Os recentes acontecimentos em Paris merecem e hão-de merecer a nossa atenção nas próximas semanas. Para além do infortúnio humano dos mortos e dos feridos não podemos perder esta oportunidade única de concertação internacional.

Paris II tem de servir de lição – a lição que não aprendemos com o ataque ao “Charlie Hebdo”. Naquela ocasião, políticos e cidadãos deram as mãos, apelaram, gritaram, vieram para a rua, proclamando que “todos eram Charlie”. Depressa o esqueceram.

Nunca um terrorista fez uma revolução. Antes pelo contrário foram terroristas que quase destruíram a revolução tunisina este ano. O combate ao terrorismo não nos deve meter medo, deve ser determinada e não tacticista. Deve proporcionar respeito por nós próprios, enquanto humanistas.

A lição de Paris não está na intervenção precipitada e imediatista contra o ISIS. São este tipo de atitudes que alimentam os extremismos e os populismos que se reerguem pela Europa fora.

Esta é a oportunidade que a comunidade internacional tem de conjugar forças assumindo interesses mas agindo. Sem tibiezas e com frontalidade. Esta é a oportunidade dos entendimentos e da “real politik” proactiva.

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Não queremos mais ataques, nem queremos alimentar ódios. Nem queremos lamentar mais mortos. Não queremos à segunda-feira lembrar os avisos da véspera ou as memórias dos meses anteriores.

No rescaldo desta crise a Europa tem de exigir mais intervenção concertada, internamente, mas principalmente, em termos internacionais.

A Vice-presidente da Comissão Europeia Frederica Mogherini tem aqui uma oportunidade de pedir responsabilidades europeias aos seus parceiros mundiais para o suporte ao terrorismo. Pedir uma carta de alforria aos intervenientes para que a Europa deixe de ser o quintal do terrorismo.

A Europa tem de falar a uma voz. A mesma voz da Rússia e dos Estados Unidos, do Irão e do Iraque mas também da Arábia Saudita e da Síria. Um terrorista mata e mói. Destrói e estraga sem objetivo visível. Não os deixemos estragar mais.