Neste início de ano de 2022, continuamos com muitas incógnitas sobre o futuro em termos de modelos de trabalho e de educação. Há cada vez mais discussões sobre o futuro do trabalho. Por exemplo, nas universidades temos discussões intensas sobre se o futuro das aulas vai ser online ou presencial. Gostava de aproveitar este paralelo para discutir o futuro da formação de executivos. Será que vamos continuar a dar as aulas online ou vamos voltar ao presencial?
A discussão sobre o teletrabalho está relacionada com o facto de muitas pessoas declararem que preferem trabalhar a partir de casa. Mas será que é mesmo o caso? Alguns argumentam que a “great resignation” está ligada ao trabalho remoto onde as pessoas perdem a ligação às empresas e à parte social do trabalho da qual gostavam muito. A polémica sobre o teletrabalho está relacionada com o impacto na produtividade. No início da pandemia diversos estudos mostraram que a produtividade aumentou com o teletrabalho. No entanto, estudos mais recentes já são menos claros e muitos já reportam muitos casos de baixa de produtividade. Afinal, parece que as pessoas estão a trabalhar mais horas, mas com menos produtividade. O foco do teletrabalho é o bem-estar dos empregados, mas há pouca informação sobre o impacto na qualidade do serviço pelo cliente e pela organização.
Deixem-me agora fazer o paralelo entre trabalho e formação de executivos. Há muitas pessoas que declaram preferir as aulas online porque são mais cómodas e mais flexíveis. Mas não tenho a certeza de que esta seja realmente a solução de que vão sempre gostar ou aproveitar mais. Na realidade, os participantes de programas executivos valorizam muito o networking, que é essencial para o desenvolvimento pessoal e para a própria evolução da sua carreira. Além disso, medir a produtividade do ensino é difícil, mas podemos medir a retenção de conhecimento. Nesse aspeto, as aulas online têm um resultado superior. Mas parece-me cedo para concluir que devemos passar exclusivamente para aulas online. É verdade que as plataformas dão acesso a uma infinidade de conteúdos e ficamos com a ilusão da riqueza, mas o importante é fazer a seleção certa de conteúdos. Acresce que as aulas online permitem um conforto superior, porque não é preciso sair de casa nem perder tempo em transportes, mas em casa (ou no escritório) é difícil desligarmos do dia-a-dia. As aulas presencias na universidade permitem ao participante abstrair-se do quotidiano para se concentrar na aprendizagem.
Gostava agora de fazer um paralelo com o retalho onde já existe o omnicanal e o facto de existir uma experiência integrada nas lojas físicas, online e no telemóvel. Estes formatos são complementares uns dos outros. Queremos ir à loja para experimentar os ténis, comprá-los online e ter a entrega na loja ou em casa. Omnicanal na educação significa uma mistura de aulas presencias e de aulas online (síncronas e assíncronas). O presencial facilita o networking e o distanciamento com o quotidiano. O online permite ter acesso a uma infinidade de conteúdos sem sair de casa. No fundo, o omnicanal educativo é ter acesso a um portfólio de conteúdos e métodos com flexibilidade na escolha do formato.