“Sustentabilidade” ou “sustentável” são das palavras que, atualmente, mais ouvimos ou lemos, quer em meios políticos, quer em meios comerciais ou científicos.

Na figura em baixo, ilustramos, com um pequeno exemplo, a importância das pesquisas “Sustainability” , “Environmental, Social and Corporate Governance (ESG)” e “Acordo de Paris” no Google, nos últimos 5 anos, em Portugal, mostrando um claro aumento do interesse relativo por este tema ao longo dos anos (Sustainability, Environmental, social, and corporate governance, Paris Agreement – Explore – Google Trends).

Mas o que significa, realmente, ser sustentável?

A ideia de sustentabilidade sugere imediatamente algo de “bom”, que é perene, que se prolonga no tempo (desde que em condições adequadas), que resiste melhor a situações adversas (i.e. que é “resiliente”, outra palavra “moderna”), e que estará “vivo” por várias gerações; que é intenso e que tem escala; que não é mais um meio para atingir (“sustentar”) um fim, mas um fim em si mesmo (“sustentabilidade” ou “sustentável”), numa alusão a segurança, futuro.

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No fundo, poderíamos considerar a sustentabilidade como algo que resulta de riscos que conseguimos eliminar (e.g. emissões de carbono, pobreza, falta de transparência na gestão, etc.) ou reduzir a um mínimo (e.g. desperdício, ou “lixo”), e que leva a uma “boa” gestão dos riscos que prevalecem, tudo isto relativamente a atividades, produtos ou serviços, processos, entidades e pessoas.

Mas esta gestão de riscos não se limita apenas aos riscos imediatos, mas também, e sobretudo, aos riscos de médio/longo prazo, aqueles que resultam de uma maior incerteza, de fatores que conhecemos ou controlamos menos.

A gestão destes riscos implicará: (i) tecnologias já comprovadas ou que requerem inovação; (ii) métodos educativos e de formação disruptivos (e.g. considerando em toda a formação, o horizonte de análise de médio/longo prazo, tanto ao nível do impacto, positivo ou negativo, das nossas ações, como daquilo que nos pode afetar – a denominada “dupla materialidade”; ou considerando os dados científicos que medem esses impactos e os novos meios técnicos e materiais mais adequados a uma boa gestão desses riscos, com um grande enfoque no digital); (iii) hábitos completamente novos (e.g. comprar a quem é sustentável e o que é sustentável; consumir menos; usar melhor, com mais eficiência, água, energia, materiais ou minérios, etc.; reutilizar mais, renovar e regenerar; comunicar o nível de sustentabilidade de cada agente económico, público ou privado; definir objetivos e planos de sustentabilidade e responsabilizar-se pelo seu cumprimento); (iv) novos incentivos e/ou penalizações públicos para promover a alteração desses hábitos; e (vi) o lançamento e cumprimento de compromissos públicos, regras e leis de sustentabilidade, dos quais são exemplos fundacionais o Acordo de Paris, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Pacto Ecológico Europeu.

Ou seja, ser sustentável não pode significar apenas querer fazer o bem, ser responsável ou obter um bom resultado económico, mas deve, sobretudo, ter impacto positivo. Esse impacto deve ser científico, mensurável, comunicado e verificado por terceiros e deve incluir o que se vai atingir e quando, o que se vai medir e como, que investimento será necessário e que fatores de risco vão ser eliminados, mitigados, minimizados ou compensados – são exemplo as estratégias de gestão de empresas de “net zero”, de neutralidade carbónica, ou outras.

Estas estratégicas que ambicionam sustentabilidade, embora nem todas com a mesma eficácia, devem ser desenvolvidas, de facto, pelo setor público e privado, a nível setorial, nacional e globalmente.

Se a sustentabilidade não se conseguir ao nível económico, social e de governança (ESG) das empresas, das entidades financeiras e seguradoras, e dos Estados, com critérios e objetivos científicos e mensuráveis, e com impacto, não atingiremos o que tanto precisamos e perderemos oportunidades únicas de criar valor.

Afinal, o que está em causa é salvar o nosso Planeta e as pessoas que nele habitam, de uma forma organizada, planeada e avaliada, e através de novos modelos de negócio e novas formas de gestão.

Espero que, num futuro próximo, não tenhamos de adjetivar como “sustentável” algo que queremos que tenha estas características e que “ser sustentável” seja “o novo normal”.