O que podia ser uma montra das nossas praias, bom clima, forma de receber e organização rapidamente se tornou num pesadelo e motivo de chacota.

Se, do ponto de vista do espetáculo O Sol da Caparica, o promotor a quem a Câmara Municipal de Almada resolveu associar-se falhou, vendendo claramente mais bilhetes do que a capacidade do espaço permitia (mais de 30 mil pessoas numa área de cerca de 14 hectares), falhou também a organização interna do mesmo. Faltou qualidade técnica no espetáculo produzido, algo reiterado por imensos artistas que tiveram o seu concerto cancelado ou interrompido.

A vontade de ganhar dinheiro, limitando a qualidade de som, a estrutura elétrica e o número de funcionários necessário para controlar o acesso ao recinto foi gritante. Existem inclusive relatos de rebentamento de extintores em tendas cheias de pessoas. Um acidente mais grave podia ter acontecido em pleno Festival.

Mas o problema começou antes, muito antes, numa má gestão que este executivo PS está a transpor para tudo aquilo em que toca. Em pleno verão, autorizar um festival para 30 mil pessoas numa zona urbana, enquanto decorrem outras festividades, é fustigar ainda mais uma população que durante este período já habitualmente não tem lugar de estacionamento. É simplesmente insano.

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A isso acresce a ausência de um sistema de transportes funcionais (mais uma situação em que o executivo falhou redondamente). O barco do Porto brandão (o mais próximo) está inativo, logo não foi alternativa para quem vinha de Lisboa. Mesmo que estivesse ativo, os horários que pratica há meses seriam inúteis para O Sol da Caparica. Para complicar ainda mais esse possível acesso, o executivo camarário permitiu que a TML colocasse os transportes do Porto Brandão a funcionar de 3 em 3 horas.

Camionetas para a Costa de Caparica já são poucas. As carreiras são longas e quase inexistentes aos fins de semana. O reforço das mesmas para o Festival mal foi sentido. O metro continua sem sair do Gabinete do Primeiro-Ministro, apesar das imensas promessas da Presidente da Câmara. Enfim, PS promete, PS não cumpre. Infelizmente algo a que já nos habituou.

O reforço de segurança também não se verificou. Com todos os bares e discotecas da Costa a funcionar a 100%, com os veraneantes que acorrem à Costa de Caparica neste período, com a feira à entrada da Freguesia e por fim com O Sol da Caparica, os pouquíssimos agentes da GNR do posto local mais não podiam fazer. Tivemos infelizmente relatos de desacatos, altercações na via pública, munícipes que tentaram regressar a casa mas tinham carros estacionados nas suas garagens. Vimos veículos estacionados em hortas, na via pública, em todos os lugares possíveis e inimagináveis. Sabia-se que a GNR não teria capacidade de responder, e como tal estas situações sairiam impunes.

Impunidade é mesmo o sentimento com que se sai d’O Sol da Caparica. O promotor fez o que quis, como quis, prejudicando quem comprou bilhetes, os artistas e, o mais importante, a população. E sempre de mãos dadas com este executivo camarário que continua a negligenciar estacionamento, infraestruturas, transportes públicos e acessos.

Adorávamos poder dizer que Almada e a Costa de Caparica são os anfitriões de um grande Festival. Algo que colocasse Almada no panorama nacional e gerasse orgulho aos Almadenses e Caparicanos. Infelizmente este executivo está a conseguir manchar tudo aquilo em que toca.

Sem dúvida que consideramos que O Sol da Caparica poderá ser uma mais-valia para o concelho e para a freguesia, mas para isso é necessário melhorar as infraestruturas locais, de estacionamento, de acesso e de transportes públicos, não só para o evento, mas para a população em geral. O impacto negativo do Festival na população tem que ser mitigado.

Os moradores da Costa de Caparica merecem o respeito deste executivo. O Sol ficou tapado com uma chuva de reclamações, e com as nuvens da má gestão.