Em 24 de Fevereiro de 1985 Portugal recebeu no Jamor a República Federal da Alemanha que nos brindou com um banho de futebol. Derrota por 1-2, um resultado lisonjeiro face à limpeza com que nos despacharam. No dia seguinte a primeira página do jornal A Bola rezava: “Não foi do terreno, não foi da fruta, foi dos alemães”. Estive no estádio, e foi de facto dos alemães. De tão evidente foi a sua superioridade nesse jogo que acabámos por ficar desarmados e sem oportunidade para invocar outras razões, como o mau estado do terreno num desaire anterior, ou as queixas de falta de fruta no hotel de Moscovo antes de encaixarmos 5-0 contra a URSS.
Este foi um tempo em que a seleção vivia de vitórias morais e onde as desculpas surgiam céleres, mas onde já se sentia que faltava qualquer coisa que nos afastava das grandes competições de futebol. Não sei sobre o impacto da derrota por 5-0, do tal banho de futebol, e do respetivo título do jornal. Mas percebi que, a dada altura, passámos a ter uma atitude frontal e descomplexada face aos desaires, ao que não terá sido alheia a presença do Benfica e F.C.Porto em cinco finais europeias nesses anos 80, e as vitórias nos campeonatos mundiais de juniores de 1989 e 1991. A partir daí passámos a disputar acerrimamente o acesso a todas as grandes competições internacionais.
Vem isto a propósito das narrativas, ou melhor, desculpas, que o PS vem arranjando para os desaires de Portugal. Aponta-se agora o dedo à Covid e à guerra, como se as consequências destes eventos atingissem unicamente Portugal. Evidentemente só os maluquinhos e destituídos de razão, e que aparentemente são muitos, engolem isto. Pois eu sugiro olharmos bem de frente para os nossos problemas e que todos os jornais publiquem na primeira página o seguinte: «Não foi da Covid, não foi da guerra, foi do PS». Olhe-se para baixo e conclua-se.
Treinador: José Sócrates. Animal político. Sem modos, permitiu que se testemunhasse pela primeira vez nas televisões um primeiro-ministro com ares de enfado de homem vulgar quando contrariado, e arfares de cavalo irrequieto se apertado. Jactante, dizia que as dívidas deviam ser vistas como um mero conceito para ser gerido e um instrumento para dar gás aos dislates. E teve ainda vagares para receber umas maletas com notas que iam de Lisboa para Paris pela mão do seu estafeta Perna (não consigo imaginar melhor nome). A sua maior obra é o projeto que hoje impera, e que passa pela ocupação do Estado pelo PS e o destrato para com quem ouse pensar diferente.
Guarda-redes: Pedro Adão e Silva. Incompreendido frangueiro. Só joga bem nos treinos. Em jogos oficiais atrapalha-se.
Defesa direito: Vieira da Silva (pai). Maçador. Nunca aparentou ter muita pachorra para jogar. Com paciência institucional falava para plateias que tinha por destituídas.
Defesa central: Ferro Rodrigues. Péssima química. Repoltreado nos assentos da Assembleia, a custo lá cumpriu com ar de enfado e a contragosto as imposições da democracia.
Defesa central: Medina. Atordoado. Despeitado pelo eleitorado lisboeta, vai destilando fel com ar severo e boca de apito as agruras impostas pela austeridade que vai ter de aplicar nos ministérios. E ai de alguém que se atravesse à frente de um apparatchik ferido pelo eleitorado. Que o diga o sensato, mas não menos egocêntrico avançado, e também ministro da economia, quando ousou pisar o risco.
Defesa esquerdo: Marta Temido. Pispirreta de ar despachado e risinho irritante, destruiu o SNS ao som da Internacional.
Trinco: João Galamba. Inflexível. Joga com um taco de basebol na mão (o árbitro deixa). Não concebe que outro possa ter uma opinião ligeiramente diferente da sua.
Extremo esquerdo: Santos Silva. Vivaço e esperto. Faz um jogo discreto, mas muito influente. Com voz pausada à sapiente, qual DDT, segue mais o que a inteligência determina e menos o que a democracia obriga. Muito distraído com Sócrates, mas muito vigilante com Ventura, parece navegar de acordo com o interesse da seita e com desdém pelo critério, ficando-se com a ideia de que assumiu a democracia formalmente adornada à esquerda como substituto ideal da ditadura. Jogador a seguir com atenção.
Médio centro: António Costa. Distribuidor de jogo. É um profundo conhecedor da natureza da assistência e os anseios e possibilidades da equipa, e por isso um exímio promotor do encontro pérfido entre os interesses dos segundos e a desistência dos primeiros. Desta união estéril vai resultando o estado a que chegámos. Um país que vai sendo ultrapassado por todos, sem rumo, sem fibra, com pirâmide etária invertida, velho na mentalidade, e onde o refúgio do conformado se encontra numa ficha de inscrição de militante do PS, e o do irrequieto se encontra no check-in do aeroporto. O seu maior problema é a bilhética. Todos querem Camarote ou Central, mas já só vai tendo Superiores ou Peão para distribuir. Há esperanças na construção de uma arquibancada (regionalização) para evitar distúrbios.
Extremo direito: Pedro Nuno Santos. Caceteiro. Prometia caneladas ao rigoroso credor alemão. Agora leva a cabo essa promessa sobre o contribuinte português despejando-lhe contas e mais contas com a sua política perdulária na TAP. Um Ministro caríssimo para o contribuinte, mas certamente muito conveniente para os credores da TAP.
Avançado: Vieira da Silva (filha). Muito querida. Consegue dizer com um arzinho de convento as maiores barbaridades. Angelical, acolheu o recém-licenciado Cunha (os socialistas acertam bem nos nomes) a ganhar 4000 euros/mês e pelo qual jurou que o cartão do PS com que o petiz celebra o olimpo socialista não foi critério de seleção. As más-línguas dizem que se trata de assédio. Fora isso só sabe jogar para trás.
Avançado: Costa e Silva. Desgraçado. Em pura missão de sacrifício. Ninguém lhe passa a bola.
Suplentes utilizados:
- Centeno. Uma enguia útil. Na Academia publicou uma coisa, no ministério praticou outra. E o mais extraordinário é que o fez sempre a rir. Agora no Banco de Portugal equilibra-se.
- Tiago Brandão Rodrigues. Faz-me lembrar Artur Jorge em 1994 quando chegou ao Benfica. Lixou aquilo tudo.
- Cabrita. Melhor marcador na própria baliza. Acho que nunca acertou uma. Não se percebe como fez parte de plantéis!
- Graça Fonseca. Entrou em campo, assumiu-se e saiu.
- Constança Urbano de Sousa. Contra o Cascalheira aguentou-se. Depois…
- João Soares. Cartão encarnado na primeira jogada.
Fotógrafo: Marcelo
Percebem porque é que somos ultrapassados por todos? Enquanto não olharmos de frente para isto nada feito.