Está visto que o Sr. Primeiro-ministro António Costa é um franco admirador dos voos de Pablo Pichardo. Já os tinha elogiado após os Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio (2021) e voltou agora a fazê-lo aquando da vitória no Campeonato do Mundo de Atletismo (2022) realizado em Eugene/Oregon/EUA. E o Sr. Primeiro-ministro ainda aproveitou a circunstância para dar os parabéns não à Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), mas ao atletismo nacional. Todavia, o que é facto é que os voos de Pichardo, embora sejam um extraordinário sucesso pessoal, em matéria de políticas públicas nada têm a ver com o atletismo nacional.
Pichardo é português, disso não restam dúvidas, mas por mais que martelem a inteligência dos portugueses, as medalhas por ele conquistadas, no quadro de uma cultura desportiva justa, nobre e leal, continuam a pertencer ao atletismo cubano que, diga-se de passagem, não ganhou uma única medalha em Eugene.
Seria muito bom que os políticos, para quem o desporto não passa de um escapismo infantil das agruras da política, percebessem que as marcas de Pichardo nunca poderão ser consideradas sucessos do atletismo nacional, enquanto: (1º) não ultrapassarem a sua melhor marca de 18,08 m obtida em 2015 em Cuba; e (2º) no âmbito do efeito de ídolo, não forem inteligentemente potenciadas pelas políticas públicas a fim de melhorarem, da base de prática ao alto rendimento, o atletismo nacional. Até que tal aconteça, as medalhas de Pichardo e as que já se anunciam com mais naturalizações de atletas cubanos e de outras nacionalidades, não passam de vitórias de Pirro que só servem para iludir a debilidade das políticas públicas em matéria de desporto.
O corrente século não começou nada bem para o desporto nacional. Enquanto um estudo coordenado por Salomé Marivoet concluía que só 23% dos portugueses praticava desporto, os mais ilustres representantes da nomenclatura desportiva nacional estavam envolvidos numa guerra de personalidades, de todos contra todos, ao estilo das do alecrim e da manjerona porque, no fim, tal como hoje, o que todos queriam era mais dinheiro. E o bombo da festa era o então Ministro do Desporto José Lello que se divertia com aquelas figuras de opereta. Ao tempo, um escriba d’A Bola, entretanto convertido às delícias do dirigismo desportivo, apregoava que não dava mais para entender a função do dirigente desportivo como se fosse uma versão privilegiada de funcionário público. Pois bem, passados que estão mais de vinte anos, a opereta continua a ser representada por muitos dos mesmos atores que, de tanto utilizarem as portas giratórias entre o estado e o privado, transformaram a Declaração da Salvaguarda da Independência do Desporto Federado numa mera figura de estilo, sem qualquer valor, que acabou por deixar o país na confusão distópica entre as responsabilidades do Estado e as da sociedade civil.
Para além de alguns resultados extraordinários de atletas portugueses de exceção, como Patrícia Mamona, Fernando Pimenta ou, entre outros, Jorge Fonseca, o desporto nacional, apesar dos discursos cor-de-rosa de alguns responsáveis, encontra-se numa situação muito difícil. Não pela falta de recursos financeiros como as nomenclaturas pretendem fazer passar, mas por falta de orientação política que determine claramente e controle o raio de ação das organizações desportivas que, em matéria de políticas públicas, estão a funcionar em roda livre. O que realmente há muito falta ao desporto português é visão, estratégia, organização, gestão, planeamento e programação que, no cumprimento do septuagésimo nono constitucional e de acordo com o espírito e a letra da Carta Olímpica que até está vertida na legislação portuguesa, da base de prática ao alto rendimento, o coloque ao serviço do desenvolvimento humano.
