novo aeroporto, para mim significa  que continua a ser desprezada a nossa população. Portugal é agora um país de poucos recursos  financeiros e dependente de investimento estrangeiro. Mas, por uma questão de soberania  julgo que deve haver coragem para dizer: “Agradecemos o vosso interesse, mas primeiro temos  de cuidar dos nossos. Quando houver dinheiro então voltamos ao assunto”. Nessa altura,  certamente algum outro grupo financeiro quererá investir. Para já este projeto fica ferido de  um mal-estar na população: “Então não há dinheiro para dar dignidade à população, médico de  família, professores, médicos e enfermeiros e habitação, mas há dinheiro para coisas  supérfluas?”. É óbvio que o Novo Aeroporto de Lisboa não um projeto supérfluo. Mas gostaria  de resolver primeiro os problemas de base da população e depois passar para o  desenvolvimento e investimento. O Governo pode sempre argumentar que obras deste volume  dão muita receita em IVA e IRC. Pode ser que sim. Mas não existem resultados concretos  dessas receitas e quando se gasta tanto do nosso dinheiro num país com os nossos recursos financeiros, o seu gasto tem de ser bem objetivado e controlado (para depois o Tribunal de  Contas não acusar despesas ilegítimas na obra, pois custa também acreditar que a conta final  da obra sejam 8 mil milhões de euros, mas antes 12 ou 16 mil milhões de euros – e sem as  expansões). E se a justificação para a obra é a saturação do Aeroporto Humberto Delgado, saiba-se que assisto aos mesmos problemas em aeroportos de maior dimensão: bagagem  demorada e/ou perdida. Passageiros a dormir nas cadeiras ou no chão, etc.). Por isso, com os  nossos escassos recursos, façamos as obras de melhoramento do Aeroporto Humberto  Delgado, porque para um Aeroporto mais distante nem o ex-ministro Galamba tem paciência  para se deslocar para lá e vir de lá).

Neste capítulo, convém ainda acrescentar (facto não divulgado) que quem percebe de turismo  sabe que a base da expansão turística em Lisboa é a proximidade do Aeroporto Humberto  Delgado, e no Algarve, a proximidade do Aeroporto de Faro de unidades hoteleiras e  golfe.

Então, e Beja?

Durante os últimos meses bastantes pessoas apontarem Beja para operar como Novo  Aeroporto de Lisboa, porque o aeroporto já está construído, e é, por sinal, o único em Portugal  para operar com o grande Airbus A380 (853 passageiros) que já voltou a ser rentável após a  pandemia COVID-19. Aproximadamente a partir de 80% da ocupação de um avião, é lucro para  a companhia.

Mas, vamos por partes:

Beja pode ser prejudicial para o turismo pelos motivos acima expostos, embora possa dar  apoio à Costa Vicentina (esperando que não cresçam aglomerados de unidades hoteleiras e  tirar todo o encanto à paisagem e possibilidade de descanso para quem procura aquele  destino);

Poder-se-ia tirar partido de já estar construído para ser essencialmente uma plataforma  comercial para inúmeros destinos. Seria um aeroporto de apoio ao Porto de Sines e de  entreposto entre este Porto e de ligação ao resto do território europeu, o que poderia gerar  muitas receitas e pagar a manutenção (que estamos a pagar, mas que não se sabe quanto  custa. Gostávamos de saber);

Pode dinamizar o Porto de Sines em receção e expedição de carga (será de uma importância  comercial estratégica para Portugal: as mercadorias chegam de navio e são rapidamente  expedidas pelo aeroporto para qualquer destino e vice-versa; poucos Km para ligação ao  pipeline Aveiras – Sines. Poderia servir de precursor de investimento em linha ferroviária, Beja Lisboa, Lisboa-Beja-Faro e resto da União Europeia;

Julgo que os requisitos de Segurança Aeronáutica, Saúde Humana e Impacto Ambiental estão  feitos;

Acessibilidade e território: Carece de linhas ferroviárias de alta velocidade; Conectividade e desenvolvimento económico: estudo económico-financeiro a realizar;

Serão necessárias as devidas reabilitações e construções de Escolas, Hospitais, Centros de  Saúde, Habitação, Indústrias afetas ao aeroporto e não só, isto é, as componentes relacionadas  com Saúde, Educação, Apoio Social e Trabalho.

Dos executivos camarários, nem uma palavra em defesa da região, defesa que considero de  interesse para os portugueses. Enfim, o Alentejo que já há muito deixou de ser o “celeiro de  Portugal” teria aqui uma oportunidade de desenvolvimento e de criação de riqueza. Quantas  cidades não se desenvolveriam com o NAL localizado em Beja? Mas descartar Beja no enquadramento acima exposto pode ser uma oportunidade perdida para o desenvolvimento  nacional.

Conclusão: resolvidas as dificuldades dos portugueses, esta seria a minha aposta.

Ao cuidado da CTI, novo Governo e obviamente do povo português.