O setor energético será aquele que mais contribuirá para a descarbonização da economia ao longo da próxima década, tal como já acontece agora.

A eletrificação direta dos consumos é a forma mais rápida de caminhar para um modelo hipocarbónico, ou seja, com muito poucas emissões de CO2. Claro que isto só acontece quando a eletricidade usada é produzida a partir de fontes renováveis.

Portugal está vinculado a uma meta de incorporação de 80 por cento de renováveis no consumo de eletricidade até 2030. É curioso observar que, no decorrer do último ano, mesmo em período de pandemia, a incorporação da eletricidade renovável esteve em muitas alturas acima desses 80 por cento, o que nos deixa numa posição privilegiada, mas não é sinónimo de que o desafio esteja concluído.

Há setores, como a indústria, onde a eletrificação direta não é nem custo-eficiente, nem ambientalmente adequada. Para esses casos, o que defendemos é que o hidrogénio verde possa ser utilizado como forma de eletrificação indireta.

Portugal propôs-se, no seu Plano Nacional de Energia e Clima, a atingir 47 por cento de energia renovável no consumo final bruto de energia. Este grande desígnio global exige que se olhe além da eletricidade, equacionando novas alternativas, sobretudo no que diz respeito às indústrias de utilização intensiva de energia para as quais não existe outra alternativa ambientalmente sustentável e não poluidora.

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O hidrogénio verde ou renovável, produzido através da eletrólise da água, recorrendo a um processo eletroquímico que separa o átomo do hidrogénio do átomo do oxigénio, com recurso a eletricidade produzida a partir de fontes renováveis, não tem emissões associadas à sua produção.

É este hidrogénio verde que será a ferramenta para descarbonizar um conjunto de processos de vários setores empresariais e públicos. A indústria de uso intensivo de energia tem nesta solução a sua via verde para a transição energética. É recorrendo a esta tecnologia que cerâmicas, vidreiras, a fundição de aço e a indústria química, entre outras, poderão dar um contributo para o paradigma da neutralidade que perseguimos.

O hidrogénio verde pode substituir os combustíveis fósseis em alguns processos industriais com utilização intensiva de carbono reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa e reforçando a competitividade dessas indústrias.

Só assim conseguiremos despoluir a indústria de uso intensivo de energia.  Até 2040 será possível substituir o gás natural pelo hidrogénio verde, garantindo, em paralelo com a eletricidade renovável, todas as necessidades de consumo e assegurando uma redução muito acentuada das emissões de CO2.

O hidrogénio renovável é essencial para uma economia com impacto neutro no clima – o lugar onde Portugal e a Europa querem estar em 2050 – substituindo as matérias-primas e os combustíveis fósseis em setores de difícil descarbonização. Constitui também uma oportunidade única para a investigação e inovação, criando crescimento económico e emprego em toda a cadeia de valor.