Sustentar as políticas públicas em matéria de desporto na pretensão de que, numa democracia liberal de economia de mercado, é eticomoralmente aceitável conquistar muitas medalhas olímpicas sem uma prática desportiva de base que as sustente é porque o sistema desportivo já se encontra a funcionar no domínio do caos. E os relatórios das Missões Olímpicas são excelentes documentos para se perceber que, quando ninguém sabe para onde se deve ir, qualquer caminho serve. Por exemplo, no relatório da FPA integrado no relatório da Missão aos JO do Rio (2016) pode ler-se que a federação não foi consultada em matéria de definição de objetivos. Não é aceitável que um programa de cerca de 14 milhões de euros não tivesse uma estrutura de objetivos bem definida a partir da base operacional do processo que está nas federações. E é menos aceitável que, cinco anos depois, pela leitura do relatório da Missão aos JO de Tóquio (2021), um documento de mais de setecentas páginas, sejamos obrigados a concluir que a FPA foi das poucas que, de uma forma clara e objetiva, definiu os objetivos que pretendia alcançar, entre outros, dois lugares de pódio, quer dizer, o mesmo número previsto no contrato-programa de preparação olímpica para todos os desportos. Sabendo-se que, para além das medalhas do atletismo, foram conseguidas mais duas, uma no judo e outra na canoagem, a nomenclatura apressou-se a proclamar que os objetivos foram plenamente atingidos. Parafraseando Manuel Carvalho (Público, 2021-08-09), é necessário dizer-se que quando se conclui que os objetivos foram plenamente atingidos é porque, na realidade, não existiam objetivos nenhuns.
A ausência de uma estrutura clara de objetivos quantificados, decorrentes das políticas públicas e operacionalizados pelas federações, de modo que, posteriormente, possam ser apurados e compreendidos os resultados conseguidos, tem origem no desastre que foi a participação portuguesa nos JO de Pequim (2008). Ao tempo, o então Secretário de Estado do Desporto, de seu nome Laurentino Dias, perante o défice de medalhas e uma desastrada liderança da Missão Olímpica (Missão), a fim de acalmar os ânimos exaltados e reorganizar a ordem institucional, com um certo sentido de humor, concluiu que, como não eram os dirigentes que corriam, saltavam ou lançavam, não se lhes podia pedir responsabilidades. E tudo ficou como se nada tivesse acontecido! O problema é que a humorística metáfora de Laurentino Dias fez escola e, quatro anos depois, nos JO de Londres (2012), a produção ficou-se por uma única medalha de prata para uma Missão com 77 atletas. Perante estes medíocres resultados, nuns JO em que, por exemplo, a Hungria, com uma população de 10 M/hab. e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior ao de Portugal, ganhou 18 medalhas, em matéria de avaliação o ano terminou com um arrufo de personalidades, esgrimido, numa das mais patéticas galas do nacional olimpismo, entre o Secretário de Estado do Desporto e o presidente do COP, que acabou com o primeiro a regressar a quartéis. Em 2016, nos JO do Rio, apesar de ter havido um acréscimo de 20% no orçamento da preparação olímpica, a produção ainda foi pior, uma vez que só foi ganha uma medalha de bronze, todavia ninguém se atreveu a sugerir sequer qualquer avaliação independente, que podia colocar em causa a ridícula ideia dos resultados olímpicos enquanto “desígnio nacional”. Quanto a Tóquio (2021) só pela proverbial brandura dos portugueses é possível compreender a aceitação do eufemismo “dos melhores resultados de sempre”. À parte a medalha de ouro que, em boa verdade, pertence ao desporto cubano, as medalhas de Tóquio (0,1,2), em termos qualitativos, mas também na relação custo/benefício não superaram as três medalhas (1,0,3) conquistadas há 34 anos nos JO de Los Angeles (1984) por Carlos Lopes (maratona), Rosa Mota (maratona) e António Leitão (5000m).
