A noite de terça-feira começava com uma notícia revoltante. Israel tinha bombardeado um hospital em Gaza, matando mais de 500 pessoas.

Na manhã da quarta-feira seguinte, com a luz do dia, começaram a chegar as primeiras imagens in situ da explosão, que se verificou não em qualquer hospital, mas num parque de estacionamento contíguo a um hospital.

Nenhuma cratera de um míssil ou bomba é visível nessas imagens, que nos fizeram interrogar como poderiam estar naquele diminuto e fechado espaço mais de 500 pessoas.

Cubram-se de vergonha os meios de comunicação social que embarcaram imediatamente na narrativa do “bombardeamento de Israel” e da contagem apressada e não verificada de “mais de 500 mortos”.

A pressa em ser o primeiro a pôr no ar ou a publicar online, a repetição à náusea de notícias não confirmadas, veiculadas por fontes imprecisas, tantas vezes de origem duvidosa, como as que encontram o campo fértil para todas as “pós-verdades”, fake news e manipulações grotescas da opinião pública na rede antes conhecida como Twitter, agora transformada no abominável reino maligno de X do desprezível Musk, são um dos maiores atentados à sanidade coletiva mundial.

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E depois, vêm sempre atrás os papagaios de serviço, os idiotas úteis, os crentes acríticos e, claro, os mal-intencionados e manipuladores.

A verdade, os factos, o contexto, a história, parece que já nada interessa. Tudo são detalhes, minudências, pormenores irrelevantes.

Mesmo as vidas de inocentes, sejam elas israelitas ou palestinianas, quando usadas por muitos dos que tomam parte na discussão, parecem ser apenas mercadoria argumentativa.

Na verdade, os abutres que pairam sobre a terrível carnificina que, de ambos os lados, se vai construindo nestes tempos sombrios, alimentam-se disto. Mais do que se preocuparem com a dignidade da vida humana, eles querem é que o seu lado vença, que o seu lado tenha razão.

A verdade é que nada é a preto e branco neste conflito israelo-palestiniano, tudo é cinzento, tudo é mais complexo do que parece à primeira vista.

Sosseguem, portanto, os que se apressam a debitar sentenças definitivas e insanidades nos comentários que produzem, seja em declarações políticas, em comentários na comunicação social, ou mesmo nas redes sociais.

Todos os problemas do mundo ficarão um pouco mais fáceis de resolver sem as vossas militâncias de pacotilha.