No coração pulsante da Assembleia da República, num dia aparentemente igual a tantos outros,  José Pedro Aguiar-Branco ergueu-se com a solenidade que se exige ao mais recente presidente, evocando a imorredoura essência da democracia. Com uma assertividade quase empírea, proclamou: “Não devemos desistir da democracia. Eu não desisto.” Este discurso, envolto numa  aura quase sacrossanta e com uma nuance shakespeariana, sublinhou a simbiose indissociável entre democracia e liberdade de expressão, dois baluartes sem os quais qualquer edificação  social verdadeiramente livre ruiria.

Democracia e Liberdade de Expressão: Uma Relação Inextricável

A democracia, na sua aceção mais pura e talvez um tanto idealista, é um sistema de governação  onde o poder é, pelo menos nominalmente, investido no povo. Trata-se de um regime que  promove uma participação cidadã ativa e consciente nas decisões políticas, garantindo que as vozes são não só ouvidas, mas devidamente consideradas. É evidente que todos sabemos como este ideal se traduz na prática. No entanto, a funcionalidade plena da democracia pressupõe a existência da liberdade de expressão. Sem este pilar fundamental, a legitimidade e a autenticidade do regime democrático seriam gravemente comprometidas. Claro, como se a autenticidade não fosse já uma questão aberta a debate.

A liberdade de expressão permite a cada indivíduo manifestar as suas ideias, opiniões e críticas  sem receio de retaliações – pelo menos, em teoria. Este direito é absolutamente vital para o  debate público vigoroso e para a formação de uma opinião pública robusta e informada. Aguiar Branco capturou esta correlação ao sublinhar a relevância da “casa da democracia” e ao  questionar sobre o exemplo que esta estaria a projetar para o exterior.

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O Papel do Presidente da Assembleia da República

Outro ponto crucial enfatizado por Aguiar-Branco – e com toda a pompa e circunstância que a  ocasião exigia – foi a exigência intransigente de imparcialidade do Presidente da Assembleia da  República. Ele comprometeu-se, de forma inequívoca, a manter a “exigência de imparcialidade, equidistância e rigor”, um requisito imprescindível para a manutenção da confiança pública nas instituições democráticas. Porque, claro, nada nos tranquiliza mais do que saber que um político  promete imparcialidade.

O presidente da Assembleia não é meramente um facilitador de debates; ele é o guardião das  normas e do respeito pelas regras que regem o parlamento. Deve ser reconhecido como uma  figura imparcial, que assegure que todas as vozes, independentemente da sua origem, sejam  ouvidas e respeitadas. Este compromisso não só fortalece a cultura democrática, como também fomenta um ambiente onde o escrutínio popular é efetivamente possível e eficaz. Ou, pelo  menos, gostamos de acreditar que assim seja.

O Papel de Escrutínio do Povo 

O antagonismo na política é inevitável e, em muitos aspetos, desejável para o progresso e  evolução das ideias. Contudo, o papel de escrutínio reside, irrevogavelmente, no povo. É o  eleitorado que, através da liberdade de expressão – e não sem certas doses de frustração e  resignação – pode comentar, criticar e influenciar as decisões políticas. Este vínculo vital reforça  a responsabilidade dos representantes eleitos para com os seus eleitores. Claro, isso se os  representantes se focarem nos eleitores e não apenas nas suas carreiras fulgurantes.

Aguiar-Branco também sugeriu, num rasgo de inovação e preocupação com a transparência, a  necessidade de revisitar e repensar o regimento parlamentar para garantir que eventos como o  ocorrido durante a eleição da mesa não se repitam. Isto demonstra um compromisso firme com  a transparência e a adaptabilidade das regras para melhor servir a democracia. Porque, admitamos, nada como uma pequena crise para nos lembrar da importância da revisão de regras  que supostamente já deveriam ser intocáveis.

Concluindo, a ascensão de José Pedro Aguiar-Branco à presidência da Assembleia da República é um testemunho resiliente da nossa democracia. As suas declarações refletem a importância  indelével da democracia e da liberdade de expressão, paralelamente à necessidade de manter  uma imparcialidade e rigor absolutos. As nossas instituições precisam de permanecer robustas  e merecedoras da confiança pública inabalável. O escrutínio do povo é a base sobre a qual estas  instituições operam, e é essencial recordar que um Presidente da Assembleia da República.