E hoje, perante a obsessão pelas medalhas olímpicas, o atletismo, uma das três modalidades base de qualquer processo de desenvolvimento desportivo, sendo até aquela que mais medalhas olímpicas proporcionou ao país, representa bem o que está a acontecer ao desporto nacional uma vez que se encontra num processo acelerado de degradação da sua estrutura etária. Atendendo às estatísticas oficiais, no ano 2000, a estrutura etária da modalidade era a seguinte: praticantes até júnior 57%; Juniores 10%; Seniores 27%; veteranos 5%. E, no ano de 2018, passou a ser: praticantes até júnior 49%; Juniores 7%; Seniores 16%; veteranos 29%. Quer dizer, entre 2000 e 2018 aconteceu uma quebra da prática do atletismo de 628 praticantes juniores e seniores e um aumento de 4437 praticantes veteranos. E hoje, por ação da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) que, por exigências do marketing, pretende que os eventos que superintende tenham o maior número possível de atletas, as seleções nacionais, por ausência de orientação política, acabam por incluir atletas veteranos que, apesar de todo o seu mérito, já não devem ser elegíveis para integrarem um programa de alto rendimento. E, enquanto tal acontece, a modalidade apresenta uma taxa de descarte anual, dos praticantes aos 18 anos de idade de 86,36%. Esta taxa, de 2000 a 2018, sofreu um aumento de 4,6 pontos percentuais.
A esta situação, já de si muito complicada na medida em que atinge a generalidade dos desportos, no que diz respeito ao atletismo acresce ainda o facto de, nos últimos quarenta anos, o país ter despendido dezenas de milhões de euros na construção de pistas de atletismo, sem qualquer planeamento nacional. Segundo o google maps, existem 128 pistas de atletismo. Destas, 92 são consideradas pela FPA, sendo que 30 estão devidamente apetrechadas. Paradoxalmente, enquanto se construíam pistas de atletismo sem qualquer ideia estratégica para o desenvolvimento da modalidade, nunca se construiu uma pista de atletismo coberta em Lisboa ou no Porto que permitisse a organização de grandes eventos internacionais, ideia que, há dezenas de anos, faz parte dos programas dos vários governos. E, hoje, entre o número da Google de 128 pistas e o da FPA de pistas, se considerarmos os atletas juniores e seniores relativos ao ano de 2018, as pistas são utilizadas ao longo do ano por um número médio entre 32 e 45 atletas. E vão continuar subaproveitadas enquanto, perante o silêncio sepulcral de um sistema desportivo acomodado, um iluminado Secretário de Estado do Desporto, inopinadamente, permitir-se anunciar publicamente a construção em Lisboa de um palácio de gelo, claro que à custa do dinheiro dos contribuintes.
Perante a indiferença política relativamente aos milhares de jovens que, todos os anos, são descartados da prática desportiva de várias modalidades enquanto, até pelo Facebook, se contratam atletas estrangeiros para representarem Portugal nas competições internacionais, o sistema desportivo já se encontra a laborar num círculo vicioso: como cada vez é menor o número de jovens portugueses a praticar desporto, contratam-se atletas estrangeiros e como se contratam atletas estrangeiros cada vez é menor o número de jovens portugueses a praticar desporto. E o atletismo, que devia ser a modalidade base do ensino, do treino, da competição e da generalização da prática desportiva entre os portugueses, contribuindo decididamente para a melhoria do fraquíssimo nível desportivo do país, acaba por ser uma das modalidades que mais contribui para a inversão da pirâmide de desenvolvimento que, do ponto de vista ético-moral, está a colocar o desporto nacional numa situação insustentável.
