No tradicional discurso na Festa do Pontal, realizada no Algarve, Luís Montenegro, líder do Partido Social Democrata, apresentou uma visão clara para o futuro do país, assente em medidas de justiça social e de promoção do bem-estar e qualidade de vida dos  portugueses. As propostas elencadas, que vão desde a valorização remuneratória das  forças de segurança ao suplemento extraordinário das pensões mais baixas, refletem um  compromisso com a igualdade e o desenvolvimento sustentável, características que são  apanágio de um verdadeiro partido social-democrata – ou seja, de centro-esquerda.

Além disto, Montenegro destacou, em primeira instância, no campo da Saúde, a  valorização das carreiras dos profissionais de saúde, sublinhando a importância de  reconhecer e recompensar o trabalho daqueles que estão na linha da frente do sistema de  saúde. De acordo com o líder laranja, a melhoria das condições de trabalho e das  perspetivas de progressão na carreira dos profissionais de saúde é nevrálgico para garantir  a qualidade dos serviços de saúde prestados à população, bem como a fixação de destes  no SNS. Apontou a necessidade de formar mais médicos, dado o número de médicos que  se irão aposentar nos próximos anos, tendo anunciado a abertura de cursos de medicina  na Universidade de Évora e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Acrescentou,  inclusive, que, contrariamente à esquerda, que tem uma fixação com o serviço público de saúde ser prestado exclusivamente pelo Estado, o PSD defende que a colaboração entre o  setor privado e social são fundamentais para responder aos anseios da população.

Adicionalmente, a Educação também ocupou um lugar de destaque no discurso. Montenegro enfatizou a importância de se ter alcançado um acordo justo com os  professores, reconhecendo o papel central que estes desempenham na formação das  gerações futuras. A valorização da carreira docente é, para o líder social-democrata, uma prioridade num país que prevê o paulatino envelhecimento da classe docente, bem como uma redução do número de professores.

Outro ponto nuclear da sua intervenção, foi a proposta de criação de um passe ferroviário com um custo de somente 20 euros mensais. Esta medida visa não só tornar o transporte público mais acessível a todos, mas também promover a sustentabilidade ambiental, incentivando o uso do transporte coletivo em detrimento do transporte  individual. Esta proposta, alinhada com os valores da social-democracia, reflete uma  preocupação com a equidade no acesso aos serviços públicos e a proteção do meio ambiente.

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Igualmente, Luís Montenegro anunciou a intenção de implementar um aumento extraordinário das pensões mais baixas, como forma de aliviar as dificuldades financeiras enfrentadas por muitos idosos. Esta medida é emblemática de uma política que busca  proteger os mais vulneráveis e reduzir as desigualdades sociais, um princípio fundamental do ideário social-democrata.

Em matéria fiscal, o líder do PSD salientou o trabalho já efetivado pelo governo, designadamente na descida do IRS para a classe média, reconhecendo a importância de  aliviar a carga fiscal sobre aqueles que sustentam grande parte da economia do país. Mais, salientou a implementação do IRS Jovem – IRS máximo de 15% – para os jovens até aos 35  anos, uma iniciativa que visa incentivar a permanência dos jovens no país e apoiar a sua  entrada no mercado de trabalho, ao mesmo tempo que se promove a justiça intergeracional.

Não é despiciendo referir que Montenegro relembrou a isenção do IMT na compra da primeira habitação, constituindo, na ótica laranja, mais uma medida relevante para a  fixação dos jovens em Portugal.

Em suma, as medidas apresentadas por Luís Montenegro na Festa do Pontal são de tradição social-democrata, de centro-esquerda. Aliás, o próprio fez questão de destacar  que o PSD não é um partido liberal, que “não acha que o mercado resolve tudo por si só”,  nem é socialista, pois não advoga que o Estado se deva imiscuir em tudo na vida das  pessoas, do seu dia-a-dia, nem que só o setor público pode prestar serviços públicos e que,  num golpe dirigido ao PS, o Estado não pode ser um instrumento para dar benesses à espera  de obter proveito eleitoral. É, pelo contrário, um instrumento que está ao serviço das  pessoas, para melhorar a sua qualidade de vida. No seguimento, Montenegro destacou o foco na justiça social, no fortalecimento dos serviços públicos e na proteção dos mais  vulneráveis, que reflete uma visão política que busca fomentar um desenvolvimento  equilibrado e inclusivo. Assim sendo, ao priorizar a valorização das carreiras públicas, o  apoio aos mais desfavorecidos e a promoção da equidade fiscal, o líder do PSD coloca o  partido numa posição clara de defesa dos princípios da social-democracia, adaptados aos  desafios contemporâneos e prementes. Quem diria que o então líder parlamentar de  Passos Coelho, um liberal clássico — um neoliberal para muitos à esquerda —, seria agora um Primeiro-Ministro cabalmente social-democrata ao ponto de poder estar perfeitamente  no Partido Socialista?