Perseverança
Quando a equipa está a perder ao intervalo, os atletas procuram formas para dar a volta ao resultado.
Quando a performance não é ideal, dedicam tempo extra até atingirem o objetivo pretendido, conduzidos pela determinação de atingirem as suas metas.
Se pensarmos numa empresa, os melhores da equipa são os que arranjam soluções para os problemas, tal como os atletas fazem num intervalo de um jogo em que estão a perder.
Gestão de tempo
Desde crianças, os melhores atletas aprendem a lidar com um número de prioridades elevado, incluindo a escola, o desporto e as atividades sociais. Conseguem equilibrar a sua agenda, entre trabalhos de casa, testes, treinos, viagens e competições. Estas skills são essenciais para produzir resultados, tal como nas empresas, em que os melhores conseguem gerir o tempo e os prazos superando as expectativas muitas vezes.
Capacidade de aprender com o erro
Ninguém gosta de perder, no desporto esta é uma realidade presente na vida de qualquer atleta. É um sentimento que se torna familiar muitas vezes e que acaba por ser aceite no bom sentido, isto porque, em vez de desistir, o atleta procura trabalhar o erro e melhorar para ser melhor no dia seguinte. Muitas vezes quando tudo parece correr mal, o melhor é mesmo refletir no que está errado, reagrupar a equipa e aplicar as aprendizagens resultantes do erro para seguir em frente, isto, faz com que a nossa capacidade de lidar com adversidade melhore significativamente aumentando automaticamente a nossa confiança.
Responsabilidade individual
Tal como numa equipa, numa empresa, todos temos o nosso papel, cada um deve fazer a sua parte para que a equipa seja bem sucedida, basta assistir a um jogo de futebol para percebermos quando um jogador pede desculpa ao colega por ter cometido um erro, por ter falhado aquele passe, por não ter rematado quando devia, reconhecendo instintivamente que podia ter feito melhor, numa empresa esta capacidade é chave para uma cultura e espirito de equipa saudáveis, eliminando o habito de “apontar o dedo” quando alguém comete um erro.
A equipa sempre em primeiro lugar
Por muito que todos tenhamos objetivos individuais, estes estão sempre em segundo lugar, aprendemos a abdicar daquele final de semana, daquela festa, daquela ida ao cinema porque assumimos um compromisso em que um todo depende do nosso comportamento individualmente. Nas empresas, muitas vezes, ficar até mais tarde para ajudar a resolver um problema de um colega é um comportamento contagioso que pode criar benefícios em qualquer organização.
Estudamos o jogo
Como dizia Kobe Bryant, “I love the game“, e o que Kobe fazia era estudar o jogo, os adversários, as equipas e forma como jogavam, trabalhando a sua criatividade para que pudesse surpreender os adversários, descobrindo muitas vezes capacidades que nem ele sabia ter, algo que deve estar associado a qualquer organização, a constante busca de novos produtos, novos mercados, inovação e sustentabilidade.
Aceitação da crítica
Não é possível chegar longe no desporto sem termos a capacidade de ser treinados, aprender a ser criticado é um processo que deve passar por todas as carreiras desportivas, conseguir aceitar a mesma sem que ela prejudique a nossa atitude é fundamental para melhorar a nossa performance. Numa empresa os lideres saberem que podem dar feedback honesto, e que esse mesmo feedback não vai interferir na capacidade de produção, mas sim motivar a uma melhoria das tarefas que devem ser realizadas, fará com que essa mesma liderança se torne mais fácil.
Capacidade de decisão de risco
Em muitas situações os atletas são obrigados a tomar decisões determinantes em milésimas de segundo, sabem que independentemente das consequências vão ter que decidir. Essa capacidade para estar disponível e aceitar as consequências da mesma decisão é um fenómeno que está associado às empresas mais bem-sucedidas, a capacidade de decidir perante o risco correndo o risco de falhar, não sendo assombradas por esse mesmo medo.
Quando me perguntam qual é o segredo para ser atleta olímpico, eu respondo que é o mesmo para ser médico olímpico, advogado olímpico, jardineiro olímpico… ser melhor do que no dia anterior, ter uma empresa bem-sucedida resultará exatamente da mesma maneira, ter equipas compostas por membros que estejam constantemente disponíveis para melhorar no dia seguinte, como estão os atletas…sempre!
Diogo Ganchinho tem 30 anos, é atleta do Sporting Clube de Portugal, na modalidade de ginástica de trampolim. Estudou Ciências da Comunicação na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, esteve presente nas edições dos Jogos Olímpicos de Pequim e Londres e encontra-se atualmente inserido no projeto olímpico de Tóquio 2020.
O Observador associa-se aos Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial para, semanalmente discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa. Ao longo dos próximos meses, partilharão com os leitores a visão para o futuro do país, com base nas respetivas áreas da especialidade. O artigo representa, portanto, a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa.