Em 20 anos quase nada mudou na forma de fazer o ranking das escolas, à exceção dos diversos índices e dados extra que têm vindo a ser introduzidos pela Direção Geral da Educação. No ano de 2016, foi acrescentado o “Ranking do Sucesso”, que reflete a percentagem de alunos que concluiu o ensino secundário sem retenções e que tiveram classificação positiva nos exames das duas disciplinas trienais. Introduziu-se este ano o “Ranking de Superação”, que ordena as escolas que se saíram melhor do que seria esperado, dado o contexto socioeconómico onde se inserem. Muito pouco para 20 anos de análise.

Os jornais continuam a publicar os rankings em versão anual, com algumas exceções. O Observador dá-nos a opção de consultar os últimos três anos, mas de maneira isolada e sem relacionamento entre eles. Em 2010, numa honrosa exceção, o Diário de Notícias publicou uma notícia sobre a melhor escola da década.

Também não mudou o facto de praticamente não existirem dois rankings iguais. Cada jornal define os seus próprios critérios. Por exemplo, este ano, o Observador considerou todas as escolas, enquanto o Público só considerou as escolas com mais do que 62 exames. O Expresso já dá um pequeno passo ao permitir visualizar o ranking considerando apenas as escolas com 100 ou mais exames ou com todas as escolas independentemente do número de exames.

As disciplinas também variam. Este ano o Observador utiliza as médias das dez disciplinas com mais exames (Português, Matemática A, Física e Química A, Biologia e Geologia, Geografia A, História A, Filosofia, Matemática Aplicada às Ciências Sociais, Economia A e Geometria Descritiva A) enquanto o Público utilizou apenas as classificações de oito disciplinas. No caso do Público, não foram consideradas as disciplinas de Matemática Aplicada às Ciências Sociais nem Geometria Descritiva A.

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Ao longo de 20 anos, continuamos a olhar para fotografias que nos mostram um determinado momento no tempo. Muito mais rico é olhar para um conjunto agregado de anos, pois é diferente conseguir uma boa classificação no ranking de um ano, de conseguir sustentar essa posição. Mais importante do que perceber se uma escola está bem posicionada ao longo de vários anos seguidos, será perceber se essa mesma escola é uma estrela ascendente, cadente ou estável. Ao analisar as tendências de um conjunto de anos, passamos de uma fotografia para um filme e podemos apontar tendências para o futuro e antecipar intervenções. O potencial de geração de valor que estas análises poderão acrescentar a quem precise de as fazer é muito grande.

A DGE disponibiliza no seu site as informações relativas a cada exame realizado com um conjunto de dados que vão para além das classificações dos exames e das escolas a que pertencem os alunos. Estes dados não têm sido utilizados na maioria dos rankings. Os relatórios devem ser simples e intuitivos, para possibilitar uma análise imediata, mas também devem permitir uma análise mais diversificada e profunda, quando desejado.

É esta a lacuna que pretendemos preencher com a nossa análise das classificações dos exames finais do ensino secundário. Esperamos que seja possível fazer todas aquelas análises que até ao momento não eram realizáveis e assim contribuir para uma discussão construtiva sobre todo o processo educativo e de como caminhar a passos largos para a excelência na educação em Portugal.

Iniciamos a disponibilização do nosso trabalho através de uma análise por região. Outras seguirão. Até ao momento, o foco dos rankings tem sido a Escola. E se analisarmos o ranking ao nível dos distritos? Que surpresas teríamos? Foi por aí que começámos!

Nos últimos treze anos, considerando para esta análise a totalidade dos exames realizados, o Top 3 por distrito é liderado por Coimbra, seguido pelo Porto e Aveiro. Em 2020, Coimbra destronou, após quatro anos consecutivos, Viana do Castelo, e recuperou o primeiro lugar. Apesar disso, não deixa de ser notável a excelente progressão anual de Viana do Castelo, que ocupa a quarta posição nos últimos treze anos. Esta constatação levanta-nos algumas perguntas: existe algum trabalho de fundo a ser realizado em Viana do Castelo que teve como consequência esta progressão no ranking? Esse eventual trabalho pode ser replicado nos restantes distritos do país? O que podemos aprender de Viana do Castelo?

De notar que Lisboa encerra o Top 5, isto apesar de ter 10 escolas no Top 20.

Já sentiu a necessidade de aprofundar a análise dos rankings? Ou seja, gostava de fazer drill down à informação em análise e perceber o porquê de alguns dados? Gostava de ver os rankings através de ângulos distintos das diversas publicações? Disponibilizamos uma ferramenta que possibilita isso e muito mais. Pode fazer o ranking por ano, por intervalo de anos, pode verificar as tendências registadas, pode ordenar regiões, disciplinas, sexo, escola, curso, tipo de escola. Enfim, conhecer a realidade através de todas as variáveis disponibilizadas nos ficheiros da DGE.

Resumindo, faça o seu próprio ranking!

Caderno de Apontamentos é uma coluna que discute temas relacionados com a Educação, através de um autor convidado.