Não tem papas na língua. Não é politicamente correcto. Está-se pouco lixando para os Focus Group. É intuitivo. É assertivo. É contundente. Sabe comunicar. Chega a todos. Não é elitista. Não tem medo da verdade. Defende rigorosamente suas convicções. Toca em todas as feridas do país sem receios. É determinado. É teimoso. É genuíno. Sabe liderar. Eis o segredo de André que personifica o Chega.

Não é por acaso que todos lhe têm medo. Uma pessoa assim, no Parlamento, de facto, é assustador. Pior: abre as portas, caso seja bem sucedido, para que entre mais gente do mesmo calibre. O problema? Simples: vai ser o começo de uma oposição forte ao regime que nos desgovernou por mais de 44 anos. É a semente que vai germinar e reproduzir-se de tal modo que vai provocar, a médio prazo, a implosão do sistema que criou políticas erráticas que conduziram à maior corrupção de que há memória neste país. Será o início do fim de uma era de hegemonia socialista que arruinou a nossa economia e que, como todos sabemos, está apenas segura por pinças da UE (não fosse isso já teríamos colapsado há muito tempo).

Eu sempre disse a quem me quis ouvir – inclusivamente a alguns membros da direcção desse partido – que o Chega entraria no Parlamento pelo menos com um deputado. Há muito tempo que avisava quem o desdenhava, que pusessem os olhos nele e seguissem seu exemplo em vez de o achincalhar. Avisei que nunca se deve menosprezar os adversários mas antes observá-los e analisá-los com atenção para identificar o que fazem de bom e tentar superá-los. Mas ninguém me quis ouvir. Na organização onde me encontrava, desde o Congresso até à minha saída, falei para a parede quando disse que era urgente corrigir a trajectória porque o abismo estava mesmo ali à espreita. Não adiantou de nada. E eu, mais uma vez acertei em cheio.

O problema dos intelectuais que andam na política é mesmo esse: não entendem o segredo por trás da popularidade. Todos pensam que tem a ver com palavras eruditas, contidas num discurso pomposo (que quase só de dicionário ao lado e manuais sobre economia conseguem ser entendidos), politicamente correcto, que agrada a todos e quando não agrada, tem flexibilidade suficiente para se contorcer até agradar. E quando veem alguém com uma mensagem mais simples, mais transparente, mais assertiva, mais forte, mais abrangente, ficam atónitos e perguntam-se: como foi possível aquela pessoa tão “básica” chegar a tanta gente? Não percebem porque para se perceber tem-se de ser genuinamente do povo ou ter pelo menos vivido com ele ou perto dele.

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O “fenómeno André” é o mesmo que o meu. Cronista há pouco tempo, sou a que se mantém no pódio das mais lidas. Não é porque sou a melhor. É apenas porque sou a única que consegue chegar a toda a população. Porquê? Porque os temas que escolho são os que preocupam a maioria dos portugueses; porque quando desenvolvo os temas não tenho medo de tocar nas feridas porque também são minhas; porque não tenho nenhum tema tabu; porque uso linguagem do povo e não há ninguém que, do mais formado até ao que tem menos instrução, que não me entenda; porque pertenço à maior classe do país – o povo – e por isso são milhões a identificarem-se com o meu dia-a-dia de dureza no trabalho, o meu percurso familiar e profissional, os meus fracassos e sucessos. E isto não se aprende na escola. Aprende-se com a vida, aqui no fundo da pirâmide.

Por isso, André chegou até aos comunistas (que nunca o foram, apenas foram iludidos) porque mensagens fortes sobre a realidade escondida do país, faz abanar toda a gente.

Se não se perderem na sua identidade, nas próximas eleições legislativas serão um fenómeno igual ao Vox espanhol que já ultrapassou o Ciudadanos. Não tenho quaisquer dúvidas disso.