A verdade está à vista: Portugal está estagnado e foi ultrapassado por muitos países que entraram na UE depois de nós e em situação muito pior.

Os últimos 25 anos ficaram marcados pelo crescimento da pobreza, degradação dos serviços públicos, instituições disfuncionais e centralização absurda do poder. Tem-se somado governações socialistas (20 anos de governação nos últimos 27) que iludem o eleitorado com truques a que dão o nome de ‘investimentos públicos’, originando anos mais tarde os ‘problemas estruturais’ impossíveis de ultrapassar. Pois bem, estes ‘problemas estruturais’ que nos atormentam são o acumular de más práticas governativas agonizados pela ausência de reformas.

A existência de uma maioria absoluta socialista supunha que o Governo teria agora condições para avançar com reformas. Ora, António Costa não quer reformar nada! E irrita-se cada vez que é lembrado disso. Prefere empurrar os problemas para a frente com truques. Mas, como todos sabemos, truques de magia não correspondem infelizmente à realidade.

E a realidade para os jovens, os pensionistas, as pessoas comuns, é frustrante.

A realidade para um jovem que termina o ensino superior num país que não cresce é encontrar emprego, mas com salário tão baixo que, na primeira oportunidade, emigra à procura de melhores condições. A realidade para um pensionista é a perda de rendimento para o resto da vida, ao ver descontado no próximo ano o que recebeu este ano e ver reduzida a atualização da pensão. A realidade para um cidadão comum é aceitar a imobilização generalizada, a dependência ao Estado, e conformar-se com uma vida que terminará tal como começou. E, com isto, perdemos como país.

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Perdemos porque temos um país que não cresce. Um país que não cresce e com uma dívida pública elevada é um país que não consegue reduzir significativamente os impostos. Um país que não consegue remunerar adequadamente os seus médicos, enfermeiros, professores, juízes, auxiliares de ação educativa, guardas florestais, inspetores. Um país de pessoas frustradas, zangadas e esgotadas. Um país com terreno fértil para o crescimento de partidos populistas com soluções vazias para problemas reais.

Mas o PS de António Costa (incluindo aqui Augusto Santos Silva) está-se a borrifar para o mal que está a causar ao nosso sistema democrático. O que lhe interessa, sem olhar a meios, é a melhor tática para preservar o poder.

Aliás, o PS de António Costa não olhou a meios para erguer uma cerca sanitária ao CHEGA enquanto fazia uma coligação de geringonça com o PCP – um partido populista, herdeiro de Estaline, que defende Putin como se fosse a pomba da paz. Perderam a vergonha.

Esta tentação de demonizar o adversário é muito apetecível para alguns políticos com tiques autoritários. Vejamos Putin que nunca encontrou oposição dentro e fora da Rússia que não fossem “nazis”. António Costa também não encontra mais ninguém contra o governo a não ser André Ventura. Até já equiparou o líder da Iniciativa Liberal ao líder do Chega. Em Portugal, como em Itália ou na Suécia, ainda se recomenda gritar “vêm aí os fascistas” como remédio eleitoral para afastar do poder ideias contrárias às suas. E se não forem fascistas serão de extrema-direita.

Perdemos competitividade e já discutimos somente como se mete mais um remendo. Andamos a tentar manter o equilíbrio da coisa, que não é sustentável a longo prazo. Tornámo-nos um país dependente da Europa e um país de pessoas, trabalhadores e empresas dependentes do estado. Encontramo-nos ludibriados pelo medo.

A verdade está à vista: não devia haver espaço para políticos de gestão da pobreza que apenas criam dependentes de esmola. Enquanto António Costa adia reformas e crispa a opinião pública instigando ao medo e à divisão não são só as pessoas que perdem, é também a democracia que sai a perder. Perdemos todos.