A AD propõe a reintrodução de provas de aferição no 4.º e 6.º anos que poderá dar lugar, a prazo, a um regresso dos exames no fim de cada ciclo.

Se a outra proposta da mesma força política for em frente, a junção do 1.º e 2.ºciclos, o exame só será realizado no 6.º ano, mas voltemos à questão.

Para que servem as Provas de Aferição e os Exames. Umas aferem aprendizagens, os outros contam para a nota final.

O que será mais útil para os alunos?

As Provas de Aferição podem ser usadas para fazer face à recuperação de aprendizagens, mas para isso será necessário a sua individualização através de uma análise das necessidades de cada aluno. Eu sei que vão dizer que isso já se faz, mas não passa disso. A escola não tem meios para fazer nada mais do que uma análise. Não consegue avançar com medidas concretas porque está limitada ao nível de recursos humanos, da vontade dos responsáveis, os horários das turmas e até os horários dos transportes limitam,  de certa forma, a implementação da recuperação das aprendizagens. Os fatores que têm de ter sidos em conta são tantos que nos remetem para medidas de organização escolar impossíveis de serem aplicadas no atual sistema de ensino, muito por causa das políticas de educação seguidas pelos governos.

Para que as Provas de Aferição possam dar os frutos que delas se quer o sistema de ensino tem que mudar. Os programas, a organização de aulas, a carga horária, o número de alunos por turma, a formação de professores, a dedicação parental ao futuro académico dos alunos, o aumento da motivação de docentes e não docentes, o aumento de técnicos superiores nas escolas, a melhoria de condições físicas das escolas… e poderia continuar por mais dois parágrafos a enumerar razões, mas, por agora, chega para ter uma ideia do porquê da aplicação das ditas, nada mais seja que um pôr a carroça à frente dos bois. A única consequência prática que causam é o barulho mediático à sua volta, na semana da divulgação dos resultados e, disso não passa.

Por sua vez, os exames, têm pelo menos uma consequência prática, baixar as notas dos alunos. Não será esse o objetivo, mas este é o primeiro pensamento que passa pela cabeça dos alunos, dos pais e dos professores quando se fala dos mesmos. Só depois de muito refletirem, veem que poderá valorizar o esforço dos alunos e depende dele, que a própria ideia de ser submetido a um exame leva a uma atitude diferente perante as disciplinas a que vão ter que os realizar, já para não falar da responsabilização dos alunos pelos resultados obtidos. Essa mudança de atitude será, certamente, um ganho, mas para isso é necessário aplicar os exames durante alguns anos para se ver resultados positivos. Como no nosso país se mudam as políticas educativas conforme a mudança de governo tem sido difícil constatar este resultado.

Depois temos a percentagem a aplicar ao exame na nota final. O exame só por si não avaliará nenhum aluno. A nota de exame vai ter que ser “somada” à nota final interna para que possa fazer uma média final. Essa percentagem nunca poderá ser superior a 30%, ou cairia no erro de desvirtuar o trabalho, esforço e estudo dos alunos de um ciclo de estudos inteiro. Logo, não teria o poder de “reprovar” um aluno. Para reprovar, o aluno tem que ser acometido por uma amnésia digna de um traumatismo craniano gravíssimo.

Se se vai gastar milhares de horas de trabalho docente, centenas de milhares de euros e sujeitar os alunos ao stress inerente à realização de uma prova de conhecimentos, que seja para que os alunos possam tirar algum partido de tal operação. Ao ter plasmado na nota final uma pequena influência de um exame, a seriedade que o mesmo traria a sistema de ensino não seria a mesma que uma prova sem consequência imediata afere na vida futura de um aluno.

Só tem medo dos exames quem teme as consequências das suas próprias escolhas ou ações.

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