A madrugada de 26 de agosto de 2024 vai ficar marcada na mente de muitos portugueses. Por volta das 5h11 da manhã, a terra tremeu, e o abalo fez-se sentir não só em Portugal, mas também em Espanha e Marrocos.
Nos números avançados até ao momento, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) refere que o sismo teve uma magnitude de 5,3 na escala de Richter, sendo o maior registado em Portugal Continental dos últimos 55 anos. Este sismo, cujo epicentro localizou-se a cerca de 60 km a Oeste de Sines, foi sentido em vários pontos de Norte a Sul do país, tendo sido mais intenso na área metropolitana de Lisboa.
Este abalo deveria “abrir os olhos” para a realidade sísmica em Portugal, especialmente considerando que Lisboa é a segunda cidade da Europa com maior risco sísmico que cerca de 47% do parque habitacional nacional não tem seguro e dos restantes, apenas 36% é que tem cobertura de fenómenos sísmicos, ou seja, 19% do total das habitações.
É essencial que sociedade, empresas e governo apostem na prevenção. Felizmente, o recente sismo não causou danos pessoais ou materiais.
No entanto, e olhando para a história, o terramoto de 1755 deixou uma Lisboa completamente destruída. O Marquês de Pombal ordenou a abertura de um inquérito sobre o que se tinha passado e, ainda hoje, esses registos são utilizados pelas seguradoras para avaliar o risco sísmico nos seus seguros. Todavia, pouco mudou. Foram feitas mudanças nas estruturas e criaram-se prédios e edifícios preparados para estas situações, contudo mantivemos essa construção e preocupação? A resposta é não.
Existe uma infinidade de medidas que podem e devem ser tomadas a priori e que permitem minimizar o possível impacto de um sismo. Para isso, é importante estar informado sobre o que fazer, planear antecipadamente, assegurar que a família e o património estão protegidos para que, assim, se possa diminuir as potenciais consequências.
Desta forma, devemos continuar a apostar na consciencialização da importância dos seguros e influenciar as Pessoas a olhar para a proteção através do seguro como um benefício e não como uma obrigação.
Lisboa, Algarve e Açores são zonas de elevado risco. Antecipação. Planeamento. Segurança. São três palavras a considerar, sobretudo agora.
Estes fenómenos da natureza acontecem pelo mundo fora. Em fevereiro de 2023 assistimos à tragédia que abalou a Turquia e a Síria e que tomou proporções mais drásticas do que o abalo vivido na madrugada de 26 de agosto em Portugal.
Morreram 53 537 pessoas e 107 213 ficaram feridas. Este sismo devastador teve uma magnitude de 7,8 na escala de Richter e atingiu o sudeste da Turquia.
Uma nota final sobre as soluções de resiliência partilhada, onde o setor segurador, através da Associação Portuguesa de Seguradores, já apresentou no passado uma solução que passa pela criação de um sistema nacional de proteção contra riscos catastróficos.
Há conhecimento técnico, mercado de resseguro e soluções implementadas noutros países. Porém, é preciso vontade política para avançar. Portugal sairia a ganhar, por isso façamos acontecer antes que seja tarde.