Neste espaço tem-se falado, repetidamente, sobre o ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: das suas tendências autoritárias, do perigo que representa para a segurança da Europa, das suas decisões desastrosas, de solicitações à violência política, a não olhar a meios para chegar a fins. Porém, esta é a primeira vez que Donald Trump, o líder do Partido Republicano, e o inevitável candidato desse partido para a Presidência dos Estados Unidos, será agora descrito com um criminoso condenado, decidido por um júri dos seus pares.

A esta primeira, ter um antigo presidente dos USA como um criminoso condenado, junta-se ao facto de ter sido duas vezes alvo de um processo de impeachment na Casa dos Representantes, de ter sido condenado por abuso sexual, de ter de pagar indemnizações por difamação, e por ter de pagar uma multa pelas suas empresas entregarem declarações de impostos falsas (dependendo de recurso). Isto enquanto espera por dois outros julgamentos por crimes federais, que se o Supremo Tribunal, e a Juíza por ele nomeada na Flórida responsável pelo julgamento, não tivessem, e continuem, a proteger Trump, ele estaria agora, muito seguramente, pela força das acusações e dos factos, condenado aí também. A isso juntam-se casos estatais de interferência nas eleições de 2020, como a de Geórgia, ou outros estados que podem reunir informação suficiente para o acusar também (Arizona e Michigan).

Por agora é considerado culpado de 34 acusações de falsificar registos fiscais, com intuito de afetar o resultado de uma eleição, ao pagar 130 mil dólares, através de um advogado intermediário, a uma atriz de filmes para adultos, para que a sua história sobre um encontro sexual com Trump não se tornasse pública. Tal falsificação é um crime na lei federal pois se trata de uma despesa ilegal numa campanha eleitoral. A sentença irá ser lida no dia 11 de julho, dias antes da convenção republicana onde será nomeado para ser o candidato à presidência.

Naturalmente, os Republicanos já estão a defender o indefensável, tentando diminuir o Estado de Direito americano, corroendo assim mais uma instituição essencial para o bom funcionamento da democracia nesse país. O próprio Trump passou todo o caso a levantar teorias de conspiração imberbes, e a pedir para milhares dos seus fãs ir protestar à frente do tribunal, quando apareciam dois ou três com bandeiras e camisolas coloridas. Para a campanha Trump esta será mais uma oportunidade de extrair mais alguns dólares da MAGA nation, com baboseiras sobre “repúblicas de bananas” e “país de terceiro mundo”, quando, na verdade são os Trumpistas que tudo fazem para tais coisas se concretizem, porém, onde são eles a ter o poder.

Agora falta saber qual o efeito na eleição de novembro. Alguns dos dados iniciais indicam que existe uma fatia do eleitorado conservador e independente que afirmam que uma condenação por crimes cometidos pelo candidato republicano seria uma barreira demasiado elevada para votarem nele. A isso vai se juntar o desvario que iremos ver do candidato nos próximos meses, que tem sido óbvio de ver desde há algum tempo, onde Trump está cada vez mais isolado, acossado e desesperado. Para já, justiça foi servida. Falta a derrota democrática ser igualmente espetacular.

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