Uma das questões que mais tem perturbado as pessoas em torno do tema das alterações climáticas diz respeito aos alertas sobre o perigo de esgotamento dos recursos do planeta e colocarmos assim em risco as gerações vindouras.

Ressurgem agora teorias dos anos 60 do século passado (para não ir mais longe) acerca da necessidade de controlar o crescimento, se não mesmo reduzir a população mundial, por forma a que os recursos naturais sejam preservados e a pegada carbónica dos seres humanos seja minimizada.

Há neste argumento uma contradição evidente: ou bem que nos preocupamos com as gerações futuras, ou bem que promovemos a extinção do homem.

Seria bom os profetas da desgraça climática não esquecerem algo tão básico como o facto de não ser relevante o número total de átomos no planeta, mas sim as virtualmente infinitas combinações do que com eles podemos fazer.

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Às Gretas e seus heterónimos valia a pena também um exercício de humildade que passaria por reconhecer que não são omniscientes ao ponto de poder excluir a possibilidade, ou mesmo a forte probabilidade de o homem nem sequer ter descoberto ainda todos os recursos que tem à sua disposição.

Todavia, esta gente tem acima de tudo uma profunda falta de confiança no ser humano e um desconhecimento total da história do planeta. Nunca tínhamos vivido com tanta abundância de bens e tempo para lazer. Ao longo dos tempos, com a sua criatividade e inovação, o homem sempre se foi adaptando a ambientes inóspitos e encontrando soluções para a sua sobrevivência e para a melhoria do seu bem-estar. Os mais vulneráveis e desvalidos de hoje, apesar de tudo, têm melhores condições de (sobre)vida do que teriam há 50, 100 ou 500 anos atrás.

A realidade dos factos e as evidências mensuráveis contradizem totalmente a ideia de que o crescimento da população gera a sobreutilização de recursos. Estes são hoje mais abundantes através da muito maior eficiência do seu uso, aumento da produção e surgimento de bens alternativos e substitutos.

Quanto mais escassos forem os recursos, mais elevado o seu preço. Torna-se assim paradoxal a narrativa vigente quando se constata que um micro-ondas estava à venda nos EUA em 1979 por 400$ e em 2015 por 60$. Em média um trabalhador americano precisava de trabalhar 60 horas para pagar esta compra quando Jimmy Carter era Presidente, mas em 2015 apenas com 3 horas de trabalho levava o electrodoméstico para casa. Outro exemplo: em 2015 era necessário trabalhar menos de um sexto do tempo do que em 1979 para ter uma torradeira na cozinha.

O preço-hora dos bens como medida do custo dos recursos em termos de trabalho são dados curiosos compilados pelo projecto HumanProgress e deles se constata que num período de 35 anos se reduziram em média quase 65%. Note-se que em 1979 a população mundial era de 4,3 mil milhões de pessoas e hoje somos mais 7,7 mil milhões.

Como é óbvio para cérebros devidamente irrigados, não será a redução da população mundial que promoverá o avanço da tecnologia. A criatividade e o conhecimento não surgem por via legislativa, radicam nas pessoas e a verdade é que quanto mais pessoas existirem no planeta, mais inteligência fica disponível, maior a possibilidade de melhorar a nossa qualidade ambiental, e mais alargados ficam os mercados para aproveitamento das vantagens da especialização. A redução de emissões de gases nocivos ao ambiente e a reengenharia ambiental de processos produtivos, por exemplo, virão de inovações ou invenções tecnológicas e não da legislação.

O mundo não é um jogo de soma nula em que mais um ser humano retira qualidade de vida aos já nascidos. Para minimizarmos os efeitos negativos do clima e optimizarmos a nossa adaptação à Natureza precisamos de mais liberdade para as pessoas, menos heróis, nenhum profeta a impôr a sua lei pela força do estado. E dispensam-se anti-natalistas.