Este sábado, dia 14 de outubro de 2023, celebra-se o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos.

É um dia importante em que decorrerão várias ações de sensibilização da população para reconhecer a importância dos cuidados paliativos na nossa sociedade, desconstruir mitos e como forma de luta por um acesso equitativo aos mesmos por todos os portugueses, pois estima-se que 70% não têm essa possibilidade de acesso.

Vigora a falta de empenho neste planeamento, vigora o vazio da importância de elucidar sobre o tema da doença crónica complexa e da doença oncológica avançada.

Preocupa-me que, estando no último trimestre do ano, ainda não tenha sido publicado pela ACSS o documento referente ao Plano Estratégico para o Desenvolvimento dos Cuidados Paliativos do biénio 23-24. Precisamos de clareza e de orientação, em particular com a grande reestruturação que se espera em 2024 com o alargamento das Unidades Locais de Saúde a todo o país.

Onde cabe esta prestação de cuidados no futuro?

De acordo com os dados da PORDATA, em 2002, em Portugal, registava-se uma taxa de 103,3 idosos por cada 100 jovens. Esta tendência não diminui, pelo contrário, existirá um agravamento substancial nas próximas décadas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os sistemas de saúde são responsáveis por integrar os cuidados paliativos (CP) na totalidade de cuidados disponibilizados aos doentes com doença crónica complexa ou ameaçadora da vida. São estes cuidados que irão ajudar as populações no futuro.

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Sabemos que os CP são tanto mais eficazes quanto mais precocemente integrados no curso das doenças, não só melhorando a qualidade de vida dos doentes e suas famílias, como reduzindo hospitalizações desnecessárias e a sobreutilização de serviços de saúde.

Os profissionais que trabalham nesta área tão sensível da medicina precisam de orientações para saber como cuidar no futuro.

Este é o apelo de quem cuida, este é o nosso apelo.

Temos de começar a preparar hoje o futuro para de aqui a 20 anos e a isso chama-se planeamento estratégico. Há inúmeros programas de modernização tecnológica do sistema de saúde, mas não há este planeamento em antecipar essas necessidades crescentes na saúde e temo que esta situação leve ao colapso do SNS assim como o conhecemos.

Será que o SNS está em Cuidados Paliativos?

Preocupo-me como cidadão, preocupo-me como filho, que os meus pais estejam a envelhecer num país que não tem dado a importância devida a esta temática. Preocupa-me que muitos dos meus doentes não tenham o acesso a esta tipologia de cuidados. Preocupa-me que o futuro do SNS esteja em cheque, que os cuidados paliativos façam cada vez menos parte da solução, pondo assim em causa a excelência de prestação de cuidados por parte destas equipas especializadas.