A proximidade das eleições desencadeou um ruído frenético sobre estratégias eleitorais, sejam coligações pré ou pós-eleitorais, sempre com o argumento da maximização do poder político. Será que essa pressão reflete genuinamente um compromisso com o desenvolvimento estrutural do país ou está enraizada num movimento de cunho eleitoralista? Ou pior, está enraizada num movimento de interesse pessoal de cunho eleitoral?
Deparamo-nos até agora apenas com propostas isoladas, de PSD, PS e Chega, em formato de leilão eleitoralista e nenhuma sobre planos estruturais para o desenvolvimento do país. Essas medidas, embora possam atrair eleitores no curto prazo, mostraram que careciam de uma visão a longo prazo, e que comprometem o crescimento sustentável.
É crucial desvincular a política eleitoral da superficialidade das medidas isoladas e direcionar o foco para propostas estruturais. O país necessita de políticas que abordem questões fundamentais, como educação, saúde, infraestruturas e sustentabilidade, proporcionando melhorias duradouras.
Os partidos políticos desempenham um papel central na definição da agenda política, e neste ponto a Iniciativa Liberal demonstrou que, ao invés de ceder à pressão de coligações imediatas, as instituições devem concentrar esforços na elaboração de programas que visem solucionar os problemas reais dos portugueses. E os candidatos devem ter a responsabilidade de apresentar propostas substanciais, com compromissos reais, e largar de vez as estratégias propagandistas que nada oferecem sobre soluções concretas e viáveis.
Surpreendentemente, observamos neste xadrez político, a participação de “nichos” liberais na consideração e pressão por acordos pré-eleitorais, aparentemente contradizendo os princípios fundamentais da Iniciativa Liberal (IL) e da moção aprovada. A essência liberal, que preconiza a autonomia do indivíduo e a redução da intervenção estatal parece entrar em choque com a ideia de coligações que, por natureza, implicam concessões e perda de voz. A questão que se impõe é se esta mudança de postura reflete uma adaptação estratégica a interesses momentâneos ou se há uma reavaliação genuína dos valores liberais. A possibilidade de interesses políticos que se sobrepõem a convicções ideológicas é um ponto intrigante que merece uma análise mais profunda e levanta questões sobre a integridade e coerência das posições políticas desses atores.
Uma última nota para os órgãos de comunicação social, que desempenham um papel crucial na formação da opinião pública, e as pressões que ocorrem das estratégias políticas e que fazem com que estas surjam como um tema central. Por isso, devemos questionar: este ênfase excessivo sobre alianças políticas, ou querelas internas e boçais partidárias, não estará a desviar a atenção do debate político construtivo e a comprometer a seriedade das discussões? Não estarão estes, com a sua procura por “cachas” novas, a perder a oportunidade de levar aos portugueses aquilo que são as ideias e propostas dos partidos sobre a atualidade do país? Uma atualidade que está a deixar os portugueses sem médico de família, sem habitação, sem rendimentos e sem futuro.
A pressão por coligações e estratégias eleitorais nos media é inevitável, mas é essencial que esta não eclipse a necessidade premente de propostas estruturais para o desenvolvimento do país. Políticos, partidos, eleitores e comunicação social têm a responsabilidade coletiva de garantir que as discussões eleitorais vão além do imediatismo e se concentrem na construção de um futuro sólido e sustentável para a nação.