O atual estado do desporto nacional é o resultado das absurdas políticas desencadeadas no início do corrente século na vigência do XV Governo. Ao tempo, homologado pela tutela política, foi estabelecido, entre o Comité Olímpico de Portugal (COP), representado por Vicente Moura, e o Instituto do Desporto de Portugal (IDP), representado por José Manuel Constantino, um Contrato-programa de preparação olímpica (872/2005 – DR IIª S, nº 70, 2005-04-11, publicado já após a tomada de posse do XVII Governo Constitucional) onde, a um custo de 14 milhões de euros a quatro anos, se previa a conquista de cinco medalhas nos JO de Pequim (2008). E, sem uma consulta prévia às federações desportivas, foram atribuídas funções ao COP que ultrapassavam a letra e o espírito do nº 3 da Regra 27 da Carta Olímpica que até está vertida na lei portuguesa. Em consequência, como os recursos públicos não foram reforçados, as federações desportivas ficaram privadas de uma fatia significativa dos seus recursos. Já na vigência do XVII Governo Constitucional, em Outubro de 2005, Luís Sardinha, o novo presidente do IDP, ainda alertou para a “necessidade de alargar a prática desportiva dos portugueses” (DN, 2005-10-21). Infelizmente, já não havia nada a fazer, os dados estavam lançados, a obsessão pelas medalhas olímpicas já havia tomado conta da tutela política. Em consequência, o novo modelo de desenvolvimento do desporto, centrado na prioridade aos resultados nos JO, entrou em velocidade de cruzeiro com uma quebra acentuada no apoio aos escalões de Juniores em benefício de um reduzido número de atletas integrados no programa de preparação olímpica. E o resultado desta lógica de irracionalidade ao estilo da “galinha dos ovos de ouro” passou até a comprometer a natural projeção de tendência do processo de desenvolvimento do desporto português.
Na lógica da metáfora da “galinha dos ovos de ouro”, a fim de debater os medíocres resultados dos JO do Rio (2016), o presidente do COP defendeu que o rendimento desportivo ao mais alto nível não depende do melhor ou pior desporto escolar, pois “uma boa base não corresponde obrigatoriamente a um vértice da pirâmide e vice-versa” (Revista Atletismo, 2016-10-30). Todavia, o problema não é se existe ou não correlação entre a base e o vértice da pirâmide de desenvolvimento. O problema é saber se, numa visão holística e sistémica do desenvolvimento do desporto, do ponto de vista ético-moral que deve garantir o direito universal de acesso à prática desportiva, o desporto escolar e a prática desportiva de base estão devidamente equacionados em relação ao alto rendimento na euritmia de um equilíbrio dinâmico que determina o conceito de nível desportivo. Porque, uma democracia liberal de economia de mercado, no equilíbrio inteligente que deve caracterizar as políticas públicas, tem de respeitar o princípio da igualdade de oportunidades que garante o acesso universal à prática desportiva, bem como o princípio da equidade que deve garantir àqueles que revelam vontade, capacidades e competências, a oportunidade para evoluírem até ao mais alto nível da competição desportiva internacional. Por isso, até que, numa perspetiva política de longo prazo, exista vontade e capacidade para, no âmbito do sistema de ensino, organizar um desporto escolar com suficiente massa crítica para integrar a jusante os seus programas escolares com aqueles que devem acontecer a montante no âmbito dos clubes desportivos, nunca o desporto português, em matéria de prática desportiva de base, deixará de ocupar os últimos lugares entre os países da União Europeia (EU) bem como no ranking das medalhas olímpicas deixará de ficar sempre atrás de países demográfica e geograficamente equivalentes, mas bem menos desenvolvidos do que Portugal.
No final do ciclo olímpico do Rio (2016) foi possível compreender que, perante uma inaceitável abulia política, os dados já estavam lançados através do estratagema da contratação de atletas estrangeiros que haviam de ganhar medalhas olímpicas por Portugal. E enquanto, num processo de “pesca à linha”, os contratavam, proclamava-se na comunicação social que o mantra do desporto nacional era a sua “valorização social”. Esta ideia está a conduzir a uma visão gramsciana do fenómeno desportivo que passa pela destruição dos princípios e dos valores do Movimento Olímpico (MO) a fim de, a prazo, transformar os atletas em gladiadores, os treinadores em lanistas e a nobreza da cultura competitiva do estádio olímpico na degradação humana do belicismo do circo romano. Em consequência, os jovens são remetidos para as poltronas lá de casa a fim de, ao estilo do “rollerball”, se ajustarem àquilo que será a nova ordem mundial, seja ela qual for. E os estragos serão incalculáveis. Como há muito referiu Philipp Melanchthon (1497-1560), “tanto os Jogos Olímpicos como as Odes de Píndaro representam o “paradigma da humanidade, europeia”. O desporto moderno, através de Pierre de Coubertin (1863-1937), trouxe para os tempos que correm aquela humanidade. Por isso, é necessário contrariar a “novilíngua” do “dress code” de um dirigismo desportivo que, para além da transcendência do atleticismo grego e do “altius” do cristianismo muscular das escolas públicas inglesas, pretende transformar olimpismo num catalisador do neomercantilismo e os JO num espetáculo onde, por imposição do marketing, se exibem as mais estranhas excentricidades atléticas do mundo moderno.
