“Os jovens são o futuro do país” – todos já ouvimos esta frase cliché, dita grande parte das vezes pelas gerações mais velhas, trazendo uma ideia de esperança e renovação. Partindo do pressuposto que sim, somos o futuro do país, cabe avaliar que futuro é este.
A mais recente geração, denominada geração Z, aparece no início deste século, já depois da maior parte dos grandes atritos internacionais do século XX, numa altura de paz, tendo sido acompanhada no seu crescimento pela evolução dos telemóveis e da internet. É, até agora, a geração com maior taxa de conclusão do ensino secundário, assim como aquela com maior quantidade de licenciados. A geração Z (à qual eu pertenço) cresceu habituada a ter todo o mundo do conhecimento na sua mão. Foi, desde cedo, a geração com a vida mais facilitada. Tendo em conta este paradigma, é razoável esperar que esta seja a geração de adultos mais qualificada de sempre, no entanto, o que se tem vindo a revelar, é que em consequência de este facilitismo, gerou-se um enorme conto da Disney, em que todos parecem padecer da síndroma de Peter Pan, sem que ninguém saiba bem como se comportar assim que sai da terra do nunca.
Analisemos então, esta que é a geração mais brilhante da história.
Para começar, a Geração Z é a geração de jovens, até à data, mais deprimida: em 2019, as pessoas com idade entre os 15 e os 50, foram as que apresentaram maior taxa de depressão (cerca de 4,8% em todo mundo), sendo que nos EUA, nas idades compreendidas entre os 18 e os 29, cerca de 21% das pessoas apresentavam algum tipo de sintoma depressivo. Apesar de paradoxal, esta realidade parece-me tanto justificativa como representativa daquilo que é a continua decadência moral que vivemos nos tempos modernos. Por um lado, esta é a geração que mais advém de famílias não-convencionais. Estes jovens são os filhos de casamentos destruídos, de casos de uma noite, de mães solteiras, etc. E quem já viu estudos sobre o desenvolvimento humano, sabe que todas estas situações são propícias a que não se crie o mais equilibrado “Inside out” (desculpem a continua analogia à Disney). Por outro lado, também a constante eliminação da dificuldade contribuiu para esta decadência, criando pessoas que, apesar do enorme conhecimento teórico, não só não sabem aplicá-lo na prática, como não sabem construir um pensamento critico e autónomo. E faz sentido que assim seja: afinal, um passarinho nunca voará se a mãe não o empurrar do ninho.
Há, efetivamente, uma grande falta de autonomia nos jovens. Coisas simples, como mudar um pneu de um carro, tornaram-se impensáveis de serem feitas pelos próprios, estando sempre prontos a pegar no telemóvel e a ligar aos “crescidos” para resolverem os seus problemas. Esta dependência constante reflete-se não só na quantidade absurda de “burn outs” que a juventude tem quando entra no mundo de trabalho, como ainda na exigência desmedida que se faz ao estado: um Gen Z não pede uma economia mais forte e livre, o Gen Z pede que se construam casas e que lhe sejam oferecidas, confundindo inúmeras vezes o direito à habitação com o dever de terceiros lhe facultarem uma habitação. A mesma lógica aplica-se aos baixos salários. O Gen Z não quer que se baixem os impostos, nem que se liberalize o mercado de trabalho. O Gen Z quer receber o mesmo que alguém que trabalha há 30 anos assim que tem a licenciatura feita. O que importa para o Gen Z não é a possibilidade de progressão na carreira, mas sim que lhe seja dado o ordenado que “é seu por direito”. No geral, o Gen Z cede ao medo, escolhendo dar prioridade à segurança (mesmo que seja apenas a falsa sensação desta), ao invés da felicidade (e responsabilidades) que advém daquilo que é a verdadeira Liberdade.
Para esta geração de miúdos mimados (incluindo-me nesta última frase), o que importa é ser um ativista de gaveta e ir fazer uma birra para uma sala cheia de colarinhos brancos, na qual se bate o pé a dizer que ou se recebe a chupeta ou se chora mais alto. E, enquanto faz isso, utiliza argumentos confusos, defendendo tudo e o seu contrário.
Mas nem só em momentos mundanos se verifica esta falta de autonomia, sendo ainda observada na falta de autorresponsabilização. Existe uma recusa, por parte desta geração, em assumir as consequências dos próprios atos- algo que, diria eu, é tão próprio de ser adulto. Quando um Gen Z não arranja emprego, a culpa é, única e exclusivamente, de mil e uma causas externas, e nunca da própria falta de competência ou experiência. A culpa de todo o mal que acontece no mundo (como as escolas nos ajudaram a perceber), assim como o que acontece de mal na nossa vida e é sempre dos “outros”, ao ponto de quase se tornar num concurso pelo record no Guiness de quem é mais vítima neste mundo cruel. A falta de responsabilização vai ainda mais longe: tanto a introspeção, assim como a critica, são completamente renegadas. São as ovelhas negras do pensamento humano do séc. XXI. Lá está, estando esta geração habituada à facilidade, é obviamente mais fácil seguir a manada e defender mentiras, do que tentar entender as verdades (por vezes duras) da vida, ou procurar recorrer a si próprio, para ultrapassar as adversidades.
Deprimidos, sem autonomia ou amor próprio, não valorizam a liberdade individual, são seguidores fiéis das manadas, defensores da intervenção do estado na vida privada, cancelam os críticos e ignoram factos e estudos que não corroboram as suas opiniões, desprezando valores de tolerância e humildade histórica, social e inter-geracional…
São estes os jovens que representam o futuro do país?