Não existe desporto verdadeiramente ao serviço do desenvolvimento humano sem uma forte base de prática a começar no desporto escolar. Apostar em modelos de desenvolvimento centrados na exclusividade dos resultados nos JO é um desastre já verificado em muitos países. A Roménia nos JO de Sydney (2000) ganhou 26 medalhas (11,6,9) para vinte anos depois, nos JO de Tóquio (2021), ganhar 4 medalhas (1,3,0). Para Ceausescu, o chefe do regime, o desporto era um brinquedo que partilhava com os familiares pelo que o dinheiro sempre fluiu em grandes quantidades para o alto rendimento. Com a queda do regime a estrutura desportiva, sem base de sustentação, também se desmoronou. Hoje, o desporto romeno, carente dos extraordinários recursos do antigo regime, embora ainda consiga 4 medalhas olímpicas, apresenta um índice de base de prática desportiva de 19% (Eurobarometer). A Bulgária, apesar de ter ganho seis medalhas em Tóquio (2021), encontra-se numa situação ainda mais difícil. Nos JO de Seul (1988) ganhou 35 medalhas (10,12,13) com 171 atletas o que significa um extraordinário rácio de menos de cinco atletas por medalha. Em Tóquio (2021), com 42 atletas e um rácio de 7 atletas por medalha o melhor entre todos os países, a Bulgária apresenta uma desprestigiante base de prática desportiva de 16%, a pior entre os países da UE. Portugal, com um medíocre índice de prática desportiva de 26%, foi aos JO de Tóquio (2021) com 92 atletas. Ganhou 3 + 1 medalhas que se traduz num rácio entre 30 e 23 atletas por medalha o que, para além do que temos vindo a arguir, revela uma significativa falta de rigor na constituição da Missão, que traduz a pouca eficiência e menor eficácia de um programa que, tendo em atenção o valor da elite correspondente, levou aos JO de Tóquio (2021) mais 38 atletas do que aqueles que devia ter levado.
Entretanto, perante este cenário de mediocridade, o Sr. Secretário de Estado, acabado de chegar à tutela do desporto, sem que se saiba se lhe forneceram uma avaliação competente e independente do processo de desenvolvimento do desporto nacional nos últimos vinte anos, já anunciou um apoio “histórico” ao desastre político que é o programa de preparação olímpica. O resultado será, certamente, mais degradação na estrutura etária do desporto nacional e mais um fracasso nos JO de Paris (2024), a menos que a Missão de Portugal, como já é possível prever, se transforme numa espécie de legião estrangeira.
Patrícia Mamona que, enquanto atleta portuguesa, é a prova de que existe competência técnica no desporto nacional, após os JO de Tóquio (2021), de uma forma clara, precisa e concisa, disse que o reizinho ia nu e pôs em causa vinte anos de políticas centradas num programa de preparação olímpica completamente falhado. Disse ela: “O desporto tem pátria e deve mantê-la”. Tal metáfora, que a comunicação social primou em abafar, não se trata de uma atitude nacionalista sem qualquer sentido, mas da assunção de que um modelo de desenvolvimento do desporto que, nos seus princípios e valores, antes de tudo o mais, não parta de uma base de sustentação pedagógica e social inteligentemente construída dentro do próprio país, não passa de uma aberração ético-moral.